quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

AVIÕES DA AERONÁUTICA MILITAR - AVRO 500 "REPÚBLICA"

Aviões da AM - Avro 500 "República"

 
A 8 de Outubro de 1912, foi desembarcado em Lisboa um biplano Avro 500, baptizado "República", com um motor Gnome de 50 CV, aquirido em Inglaterra por 900 libras, por subscrição aberta pelo Partido Republicano Português. O avião foi recolhido num hangar provisório de lona e madeira, construído no Hipódromo de Belém, ao lado do do "Comércio do Porto", tendo a sua montagem sido feita pelo engenheiro H. V. Roe, sócio da casa construtora de Manchester e pelo mecânico Sayers. O aeroplano era um biplano tractor, isto é com hélice à frente, no qual a estabilidade é obtida por meio de torção das asas (gauchissement), com um trem de aterragem com duas rodas do tipo Nieuport e dispunha de dois lugares, um à frente e outro atrás. A velocidade de cruzeiro era de 98 kms/h, dispondo também de bom poder ascencional, segundo as indicações técnicas da casa A. V. Roe, cujas primeiras letras formavam o nome Avro. Do auto da entrega do avião, conclui-se que que o total dos donativos se cifrava em cerca de 14 mil escudos, e que com a compra do aparelho e despesas de embarque se dispendera apenas 5490$00, sendo o excedente depositado num Banco à ordem do nosso Exército. O montante atingido, é bastante significativo do carinho com que o País acolheu tão patrótica ideia, nessa época.

 
Foram efectuados 12 voos pelo piloto inglês Copland Perry: Dia 10 Outubro - 3 voos, dia 11 Outubro - 3 voos, dia 15 Outubro - 2 voos e dia 15 Outubro, dia da entrega oficial ao Governo - 2 voos: 1º voo de 15 m, sem passageiro com altitura máxima de 100 m e 2º voo com tenente de infantaria Florentino Martins, como delegado do Ministério da Guerra, com duração de 10 m. Depois deste voo foi o aeroplano República entregue ao Governo, Batalhão de Aerosteiros da Aeronautica Militar. No dia 17 de Outubro efectou 2 voos, sendo que o 2º voo teria sido o de maior duração efectuado sobre Lisboa e que terminou numa descida acidentada no Tejo. Segue-se a descrição do acidente segundo a revista do ACP: «Às 8h30 da manhã fez-se a largada, indo como passageiro João Calvet Marques da Costa. Algum vento no aeródromo. Travessia do Tejo até Alcochete (700 m), nova travessia sobre a cidade até Alcantara, d'aqui 3º travessia para Costa da Caparica e Trafaria. Em terra tinha-se entretanto levantado grande ventania. A mais de 400 m, quando o aeroplano voava sobre a barra, o motor começou a trabalhar mal, devido ao mau funcionamento de uma válvula; como as falhas continuassem, o piloto desceu em voo pairado de grande altura, caindo o aeroplano sobre o Tejo, a uns 50 m da praia de Pedrouços, em frente do paredão que fica ao lado da Torre de Belém. Ao bater na água, a hélice quebrou longitudinalmente até ao eixo. Os aviadores foram recolhidos em barcos e o aparelho rebocado para terra por meio de cabos, sem outras avarias. À tarde foi desmontado e transportado para o hangar. E assim terminou o último voo do Avro "República", que tinha durado 1h15m. Em seguida foi o aeroplano completamente desmontado e encaixotado, recolhendo a Inglaterra o engenheiro Roe e o piloto Perry e ficando apenas em Lisboa o mecânico Sayers. Não há noticia de ter voado novamente, tendo sido colocado em Vila Nova da Rainha.
(Crédito História da FAP de Edgar Cardoso e Revista do ACP) 
Notícia no jornal "A Capital" de 17 de Outubro de 1912.

 
Como relatado no livro "Avro Aircraft since 1908".
Fotos de protótipos e diagrama do Avro 500 tipo E, que foi construído por encomenda do War Office, baseado no Avro Duigan, tendo sido inicialmente designado "Biplano Militar 1". (Crédito Avro Aircraft since 1908).




Créditos: jfs -ex-ogma.blogspot.com

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