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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A MINHA CARECADA "EXTRA"

2ª. de 1968 - 2ª. Secção 1ª. Esquadrilha
Estes últimos relatos das recrutas, nomeadamente "A carecada do Sérgio Teixeira", vieram-me avivar a memória sobre o assunto.
Como é sabido, aquando do início da recruta, um dos rituais era a passagem pela barbearia, para todos ficarem em igualdade capilar.
Recruta com o meu amigo Ricardo,
ele já aluno
A partir desta, era suposto não sermos sujeitos a mais, desde que, respeitando as normas (RDM), ou salvo algum desvario superior, muitas vezes utilizado apenas e só para inferiorizar a praça, ou apenas, pretensa demonstração de poder.
Mas vamos aos factos: A minha carecada "extra"!
Decorria o último dia da recruta 2ª.68. Depois de uma manhã de "preparação", o habitual regresso antes do almoço, ao 2º. piso da Esquadrilha.
Por qualquer razão, gerou-se confusão entre as várias camaratas do piso, com movimentação de travesseiros, baldes do lixo e outros utensílios disponíveis, utilizados como arremesso em autêntica batalha.
Escusado será dizer, que o local não ficou com grande apresentação.
E claro, esta insubordinação motivou por parte do comandante da recruta, Major McBryde, formatura na parada e o indagar dos responsáveis pelo "tumulto", sob a ameaça de toda a Esquadrilha ser castigada.
Como ninguém se "cortava", eis que salta da formatura um "bufo" (era um gajo moçambicano repetente da 1ª.68), que indigitou um grupo de 6 ou 7, no qual eu era incluído (!).
Resultado:  condução do grupo para a "casa da rata", onde nos foram servir o almoço e de tarde recebemos a visita do barbeiro para o respectivo aparo capilar.
Estava reposta a ordem e a disciplina, meia dúzia pagariam pelos "desacatos" cometidos por mais de uma centena!
O regresso ao normal !
A coisa entretanto, começava a ficar preta, analisando a ordem de clausura, os mais pessimistas já viam a possibilidade de a recruta estar perdida.
Depois de passarmos a noite, mal dormida, nos novos aposentos, o começo do dia do juramento - 30/8/68 - era de incerteza, mas, para nosso sossego, acabaram por nos ir buscar e levar à esquadrilha para fardar e conduzir á parada para o juramento de bandeira... ufa !!!
Safá-mo-nos !
Só que, trouxemos para a semaninha de férias um novo visual capilar. À época era um tanto constrangedor, hoje não seria tanto, dado ser moda.
Algumas semanas após, já no início da especialidade, já se notava algum retorno à normalidade capilar,


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

BA2 OTA - JURAMENTO DE BANDEIRA DA ER 3ª./70 E NOVOS PILOTOS DE HELICÓPTERO DO PH1/69

De braço erguido, os soldados recrutas repetem a fórmula do juramento

JURAMENTO DE BANDEIRA E ENTREGA DE DIPLOMAS
B.A. Nº. 2 – OTA – 18/DEZEMBRO/1970
Juramento de Bandeira da Escola de Recrutas 3/70




Na Base Aérea nº. 2 (Ota), realizou-se no dia 18 de Dezembro de 1970 o juramento de bandeira dos cursos de oficiais e sargentos e de soldados alunos recrutas especialistas.Presidiu à cerimónia o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea interino, general Almeida Viana, com a presença do Subchefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Dias Costa, e dos directores dos Serviços de Pessoal e de Instrução da Força Aérea, brigadeiros Braz de Oliveira e Diogo Neto, e outros oficiais. 
Depois de ter passado revista à guarda de honra, comandada pelo capitão Fausto da Cruz, o general Almeida Viana, acompanhado pelas individualidades presentes, dirigiu-se para a tribuna de honra.
A iniciar as cerimónias, usou da palavra o comandante da Unidade, coronel piloto aviador Jorge Manuel Brochado de Miranda, de cujas palavras arquivamos abaixo algumas passagens.
Em seguida, o alferes Ribeiro Santos dirigiu uma exortação aos soldados recrutas.
Procedeu-se depois ao acto solene do juramento de bandeira, a que se seguiu a entrega de prémios e diplomas. No final as forças em parada, sob o comando do tenente-coronel Vargas, desfilaram em continência perante a tribuna de honra.
As altas individualidades presentes em continência à Bandeira

