sábado, 30 de outubro de 2021

45º.ENCONTRO DOS ESPECIALISTAS DO AB4


Com os melhores cumprimentos e saudações aeronáuticas

José Viegas Gonçalves

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quinta-feira, 14 de outubro de 2021

O ALOUETTE III DA SAAF



O Alouette III serviu durante 44 anos e voou mais de 346.000 horas ao serviço SAAF.
As entregas começaram em 1962.
Entre 1962 e o final dos anos 1970, o SAAF recebeu 118 destas aeronaves.
Em 1990, o SAAF tinha 70 helicópteros Alouette III em serviço ativo.
Foi oficialmente retirado do serviço, em 30 de junho de 2006 na Base Aérea de Zwartkop.
O primeiro uso de helicópteros Alouette III em Angola começou com a cooperação entre a FAP e o SAAF em 1965.
Esta cooperação surgiu como resultado de uma longa carta escrita em Agosto de 1963 pelo primeiro-ministro português, António de Oliveira Salazar, ao primeiro-ministro sul-africano, HF Verwoerd, devido ao facto de ambas as nações sentirem que estavam sozinhas na defesa da África e da civilização ocidental.
Em novembro de 1963, a África do Sul designou um oficial militar o Brigadeiro Willem van der Waals como seu Vice-Cônsul em Luanda para reforçar esta relação.
O Allouete III tornou-se a ferramenta básica da contrainsurgência em Angola.
Em 1965, no leste de Angola, começam a desenvolver-se as movimentações dos insurgentes cujas atividades visavam tanto a África do Sul como Portugal.
Esta ameaça uniu ambos os países.
Para contrariar os insurgentes a África do Sul começa então a disponibilizar helicópteros Alouette a Portugal.
Estes seriam utilizados como transporte de tropas, operados por pilotos sul-africanos e voados sem marcas nacionais de qualquer tipo.
Estes helicópteros seriam equipados pela África do Sul com munições e outros materiais julgados necessários para a luta contra os terroristas.
O pessoal da Força Aérea Sul-Africana também usava uniformes portugueses quando operavam em Angola.
Naquela fase, a África do Sul pode dispensar 10 Alouette III com as suas equipas para operar em Angola a partir dos aeródromos em Neriquinha e Cuito Cuanavale.
Neriquinha tinha uma pista de 2.250 mts por 32 mts, enquanto Cuito Cuanavale tinha uma pista asfáltica de 2.533 mts por 33 mts.
Isso permitiu que os aviões SAAF C130 utilizassem essas pistas.
Em fevereiro de 1968, a África do Sul concordou em apoiar Portugal com 8 Allouete III e 4 Cessna 185's, com sede em Rundu e voados por pilotos sul-africanos.
Este auxílio e as operações combinadas que se seguiram dos aeródromos angolanos visavam não apenas perturbar as colunas SWAPO a tentar penetrar no sudoeste da África, mas também permitir que as aeronaves SAAF ganhassem experiência de combate.
O primeiro voo operacional da SAAF para Angola foi lançado a 16 de abril de 1968 a partir de Rundu, realizado pelo 2º. Tenente Pieter Wilkins.
Em Setembro de 1969, a SAAF recebeu o primeiro Alouette III Gunship (canhão) em Rundu para apoio aos combates em Angola.
Inicialmente, estes helicópteros foram usados num papel defensivo apenas operando como transporte de tropas, Alouette III transportadores de cinco soldados portugueses de combate.
Os Gunship estavam armados com um canhão sul-africano 20 mm GA 1 de tiro rápido.
Poderia disparar munição Incêndio Explosivo, munição Incendiário Explosivo com Tracer, Piercing Semi Blindagem alta Explosivo Incêndio e Prático, a disparar para fora do lado da porta do Alouette III.
Este canhão disparava munições 20x82mm.
Este sistema teve as suas origens na arma de aeronave MG 151 desenvolvida pelos alemães, originalmente desenvolvida como uma arma de 15 mm, mas devido a problemas experimentados, foi posteriormente aumentada para 20 mm.
O canhão de 20 mm GA1 disparava 700 balas por minuto.
Podia ser disparado manualmente ou eletricamente e a caixa de munições podia ser anexada ao lado esquerdo ou direito do canhão.


Alouette III especificações:
Tripulação 2 ou 5 passageiros.
Comprimento 10,03 m.
Altura 3 m.
Peso vazio 1,143 kg.
Peso bruto 2,200 kg.
Motor 1 x Turbomecca Artouste 111 B turboshaft com 870 cv de 570 cv.
Diâmetro principal do rotor 11,02 m.
Velocidade máxima 210 kmh.
Velocidade de cruzeiro 185 kmh.
Raio de acção de 540 km.
Teto de serviço 3,200 m.
Taxa de subida de 4,3 m por segundo.
Por:

