segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

BA2 OTA - JURAMENTO DE BANDEIRA DA ER 1ª./71





B.A. Nº. 2 – OTA – 30/ABRIL/1971
Juramento de Bandeira da Escola de Recrutas 1/71

Em 30 de Abril de 1971 realizou-se na Base Aérea nº. 2 a cerimónia do Juramento de Bandeira da Escola de Recrutas 1/71.
Individualidades presentes na tribuna
Presidiu o Secretário de Estado da Aeronáutica, brigadeiro Pereira do Nascimento. Presentes também o Chefe do Estado Maior da Força Aérea, general Tello Polleri; o subchefe do Estado Maior da Força Aérea, general Norton Brandão; o director do Serviço de Instrução, brigadeiro Diogo Neto; o chefe do Gabinete do Secretário de Estado da Aeronáutica, brigadeiro Alberto Bastos e outros oficiais.
Depois de prestadas as honras militares pela esquadra de Instruendos, as cerimónias iniciaram-se com o discurso proferido pelo comandante da Unidade, que noutro local transcrevemos. A proceder o acto do juramento o aspirante Avelar Pinho leu a alocução que reproduzimos adiante.
Seguiu-se a distribuição de prémios aos soldados alunos recrutas e de diplomas e prémios aos cursos de formação de soldados alunos de todas as especialidades que terminaram os respectivos cursos.
Depois da demonstração de manejo de arma a pé firme e em marcha, as forças em parada desfilaram sob o comando do tenente-coronel piloto aviador Silva Araújo.
A encerrar o programa houve demonstrações de luta individual.

DISCURSO PROFERIDO PELO COMANDANTE DA BA 2, CORONEL PILOTO AVIADOR JORGE MANUEL BROCHADO DE MIRANDA:
As paredes e amplos espaços que nos envolvem servem hoje uma vez mais de cenário ao cerimonial colorido e solene de um Juramento de Bandeira.
A Base Aérea Nº. 2 engalanou-se e os seus filhos ataviaram-se para participar num conjunto de formalidades cujo simbolismo é mais profundo do que deixa imaginar o ambiente alegre e afectuoso em que se desenrolam.
Mas pretende-se que assim seja.
Cor.PilAv. Brochado de Miranda
Uma festividade solene e ao mesmo tempo alegre e colorida para que fique bem gravada na memória de cada um dos soldado-recrutas que temos à nossa frente… Porque são eles a essência desta cerimónia.
Dentro de momentos, perante a Bandeira Nacional, ratificam publicamente o Juramento que prestaram quando voluntariamente se propuseram a servir na Força Aérea. Os braços direitos estendidos convergem para a Bandeira, a cuja sombra os nossos avós combateram e morreram, por séculos, para defender Portugal. Que foi o estímulo que instantaneamente levou os portugueses de ontem e de hoje a escreverem com sangue páginas gloriosas da nossa história. Que é aqui o símbolo e a imagem da Pátria, testemunha de um Juramento que jamais poderá ser quebrado.
Como sempre a Força Aérea concede uma atenção especial a esta cerimónia. Pela presença dos seus mais ilustres dignatários pode o soldado-recruta avaliar da importância que se dá ao seu Juramento e ainda observar o facto de que é já parte de um conjunto onde cada elemento, por menos graduado ou mais jovem, ocupa um lugar relevante e fundamental.
A sua Excelência o Secretário de Estado da Aeronáutica, que de novo se digna presidir a uma cerimónia como esta, ao Exmo. Sr. Chefe do Estado Maior da Força Aérea que pela primeira vez aqui se desloca depois de assumir as funções do cargo que recentemente foi investido, aos Exmos. Srs. Oficiais Generais, Directores de Serviço, Comandantes de Unidades e demais convidados oficiais dirijo as mais efusivas saudações e melhores cumprimentos, afirmo a nossa muita satisfação pela honra de os receber na Base Aérea Nº. 2 e destaco o estímulo que para todos representa o haver a oportunidade de apresentar alguma coisa, embora limitada no âmbito e no volume da nossa actividade dos últimos dias.
A V. Exas. minhas senhoras e meus senhores, que hoje temos o privilégio de acolher, agradecemos o calor afectuoso que trouxeram a esta cerimónia. Os vossos filhos, parentes ou amigos que para aqui vieram de livre vontade há poucos meses, certamente que se sentirão orgulhosos por, na vossa presença, assumirem um compromisso de homens responsáveis.
Sec. Estado Brig. Pereira do Nascimento
A transformação que sofreram neste curto espaço de tempo talvez não tenha sido ainda notada por vós. Nem mesmo eles, por certo, de tal se aperceberam. Saíram das vossas casas provavelmente receosos, tímidos, egoístas, irreverentes, individualistas. São hoje elementos activos e disciplinados de um conjunto, deixando transparecer nitidamente sentimentos vincados de solidariedade humana, terreno preparado onde cultivar as virtudes militares. 
Embora alguns, mais fracos, tenham cedo desistido, quiçá porque não encontraram a vida fácil que supuseram, outros em compensação revelaram magníficas qualidades e são já tidos como elementos valiosos, essenciais ao cumprimento das tarefas que incumbem à Força Aérea. Não esperem todavia comodidades que isso não é vida de militar. Quem à carreira das armas entregou os seus destinos poderá dizer-lhe, por experiência de muitos anos, que a vida do militar é feita de sacrifícios e de renúncias onde o interesse individual cede lugar ao da colectividade.
Chefe Estado Maior - Gen.Tello Polleri    
Após a consumação do acto mais expressivo desta cerimónia, proceder-se-á à entrega de diplomas a soldado-alunos que terminaram cursos de formação de várias especialidades e prémios àqueles que mais se distinguiram quer em actividades puramente militares, quer físicas, quer culturais.
São homens que assim completam a preparação básica para ingressarem nas diversas Unidades da Força Aérea. Ainda que não estejam plenamente aptos a desempenhar as funções inerentes à especialidade que escolheram ou a qeu foram destinados, pois terão que viver um período de estágio na própria Unidade onde forem colocados, o certo é que à sua preparação se concedeu o melhor do nosso esforço e saber, dentro das limitações que nos são impostas, bem conhecidas de todos e que portanto não vem a propósito salientar. É por isso que, embora insatisfeitos por não fazermos mais e melhor, reconhecemos com serena alegria que trabalhamos esforçadamente e a tranquilidade de consciência compensa-nos dos sacrifícios que suportamos.
Da dedicação de todos estes homens, da sua boa vontade, do seu espírito construtivo e empreendedor, dinâmico e entusiástico dependerá o êxito ou insucesso de muitas missões. A segurança de muitas vidas estará em suas mãos.
É isto forte motivo para os incentivar a que se não limitem a um indiferente cumprimento do dever mas que colaborem com entusiasmo e dedicação em todas as circunstâncias.
 A todos, incluindo as respectivas famílias, desejo as maiores venturas.