Ao encerrar as cerimónias os soldados recrutas fizeram demonstrações de manejo de armas a pé firme e em marcha, a que se seguiram demonstrações de treino físico-militar e luta individual”.

ALOCUÇÃO PROFERIDA PELO COMANDANTE DA B.A.2 – CORONEL BROCHADO DE MIRANDA
“Perante nós temos também 301 soldados alunos que se encontram a meio de um curso de formação e 268 outros que já o completaram e vão dentro de instantes receber o respectivo diploma, consagração oficial e pública do seu êxito. Serão em breve lançados nas unidades da Força Aérea onde irão participar de forma mais ou menos activa e directa no esforço nacional de defesa da Pátria.   
Não é todavia por terem terminado um curso e recebido um diploma que estão preparados para tal. Defender a Pátria é algo mais do que repelir pela violência as agressões que contra ela se cometam. É também trabalhar sob todos os aspectos para a engrandecer e fortalecer. Todo aquele que se cultiva e adquire conhecimentos e experiência contribui para essa finalidade.
Há pois que continuar sem desfalecimentos ou limitações em trabalho de aperfeiçoamento permanente tendo sempre presente que, para o militar, tudo o que não for um êxito completo pode constituir um fracasso total.
Compete à BA2 a ingente tarefa de instruir, através de cursos de formação, de promoção ou de sub-especialização, a quase totalidade do pessoal técnico da Força Aérea, dos quadros permanente e não permanente, bem como a preparação final dos pilotos destinados às bases equipadas com aviões de caça.
Por decisão superior aproveita-se este dia para se proceder à distribuição de prémios relativos ao campeonato de tiro da Força Aérea, recentemente realizado, nas três modalidades de pistola de guerra, espingarda de guerra e tiro aos pratos.
A Base Aérea Nº.2 orgulha-se de ter alcançado uma classificação honrosa para o que aliás pertinazmente trabalhou.  
Distribuição de diplomas e prémios








A selecção que a representou nasceu de um aproveitamento final de valores que emergiram após o cumprimento de um programa de tiro anual, que depois receberam o treino suplementar adequado, e não do exclusivo chamamento de atiradores consagrados já do anterior conhecidos.” 

Pormenor da demonstração da luta corpo-a-corpo



ALOCUÇÃO PROFERIDA PELO ALFERES RIBEIRO DOS SANTOS

Da exortação patriótica proferida pelo alferes Ribeiro dos Santos, transcrevemos algumas passagens:
“Dentro de instantes e frente à gloriosa Bandeira, augusto símbolo da Pátria, dareis por realizado o primeiro passo para a meta que a vós próprios já jurastes atingir: honrar a Pátria que vos viu nascer e honrar a Força Aérea a que pertenceis, com a generosidade e a grandeza que emerge da vossa juventude e do facto de serdes Portugueses.
A vida não é tempo que passa, mas sim obra que fica. Como tal, tem que ter um conteúdo e ser realização tão perfeita quanto possível de um ideal.
Os valores em qualquer profissão erguem altivamente a cabeça para se ufanarem da sua actividade: um grande médico, um bom advogado, um juiz sabedor e íntegro, um engenheiro competente, um agricultor ou um industrial empreendedor, um perfeito militar revelam amor à carreira, denotam orgulho pela sua profissão.
A consciência de serdes um valor positivo, integrado na utilidade social de uma função, eis o que se espera de vós.
Valor, Lealdade e Patriotismo são virtudes de que não vos podeis alhear. 
Não estão connosco os que buscam uma vantagem em vez de um posto desinteressado de combate, os que não sentem em si nem dedicação para servir a Pátria nem disposição para sacrificar-se pelo bem comum.” 



