quinta-feira, 28 de julho de 2022

A SÉ CATEDRAL DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO - SÉ CATEDRAL DE HENRIQUE DE CARVALHO/SAURIMO



A Catedral de Nossa Senhora da Assunção (Sé Catedral de Nossa Senhora da Assunção também chamada Catedral de Saurimo), é o nome dado a um edifício religioso afiliado à Igreja Católica que está localizado na cidade de Saurimo na província da Lunda Sul no nordeste do país africano de Angola.
A estrutura atual foi construída entre 1958 e 1959 e recebeu a benção oficial apenas em 1961 quando Angola ainda era uma província ultramarina de Portugal.


A catedral segue o rito romano ou latino e é a igreja principal ou matriz da Arquidiocese Metropolitana de Saurimo (Archidioecesis Saurimoënsis), que foi criada como diocese pelo Papa Paulo VI em 1975 e foi elevada ao seu status atual em 2011 através da bula "Quandoquidem accepimus" do Papa Bento XVI.

Enquadramento Histórico e Urbanismo

Saurimo era, na última fase colonial, a capital do distrito da Lundatendo sido elevada à categoria de cidade no fim dos anos 50 do século XX. 
Em 1923, o governador‐geral Norton de Matos alterou o nome da cidade para Henrique de Carvalho, em homenagem ao militar que, no final do século XIX, foi encarregado de uma missão junto do imperador da Lunda, para obter conhecimento das populações do interior e das condições físicas do sítio. 
Concluído o seu trabalho, Henrique de Carvalho propôs a criação do distrito da Lunda, tendo ocupado o lugar de primeiro governador do jovem distrito em 1895.
A cidade beneficiou da localização geográfica, ligada à estrutura viária inter‐regional, com uma posição geoestratégica dentro do distrito da Lunda. Assim desempenhou o seu papel de centro de comércio, quer pelo facto de estar na rota de Luanda, Malange, Portugália e Dundo (sede da Diamang), quer por se localizar junto à ligação ao Luso. 
Com uma ocupação recente, já no século XX, a cidade surgiu num planalto, estruturada em quadrícula, com os edifícios oficiais e públicos sempre isolados, ganhando destaque, quer na sua relação com a morfologia do espaço público, quer pelo carácter do seu desenho.



Em agosto de 1973, foi apresentado um Plano de Zonas de Ocupação Imediata, do arquiteto Adérito de Barros, que veio enfatizar os princípios urbanos já absorvidos anteriormente, trazendo no entanto algumas novidades, como o estabelecimento de zonas de expansão e as suas vocações, a criação de novas zonas residenciais para populações economicamente menos estabilizadas, a reorganização da estrutura viária e a criação de novos acessos, especialmente com a consolidação de grandes rotundas (pre‐existentes) que, de forma monumental, conferiam uma nova escala à cidade.


Monumentos e Estatuária Frente ao Palácio do Governo, foi implantada, antes de 1963, a estátua a Henrique Dias de Carvalho, que no final do século XIX explorou a região e foi o primeiro governador da província da Lunda, a nova criação administrativa por ele proposta.


Texto By hpip.org 
José Manuel Fernandes 
Maria Manuela Fonte

quinta-feira, 14 de julho de 2022

E DEPOIS...CUNENE !



Percorri centenas de quilómetros numa carrinha, sobre estradas escaldantes que se estiram através de florestas inóspitas ou de planuras selváticas, cobertas de capim, para chegar ao Forte-Roçadas.
Este povoado encontra-se a sul da província de Huila, uma das cinco em que se divide a vasta Angola.
Banhado pela margem esquerda do rio Cunene, o seu nome fala-nos do excelente militar Alves Roçadas que em 1907, tendo o comando de dois mil homens, derrotou os povos guerreiros de Além-Cunene…
É um povoado distante, erguido no cimo de um outeiro…

Calquei pela primeira vez o seu solo ardente, numa noite fantástica de escuridão, em que o brilho das estrelas tinha reflexos angustiosos. Levava o coração oprimido por certo temor, pois de alguns citadinos pessimistas, eu tinha ouvido as piores informações a respeito do Forte-Roçadas, tanto pelo seu clima insalubre como pela imensa variedade de animais selvagens que circundavam a sua vizinhança. Talvez por isso, apoderou-se de mim uma intensa emoção naquela hora.
Após ter atravessado o rio Cunene, numa jangada que pretos vigorosos conduziam, subi a uma pequena encosta.
E sob o negrume da noite eu apenas distinguia o lugar onde pisava. O mais, eram sombras e mistério…
De longe chegavam até mim gritos estranhos acompanhados de um tan-tan dolente - Era a sinfonia do batuque! Já tinha ouvido tais sons em outras latitudes, mas aqui, ao ouvi-lo, surgiu na minha mente uma visão trágica desta África misteriosa que eu tanto gostava e que que me pareceu quase desconhecida, apesar de tantos anos por lá vividos, tanto em Moçambique (aqui menino e moço) como em Angola, já como militar.
E tive algum receio.
Já lá vão alguns anos após aquela noite, e hoje passado tanto tempo, reconheço como eram exagerados os meus medos que se fundamentavam em perigos duvidosos e fantasiados. Na verdade, nós muitas vezes fazemos uma má impressão desses povoados longe do bulício das cidades, perdidos no isolamento da selva do Continente Negro.
E, contudo, lá vive-se bem. Tudo é tão simples, tudo é tão natural. Existem, é certo, as doenças tropicais, mas a assistência médica até não era má e com bastantes elementos preventivos para as combater. E se pensarmos um pouco, concordamos que não é só nos lugares mais recônditos de África que há doenças malignas. Elas existem em todo o mundo.
Quanto aos animais ferozes, não vi neles grande perigo a que muita gente se referia. As feras só quando estão feridas ou, em casos muito excepcionais quando têm fome, pois de contrário fogem do homem, como algumas vezes tive a ocasião de verificar. Se assim não fosse o que seria desses negros que ainda hoje caminham quase meio despidos, durante quilómetros e quilómetros por caminhos sinuosos através da selva.
Forte Roçadas
A principio experimentei uma profunda saudade do meu Portugal distante, mas também conhecia a Lunda, no Leste de Angola,onde cumpria o serviço militar como Especialista da FAP e acabei de sentir-me feliz naquela terra ardente!
Naquela solidão imensa interrompida só pelo vento da floresta e o ribombar dos trovões e o som inexplicável dos silêncios da noite, havia uma magia que nos prende e nos obriga a gostar desta misteriosa África.
Os dias ali iam decorriam calmos, (poucos) pondo em êxtase contemplativo os temperamentos românticos e sonhadores dos nossos poucos ainda anos.
Realmente o Forte Roçadas oferecia-nos panoramas lindíssimos. Muitas vezes ao pôr do Sol eu fui colocar-me num dos pontos mais elevados, experimentando a grandiosidade da paisagem. Lá para baixo para as bandas do poente, longos espaços cobertos de capim, substituídos em alguns pontos por bosques limitado. Onde predominava o embondeiro, essa árvore gigantesca que é como que a sentinela do sul.
E as horas decorriam serenamente…
O Sol, qual enorme globo de fogo movia-se com grande velocidade e à medida que se aproximava da linha do horizonte aumentava de diâmetro, espalhando colorações que iam do vermelho e amarelo ao roxo esbatido.


Que quadro maravilhoso…

Por: Aníbal Oliveira