ALOCUÇÃO PROFERIDA PELO ASPIRANTE AVELAR PINHO:

Soldado aluno recruta: Hoje é o vosso dia de festa. Um dia de alegria. Em vós, e naqueles que aqui presentes vos acompanham, um sentimento comum.
Há poucos meses começou a vossa vida militar. Hoje se completa a fase inicial – a mais pequena e, talvez, a mais importante para uma consciencialização futura. As marchas, o treino físico, a iniciação na topografia, no armamento, no combate, na educação moral e cívica, etc. não pretenderam se não criar em vós as condições básicas para uma estruturação perfeita.  
Hoje podeis dizer que tudo o que a princípio se apresentou difícil se tornou fácil; podeis dizer mesmo que dum áspero isolamento nasceu pouco a pouco a mais reconfortante camaradagem, a mais harmoniosa disciplina.
O obrigado dos vossos chefes não chegaria para que ficasse bem expresso toda a vossa dedicação, todo o vosso empenho no cumprimento do dever.
Ides agora entrar, após merecidos dias de repouso, na fase de especialização. Atrás de vós um pré esboço duma obra que se espera promissora; à vossa frente, a Bandeira Nacional símbolo duma Pátria ciente da vossa inteligência, das vossas acções e, mais que tudo, companheira de bons e maus momentos.
E se dizemos que vos consideramos prontos a prosseguir e porque sentimos o vosso sentir e cremos, convosco, nos mesmos ideais de defesa, engrandecimento e glória de Pátria-Mãe, imortalizada nesse extraordinário pavilhão verde rubro que nos orientará no futuro assim como nos propõe um presente e nos engrandeceu num heroico passado.
Em cada um de vós a força da juventude crente dos seus desejos e das suas infinitas potencialidades. Uma juventude capaz de construir um futuro, esse que começa aqui. Mais do que nunca, cada um de vós deve sentir então a responsabilidade de se realizar como homem bem como militar. Que o vosso querer, após este juramento solene, não se deixe abalar frente às dificuldades que se vos apresentem, para que todo o fulgor edificado pelos nossos antepassados possa ter em vós os continuadores virtuosos que estarão aptos a fazer refulgir, mais ainda, a nobreza de Portugal.
Nada vos preocupe!
Quanto maior a responsabilidade, maior a honra de a vencer, maior a glória nas obras que, dia a dia, tereis de erguer.
Recrutas! Por serdes Portugueses e dignos militares duma Força Aérea rica de tradições, sois continuadores duma Pátria imortal com séculos de história brilhante, que os vossos antepassados escreveram e honrosamente vos legaram.
Olhai em frente – o futuro que vos comprometeste construir já floresce.
Que cada um colha nele, pelo menos, tanto quanto semeou.


Notas: Recolha de informação na Revista “Mais Alto” nº. 145 – Maio 1971
           


Até breve                                                                                   
O amigo