BASE AÉREA Nº. 3 – NOVOS PILOTOS DE HELICÓPTERO



Na Base Aérea nº.3 (Tancos) efectuou-se no dia 15 de Janeiro de 1971 a entrega de “brevets” a 16 novos pilotos de helicópteros, do PH1/69.
Brigadeiro Diogo Neto e Com. da BA3     
Na sala de reuniões do Comando realizou-se uma sessão presidida pelo Director do Serviço de Instrução, brigadeiro Diogo Neto, ladeado pelos 1º e 2º. Comandantes da Unidade, tenentes-coronéis Gomes dos Santos e Orlando Amaral.
Abriu a sessão o comandante da BA3 que agradeceu a presença do Director do Serviço de Instrução e enalteceu o significado do dia para os novos pilotos.
Usou depois da palavra o Comandante da Esquadra 33, capitão Vellez Caldas que pronunciou uma patriótica exortação, terminando por afirmar estar certo de que os novos pilotos continuariam a demonstrar que a juventude portuguesa mantem intactas as qualidades que fizeram de Portugal um país orgulhoso da sua história e serenamente confiante no futuro.
Seguiu-se a cerimónia da colocação dos “brevets” ao peito dos novos pilotos, acto a que procederam os seus instrutores, como é já tradicional na Força Aérea.
A encerrar, o brigadeiro Diogo Neto dirigiu palavras de muito apreço aos novos pilotos, desejando que as suas acções no Ultramar fossem coroadas dos melhores êxitos.
O Comandante da BA3 


     VOO SEM REDE…
Alocução do Asp. Alf. Pil. Av. José Manuel Leite de Sá

José Manuel Leite Sá recebendo o brevet
“Torre de Tancos: Tenha atenção ao Hotel 9285, que prossegue com aluno em V.S.”.
“Nabo 85 descola”!
Mais leve que inicialmente, o helicóptero sobe à vertical e, em breve, não é mais que uma mancha, emoldurada de luzes, na noite escura.
Lá dentro, agarrado aos comandos, vai um aluno piloto. Na subida, sente que lhe falta qualquer coisa. Sim, aquele disco monocórdio que o instrutor lhe martelava aos ouvidos, deixou de se ouvir.
Agora, este silêncio pouco habitual fá-lo recordar-se desses conselhos: “Olhe a velocidade!...Olhe o pranchamento!...Meta passo!...Olhe para fora!...Concentre-se!      Descontraia-se!!!”.
Entretanto o voo vai prosseguindo, impecável, os instrumentos “colados”, o aluno quer demonstrar a si próprio que é capaz de manter os parâmetros de voo correctamente. O olhar, ora perscrutando a noite à procura de outros pontos luminosos em movimento, ora fixando os instrumentos e as luzes avisadoras: ele sabe que “há sempre uma emergência desconhecida que espera por si”, mas está completamente seguro, confia no aparelho e na instrução que lhe foi tão cuidadosamente ministrada.
Tem confiança, mas não alimenta excessos perniciosos, usa mas não abusa da sua proficiência na máquina.
Quando tinha o instrutor ao lado, e não respondia imediatamente a qualquer pergunta, pagava “ventoinhas”, agora, por qualquer hesitação pagará um tributo bem mais elevado!
Cada voo é o complemento de uma actividade solidária em que todos, sem discriminação de postos, desempenhando cabalmente as funções que lhe estão confiadas, contribuem para a segurança e bom rendimento da pilotagem.
A disciplina é a mola propulsora de todo este trabalho interdependente onde a capacidade de dirigir e a de obedecer se fundem para a consecução de um fim: a maior rentabilidade do trabalho comum.
E o aluno vai voando, concentrado na sua tarefa, sem esquecer que ele é também um elo dessa cadeia. Se alguma anomalia se verificar durante o voo, deve registá-la no livro, não vá o próximo utente da máquina sofrer algum percalço.
Estas cogitações não impedem contudo, que o voo vá seguindo com a mesma eficiência, mas, numa volta, a velocidade desce ligeiramente, e então, o subconsciente, pressuroso, faz ouvir o tal disco que o instrutor conseguiu gravar ao longo de cada voo: “Olhe a velocidade!...Olhe o pranchamneto !...”
Com suavidade e coordenação absoluta o aluno vai avançando cada vez mais, já sente o voo e, inebriado pelo espectáculo maravilhoso que lhe é dado contemplar, aquela sincronização de movimentos que patenteia em cada manobra, dão-lhe a impressão de ser uma peça, a peça que falta à máquina para voar sozinha!...
Já no final, acende o farol e fá-lo incidir no local de aterragem. Está prestes a tocar, actua com esmero. Lá ao fundo está um instrutor que diz: “aquele é o meu craque”!
E, quando o instrutor mostra confiança no aluno, este faz tudo para não desmerecer dela.
Agora, já depois de tudo desligado, faz a autocrítica do voo e sente-se satisfeito!
O teste aproxima-se e o Cap. Caldas não é nenhuma “pera-doce”. Mas ele está apto a enfrentar todas as situações e o teste não é meta final, é apenas uma barreira que se transpõe, nesta dura maratona que é o dia de um piloto! “