Chris Hougaard em https://www.facebook.com/groups/SAAF01

OS VENTOS



Esta belíssima fotografia (autor desconhecido) mostra o Aeroporto do Funchal pouco depois da sua inauguração em 1964.
A pista de 1600 metros de extensão estava desenhada numa espécie de "mesa de ping pong" que começava e acabava num precipício. Não havia margem para erro.
Mais luzes menos luzes, mais sinais menos sinais, assim se manteve até à década de 90, altura em que foi aumentada para o comprimento que tem hoje.
Apesar de todas as evoluções ocorridas desde 1964 a pista do Aeroporto do Funchal (hoje Cristiano Ronaldo) continua a fechar ao tráfego quando os ventos excedem determinados valores em direcção e intensidade. Esses limites foram estabelecidos em 1964 depois de testes realizados com um Dakota DC3 da Direcção Geral de Aeronáutica Civil. Um belo avião, sem dúvida, só que produzido durante a II Guerra Mundial e por isso já muito antiquado à data da inauguração do aeroporto. Era o que havia na altura mas não pode servir de referência para os dias de hoje.
Dada a enorme evolução por que passaram os aviões comerciais desde então, penso que estes limites já não fazem sentido. Tal como acontece em quase todas as pistas do mundo, deverá competir aos pilotos decidirem se têm ou não condições para aterrar ou descolar. É para isso que são pagos e treinados.
Fiz centenas de aterragens bem sucedidas na Madeira mas também falhei algumas (que atire a primeira pedra aquele que nunca "borregou"...); no entanto, não me lembro de ter falhado alguma por excesso de vento. Pelo contrário, foi com ventos calmos ou quase que fui forçado a dar mais uma voltinha. É nessas circunstâncias que por vezes ocorrem surpresas (o célebre "pontapé no rabo" que nos atira para longe do alvo...) mas para isso não há limites estabelecidos. Não há nem pode haver.
Também não faz sentido considerar o aeroporto do Funchal como "um dos mais perigosos do mundo". Pura lenda. Não é, nem pouco mais ou menos. Tem características próprias e obriga a um treino especial, mas talvez por isso mesmo acabe por se tornar mais seguro que a maioria.
Em quase 60 anos de operação intensa ocorreu apenas um acidente grave, infelizmente com um Boeing 727-200 da TAP. Estou em crer que se na altura houvesse vento moderado a forte na pista 24 a tragédia não teria acontecido.
Meses depois um Caravelle da Suiça entrou pelo mar dentro, mas esse nada teve a ver com o aeroporto.
Para terminar falta apenas dizer que nunca conheci um único piloto que não gostasse de operar na Madeira. Era das poucas oportunidades que tínhamos para pilotar à moda antiga e ninguém se fazia rogado.
Tenho saudades.
Artigo de "O Aviador", Comt. José Correia Guedes

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

A PSICO


A Acção Psicológica destina-se a influenciar as atitudes e o comportamento dos indivíduos. Na guerra subversiva é utilizada para obter o apoio da população, desmoralizar e captar o inimigo e fortalecer o moral das próprias forças, assumindo três aspectos diferentes, embora intimamente relacionados:

- acção psicológica
- acção social psicossocial
- acção de presença.



Quer as forças portuguesas, quer os movimentos de libertação usaram intensamente a acção psicológica como arma, integrando-a na panóplia de meios disponíveis para a conquista dos seus objectivos, dentro da ideia que as «palavras são os canhões do século XX» e que, como se ensinava aos futuros chefes da guerrilha na escola de estado-maior da China, na guerra revolucionária «deve atacar-se com 70 por cento de propaganda e 30 por cento de esforço militar».
A acção psicológica exercida sobre a população, o inimigo e as próprias forças foi conduzida através da propaganda, da contrapropaganda e da informação, de acordo com as finalidades de cada uma destas áreas: a primeira, pretendendo impor à opinião pública certas ideias e doutrinas; a segunda, tendo como finalidade neutralizar a propaganda adversa; por último, a informação, fornecendo bases para alicerçar opiniões. Mas, para serem eficazes, os meios de condicionamento psicológico necessitam de encontrar ambiente favorável.


Quanto às populações, procurou-se criar esse ambiente propício com a acção social, que visava a elevação do seu nível de vida, para as cativar, «conquistando-lhes os corações» e originando condições mais receptivas à acção psicológica. Esta acção foi desenvolvida sob a forma de assistência sanitária, religiosa, educativa e económica.
Da conjunção da acção psicológica com a acção social surgiu a acção psicossocial, que foi designada por Apsic ou simplesmente por Psico.
Relativamente ao adversário, a acção psicológica das forças portuguesas procurou isolar os guerrilheiros das populações, desmoralizá-los e conduzi-los ao descrédito quer na sua acção, quer na dos seus chefes. Para o efeito utilizaram-se panfletos e cartazes lançados de aviões ou colocados nos trilhos de acesso e nas povoações, emissões de rádio, propaganda sonora directamente a partir de meios aéreos, apelando à sua rendição e entrega às forças militares ou administrativas, garantindo-lhes bom tratamento e explicando-lhes que a participação na guerrilha constituía um logro.
Como toda a acção tem o seu reverso, os movimentos de libertação apelavam aos ideais de paz e de justiça, dirigindo a sua acção a grupos-alvo seleccionados: trabalhadores, intelectuais, estudantes, militares e mulheres, apresentando como ideias-chave a guerra injusta, o direito à independência e autodeterminação, o atraso económico provocado pelas despesas da guerra e os sacrifícios exigidos à juventude e suas famílias.
De forma geral, a oposição política ao regime completou a actividade dos movimentos de libertação através de acções de mentalização e propaganda, algumas espectaculares, como as que foram dirigidas contra instalações militares pela Acção Revolucionária Armada e as Brigadas Revolucionárias.
Para responder a esta actividade adversária, que pretendia «minar o aparelho militar por dentro e retirar-lhe a, vontade de combater», as Forças Armadas exerceram também esforço de acção psicológica sobre os seus elementos, cuja finalidade era manter e fortalecer o moral dos combatentes, procuravam conseguir esse fortalecimento transmitindo a crença na justiça da causa que se defendia e a fé na vitória. As acções destinadas a conseguir esses objectivos revestiam-se quase sempre, de carácter de exaltação patriótica, com o recurso a exemplos de heróis militares.