Notas: Recolha de informação na Revista “Mais Alto” nº. 141 – Janeiro 1971

Até breve                                                                                   
O amigo 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

BA2 OTA - JURAMENTO DE BANDEIRA DA ER 2ª./70


                       JURARAM BANDEIRA 412 SOLDADOS RECRUTAS
B.A. Nº. 2 – OTA – 02/AGOSTO/1970
Juramento de Bandeira da Escola de Recrutas 2/70

Na Base Aérea nº.2 (OTA) realizou-se no dia 02 de Agosto (1970) o juramento de Bandeira de 412 soldados recrutas especialistas. Presidiu à cerimónia o Subchefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Dias Costa. Presente também o Director do Serviço de Material, brigadeiro Sousa Oliveira e outros oficiais superiores.
Depois de ter passado revista à guarda de honra, comandada pelo capitão Sengo, o general Dias Costa, acompanhado pelas individualidades presentes, dirigiu-se para a tribuna de honra.
A iniciar as cerimónias, usou da palavra o comandante da Unidade, coronel Brochado de Miranda.
Em seguida, o alferes António José Monteiro Valente dirigiu uma exortação aos soldados alunos recrutas.
Procedeu-se, em seguida, ao acto solene do juramento perante a Bandeira.
Um aspecto da demonstração de manejo de arma a pé firme
Antes da entrega de prémios aos soldados alunos que mais se distinguiram durante a recruta, foram entregues diplomas a quatro oficiais pilotos aviadores que terminaram o curso de instrução complementar de pilotagem de aviões de caça, a 69 soldados cadetes que completaram cursos de formação de oficiais milicianos técnicos de abastecimentos e do serviço geral e a 301 soldados alunos que completaram cursos de formação de operadores ou de mecânicos de várias especialidades.
Seguiu-se o desfile das forças em parada, num total de 1.300 homens, comandados pelo tenente-coronel Raul Tomás, tendo como comandantes do Grupo de Instrução o major Noronha Botelho e da Escola de Recrutas o major Calheiros.
Findo o desfile fizeram-se demonstrações de manejo de armas a pé firme e em marcha, terminando as cerimónias com demonstrações de treino físico-militar e luta individual de aplicação militar”.

ALOCUÇÃO PROFERIDA PELO COMANDANTE DA B.A.2 – CORONEL BROCHADO DE MIRANDA

Coronel Brochado de Miranda
Tem a Base Aérea nº.2 merecido um apoio generoso no estímulo que sempre nos traz a presença, em cerimónias como a que acaba de iniciar-se, que tem vindo a decorrer três vezes em cada ano, dos mais autorizados expoentes da Força Aérea. E uma vez mais é meu privilégio saudar V. Exªs e apresentar-lhes cumprimentos de boas-vindas e ainda revelar a importância dessa presença no testemunho do Juramento que dentro de momentos se realizará. 
As palavras graves e solenes que lhe dão forma, plenas de significado, brotarão certamente com maior vibração, dignidade e emoção, calando mais profundamente no coração de quem as profere.
É bem sabido, mas não me parece inoportuno repetir, que nada é mais estimulante que o sentirmos que os chefes são sensíveis ao trabalho que produzimos e descem até nós para o apreciar. Podemos não ouvir palavras de apreço. É a sua presença o que sobretudo nos conforta.
Os Oficiais, Sargentos e Cabos responsáveis pela instrução dos soldados que farão esse Juramento e todos aqueles que nela intervieram de alguma forma, ficam recompensados pelo esforço dispendido que ultrapassou de muito o que vulgarmente é considerado como o normal cumprimento do dever.
Perante Vª. Exªs, formados em parada, estão 1.273 homens.
Prestam Juramento de fidelidade, subordinação e obediência à Pátria, à Lei e aos Chefes 412 soldados recrutas que terminaram um período intensivo de treino básico militar.
Foram submetidos a duras provas em que se procurou desenvolver a capacidade de resistência ao esforço físico, estimular a vontade para vencer dificuldades e despertar virtudes militares fundamentais.
Nesta parada irão executar alguns exercícios com que se pretende colorir a cerimónia e simultaneamente dar uma imagem do que foi parte da sua actividade durante 10 semanas de instrução.
Entrega de diplomas
O alinhamento das fileiras em marcha, o sincronismo do manejo de armas, o correcto uso do uniforme, o aprumo, etc, são manifestações de tradição militar que no conjunto constituem um veículo de motivação cujos resultados práticos são o desenvolvimento do espírito de corpo, a elevação do moral e a observância conscienciosa da disciplina. 
É com a maior alegria que hoje recebemos os seus mais próximos familiares e amigos. Será certamente com emoção e orgulho que dentro de momentos assistirão ao acto significativo em que adolescentes, com quem até agora se usou de complacência ao julgar um comportamento infantil ou atitude irresponsável, assumirão perante a Bandeira, com o nosso testemunho, um compromisso de homens responsáveis; em que jovens amantes da vida se comprometem publicamente a sacrificá-la se os interesses da Pátria assim o exigirem. 
Aproveita-se esta ocasião para se proceder à entrega de diplomas a quatro oficiais pilotos aviadores que terminaram o curso de instrução complementar de pilotagem de aviões de caça, a 69 soldados cadetes que completaram cursos de formação de oficiais milicianos técnicos de abastecimentos e do serviço geral e a 301 soldados alunos que completaram cursos de formação de operadores ou de mecânicos, de várias especialidades.
Vão agora ser distribuídos pelas unidades da Força Aérea na Metrópole e serão chamados dentro em breve a servir no Ultramar. 
Os conhecimentos que aqui adquiriram pouco mais são do que noções gerais e básicas para posterior aperfeiçoamento.
Um aspecto de luta corpo a corpo de aplicação militar
Sabendo-se que é na sua competência técnica e aprumo militar e moral que se apoia o sucesso das missões, de paz ou de guerra, para que lhes forem confiadas, não podem limitar-se a um indiferente cumprimento do dever mas sim colaborar com entusiasmo e combater a apatia, o desânimo e a descrença.
O sangue já derramado pelos que deram a vida pela Pátria exige de cada um a mais completa e incondicional dedicação e sacrifício.
Que deles se possa dizer o que Mouzinho de Albuquerque disse dos soldados do seu tempo: “essas poucas páginas consoladoras que há na História de Portugal contemporâneo escrevemo-las nós: os soldados, lá pelos sertões da África…Alguma coisa sofremos é certo; corremos perigos, passámos fomes e sedes…mas tudo suportámos de boa mente porque servíamos a Pátria e para outra coisa não anda neste mundo quem tem a honra de vestir uma farda”.

ALOCUÇÃO PROFERIDA PELO ALFERES ANTÓNIO JOSÉ MONTEIRO VALENTE

Alf. Antônio José M.Valente
Recrutas: 
O dia de hoje ficará, por certo, gravado para sempre na vossa memória, porquanto, dentro de poucos momentos, os vossos lábios irão pronunciar o sagrado Juramento que decisivamente unirá os vossos destinos ao da sagrada causa da Pátria; com ele, deixareis de pertencer exclusivamente à limitada família a que até agora tendes exclusivamente pertencido, e passareis a fazer parte também desta grande e valorosa Família, que são as Forças Armadas, devotadas desde sempre à defesa, ao progresso, ao bem-estar, e à tranquilidade da Nação. 
E quando vos alistastes como voluntários nas Forças Armadas, conseguistes um privilégio e uma honra que muitos acalentariam: servir na Força Aérea, onde tereis a melhor oportunidade de pôr o vosso esforço, a vossa inteligência, e os vossos conhecimentos ao serviço da Nação. 
Iniciastes há pouco na instrução de recrutas a vossa preparação militar, que hoje terminais; dentro de dias, iniciareis a segunda fase da vossa instrução, já mais técnica e complexa, e, não muitos meses volvidos, sereis considerados aptos, para, nas diversas Unidades da Força Aérea, quer da Metrópole, quer do Ultramar, para onde sereis nomeados, desempenhar as missões de que vos incumbirem, e pôr em prática os conhecimentos que aqui vos foram ministrados. Mais tarde, alguns anos volvidos, chegará a vez da rendição, e deixareis de ser militares; no entanto, a Nação espera que vós, como civis, a continueis a servir dentro dos mesmos princípios de dedicação, lealdade, e desinteresse, que aqui vos ensinamos. 
A Nação necessita, que vós sejais sempre elementos válidos e activos quer na sua defesa, quer no seu progresso; ela espera assim, que não seja em vão o vosso juramento, mas sim que saibais sempre ser fiéis cumpridores das palavras que, dentro de momentos, de braço estendido para a Bandeira, que é seu símbolo, ireis pronunciar. 
Ireis jurar defendê-la, numa altura em que, talvez como nunca na sua história, ela necessita de ser defendida à custa do esforço, do trabalho, do sacrifício, e até mesmo do sangue dos seus filhos; ireis jurar defender os seus interesses, onde quer que eles sejam lesados, nos pântanos da Guiné, nas acidentadas matas de Angola, ou nos agrestes e secos planaltos de Moçambique.
Não será, provavelmente, de armas na mão, que vós a ireis defender; no entanto, a vossa missão não deixará de ser mais importante, porquanto, sem o produto do vosso trabalho e do vosso saber, essas armas não poderão ser utilizadas. 
Ireis ainda, jurar ser bons cidadãos, uma vez cumprido o vosso serviço militar; cidadãos cumpridores das leis que pautam as relações entre os seus filhos, cidadãos que com o seu trabalho virão a contribuir para o seu progresso e segurança. 
É tudo isto, recrutas, que implica o solene Juramento que em breve fareis. Que o saibais cumprir, e que, de vós, também um dia se possa dizer: “DITOSA A PÁTRIA QUE TAIS FILHOS TEM”.

Notas: Recolha de informação na Revista “Mais Alto” nº. 137 – Setembro 1970
           

Até breve, o amigo :                                                                                    


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

BA2 OTA - JURAMENTO DE BANDEIRA DA ER 1ª./70

Tribuna de honra com as individualidades presentes

JURARAM BANDEIRA 469 SOLDADOS RECRUTAS
B.A. Nº. 2 – OTA – 24/ABRIL/1970
Juramento de Bandeira da Escola de Recrutas 1/70


SEA entrega diplomas
“Na Base Aérea nº.2 (OTA) realizou-se no dia 24 de Abril (1970) o juramento de bandeira dos soldados cadetes do curso de oficiais milicianos pilotos aviadores 1/70, dos soldados do curso de sargentos milicianos 1/70 e dos soldados alunos recrutas especialistas 1/70.
Presidiu à cerimónia o Secretário de Estado da Aeronáutica, brigadeiro Pereira do Nascimento, com a presença do Director do Serviço de Instrução, brigadeiro Krus Abecassis, do Director do Serviço de Pessoal, brigadeiro Braz de Oliveira, do Director de Serviço de Saúde, brigadeiro Lemos de Meneses, e outros oficiais.
Depois de ter passado revista à guarda de honra, comandada pelo capitão Sengo, o Secretário de Estado da Aeronáutica, acompanhado pelas individualidades presentes, dirigiu-se para a tribuna de honra.
A iniciar as cerimónias, usou da palavra o comandante da Unidade, coronel piloto aviador Brochado de Miranda que pronunciou o discurso que adiante publicamos.
Em seguida, o aspirante miliciano Elídio Martinez Paramés Fortes dirigiu uma exortação aos soldados alunos recrutas.
Procedeu-se depois ao acto solene do juramento perante a bandeira. A fórmula do juramento foi lida pelo 2º. Comandante da Unidade, tenente-coronel piloto aviador Vargas de Matos, que comandava as forças em parada.
JURO !
Em seguida, o Secretário de Estado da Aeronáutica e os Directores dos Serviços de Instrução e de Pessoal procederam à entrega de diplomas e prémios aos soldados alunos que mais se distinguiram, após o que as forças em parada desfilaram em continência.
Seguiu-se a demonstração de manejo de arma a pé firme e em marcha dos soldados dos cursos de oficiais e sargentos milicianos sob as ordens do tenente Máximo, tendo, logo após, feito a mesma demonstração os soldados alunos recrutas, sob a orientação do major para-quedista Calheiros.
A terminar, os soldados alunos recrutas fizeram demonstrações de treino físico militar e de luta individual, e disputaram jogos de voleibol e basquetebol. 
O comandante da B.A.2, coronel Brochado de Miranda, pronunciando o seu discurso.
Realiza-se hoje mais uma cerimónia de Juramento de Bandeira, facto que, com ligeiras alterações, se vem a repetir de quatro em quatro meses.
Poderá pensar-se que por este motivo havemos caído em formalidades de rotina. Tal não acontece, porém. É nossa constante preocupação que cada uma se desenrole com a maior perfeição, dignidade e solenidade, de forma a criar o ambiente próprio para que os graves termos do Juramento sejam pronunciados e ouvidos com a necessária seriedade.
Senhor Secretário de Estado – A presença de Vª. Exª, que mais uma vez se digna presidir a uma cerimónia como esta, é para nós motivo de muita satisfação pois que, além de exaltar a sua mais solene expressão, mostra-nos um estimulante interesse pelas nossas actividades. Em meu nome e no de todo o pessoal desta Base Aérea eu dirijo a Vª. Exª. as mais efusivas saudações.
Saúdo igualmente os Exmos. Senhores Directores de Serviços e Comandantes de Unidades cuja presença interpretamos também como uma manifestação de apreço pelo trabalho aqui produzido, o que nos revigora a vontade de prosseguir contra todas as dificuldades e contrariedades, que não são poucas, nem pequenas.
Perante V. Exª., estão 1517 homens, 469 dos quais são soldados recrutas. Destes, 60 destinam-se a pilotos de aviões e helicópteros e os restantes às diversas especialidades de operadores e mecânicos.
Banda da FAP - Maestro Silvério de Campos
O dia de hoje é para eles uma confirmação de liberdade e de responsabilidade. Quando se alistaram voluntariamente, com o assentimento paterno, passaram a ser inteiramente responsáveis pelos seus actos. Em plena função dessa responsabilidade, vão, dentro de breves momentos, perante a Bandeira Nacional e de todos nós aqui presentes, comprometer-se a cumprir obrigações que os ligam à Pátria e às Instituições Militares.
Compete à Base Aérea nº. 2 a ingente tarefa de instruir, através de cursos de formação ou de promoção, a quase totalidade do pessoal técnico da FA, dos quadros permanente e não permanente, bem como a preparação final dos pilotos que se destinam às Bases equipadas com aviões de caça de reacção.
Como é sabido, e sempre oportuno repetir, uma boa instrução infere a presença de instrutores bem qualificados – sabedores, entusiastas e sinceros – bem como de instalações e equipamentos adequados.
Uma boa instrução significa maior rendimento do trabalho, maior segurança, maios eficiência operacional.
Uma má instrução é causa de erros, insegurança, perda de vidas, destruição de material, desperdício, baixo rendimento.
Exibição de voleibol e demonstração de boxe
 A situação neste sector é bem conhecida pelo que me dispenso de quaisquer considerações. Quero simplesmente afirmar o interesse e o esforço desenvolvido pelas Sub-Unidades directamente responsáveis pela instrução, de cuja obra esta cerimónia é um ténue reflexo, que se tem aplicado com total dedicação e até sacrifício, a tirar o melhor rendimento dos meios humanos e materiais postos à sua disposição para cumprir programas superiormente determinados.
Familiares dos mancebos assistindo á cerimónia
Vão receber o diploma de fim de curso 282 soldados-alunos que terminaram cursos de formação de várias especialidades. Brevemente serão distribuídos pelas unidades da FA, na Metrópole e no Ultramar. Após 11 meses de instrução irão pôr em prática alguma coisa do que aprenderam e que é a base do muito que ainda terão de aprender.
De facto, aos militares exigem-se aptidões para o desempenho das tarefas mais variadas: pede-se-lhes que empunhem armas, que sacrifiquem a sua vida se necessário, que defendam a autoridade constituída, que sejam um modelo de virtudes, que cultivem o espírito, o intelecto e o vigor físico.
Só será pois verdadeiramente um militar aquele que assumir uma atitude mental permanentemente orientada no sentido do aperfeiçoamento.
Por outro lado, mesmo o mais individualista não pode esquecer que agora faz parte de um todo.
À palavra “Unidade” que frequentemente se usa para designar o estabelecimento onde o militar presta serviço, não perdeu a sua verdadeira significação etimológica. Unidade é coesão, sinónimo de força. Sá há coesão, onde houver disciplina. 
Os assistentes mais novos.
É esta uma das virtudes fundamentais que o militar deve cultivar e a que, por vezes, por ignorância ou má intenção se atribui o significado menos dignificante de obediência cega e despersonalizante.
Ora disciplina não é tal.
“É aceitação da hierarquia e da autoridade sem ideia de submissão ou humilhação”.
“É reconhecimento espontâneo e consciente da autoridade dos chefes sem excluir a mútua união, estima, compreensão e respeito”.
“É obediência a uma regra de comportamento, comum aos que fazem parte de uma corporação”.
A disciplina não mata a personalidade mas harmoniza os homens coordenando-lhes os esforços. Um militar disciplinado cumpre as ordens e os deveres que lhes impõe os regulamentos, ou as circunstâncias de ocasião, por ponto de honra, não com receio de castigo.
Sobre a juventude presente nesta parada irá recair, na altura própria, parte do esforço que se desenvolve no Ultramar.
Devo salientar-lhe, todavia, que não é verdadeiramente militar só porque fez um juramento, por mais solene, ou veste uma farda, por mais esplendorosa.
É necessário que cumpra o Juramento, em qualquer circunstância.
É necessário que dentro de cada uniforme esteja um homem que o saiba dignificar: pelo saber, pelas atitudes e pelos sacrifícios.

Notas: Recolha de informação na Revista “Mais Alto” nº. 133 – Maio 1970

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