quinta-feira, 28 de junho de 2018

LUMBALA 1969.

Lumbala - foto de Carlos Antolin

Quando estive uma semana inteira a comer batatas cozidas com “farrapos” de atum, ou quando o Capitão Cóias quis bombardear a Zâmbia
Lumbala, leste de Angola, 16 de Junho de 1969
Numa operação nesta zona, chegados do Cazombo em 13 do mesmo mês, estacionaram na pista adjacente à unidade do Exército, uma companhia de Infantaria, três T-6, um DO-27 e um PV-2, os T-6 estavam entregues ao saudoso Vitor Montenegro, e o DO-27 estava a meu cargo, se bem que dividíamos o trabalho quando necessário, também um camarada MELEC o Vitor Ferreirinha e o Arnaldo Garrine MAEQ, os pilotos Capitão Joaquim Cóias e o Tenente João Andrade, os restantes não me recordo o nome deles, do PV-2 só me recordo do Cabo (chico) Agostinho MMA, que tinha um sério conflito com a água, e por isso durante a noite conseguiu expulsar a tripulação, quando descalçou as botas, e fez com que todos viessem dormir ao relento, devido ao cheiro.
Nós do DO-27 e dos T-6 tivemos que nos desenrascar, eu dormi dentro do DO e o
Eu com o meu amigo
Montenegro e os outros dormiram nas camaratas do exército. 

Juntamente connosco encontravam-se estacionados um ou dois pelotões de pára-quedistas.
Na companhia de Infantaria fazia serviço um furriel meu amigo com quem travei amizade quando ele formava batalhão no Regimento de Infantaria 1 na Amadora, de onde sou natural, e se preparava para embarcar para Angola. Por um grande lapso na minha memória não me recordo do nome desse meu amigo, talvez algum leitor deste texto o conheça, porque gostava de saber dele.
Os pobres militares da companhia de infantaria, já estavam há mais de uma semana a comer batatas com atum, ao almoço e ao jantar, porque não havia mais nada, aguardavam a chegada de uma coluna com abastecimentos, que não havia maneira de chegar. Entretanto nós da Força Aérea, que não éramos filhos de doutores, lá tivemos que alinhar no menu enquanto durou a operação.
Sentados: Garrine MAEQ, Montenegro MMA, Ferreirinha MELEC , de pé: eu MMA e o meu amigo furriel do exercito (mil perdões mas a minha memoria já não consegue reter nomes)

Entretanto, recebemos uma noticia que no destacamento desta companhia em Caripande, junto à fronteira com a Zâmbia, comandado por um alferes, informando que o referido alferes e um furriel, quando patrulhavam a linha da fronteira, a pretexto de serem chamados do outro lado da fronteira, por soldados zambianos, largaram as armas que levavam e ambos, o alferes e o furriel cruzam a linha da fronteira, ficando um cabo e um soldado no lado angolano a tomar conta do armamento, e quando chegam junto dos soldados zambianos, são imediatamente cercados e aprisionados. 
Horas depois o DO-27 pilotado pelo Ten. Andrade, transportando o Ten. Coronel comandante do batalhão, a que pertencia aquela companhia, dirige-se para Caripande, seguindo eu também como mecânico, a distância era pequena. Os militares portugueses dirigem-se para a linha da fronteira para conversações com os militares zambianos.
Entretanto, ouviram-se o ronronar característico dos motores de aviões, olhamos para o céu e vimos os T-6 carregados com bombas, rockets e metralhadoras bem visíveis, acto imediato vejo o Ten. Andrade a correr para o DO e ligar o rádio para comunicar com os T-6 a fim de mandá-los embora dali pois os zambianos já estavam a ficar nervosos. Assim se evitou um sério problema, pois o zambianos tinham mais tropa e equipamento que nós, inclusivé anti-aéreas, e nos ficaríamos a perder.
Entretanto os zambianos não restituíram os dois militares, que ficaram por lá até ao 25 de Abril. Segundo o “jornal da caserna”, os dois quiseram foi desertar, pois eram contra a guerra colonial.

Apesar da minha fraca memória lembro-me da data porque tenho os voos registados na minha caderneta de voo, se assim não fosse bem tramado estava para recordar tudo isto.
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quinta-feira, 21 de junho de 2018

O REGRESSO À BA4, 40 ANOS DEPOIS!


Há poucos anos (aí por 2014) fui à Terceira em passeio com a minha mulher e levei a caderneta militar para facilitar o que tinha na mente: voltar a visitar a sala da meteorologia que fica no edifício principal da parte portuguesa da base. 
E assim foi, apresentei-me na porta-de-armas, identifiquei-me e pedi se poderiam telefonar para o oficial português de serviço lá, que foi muito simpático e que deu licença para eu e a minha mulher podermos entrar na base. 
Fomos até ao edifício com o carro de aluguer que eu tinha. 

Que emoção, passados mais de 40 anos voltar quase à adolescência enfim, 24 anitos.
A sala estava quase na mesma, a diferença estava na evolução tecnológica.
No meu tempo as cartas de meteorologia (uns enormes "lençóis"), eram feitas "à unha" e demoravam perto de uma hora a completar, primeiro com a marcação na carta (um mapa que abrangia sobretudo o atlântico norte mais o lado oriental dos "states" e a Europa ocidental) das centenas de estações meteorológicas que enviavam informação (de terra e do mar, navios de todos os tipos) e por fim com o desenho das isóbaras, frentes frias e quentes. 
Pois....cartas meteorológicas em papel, nem vê-los, tudo computorizado, tudo automatizado, tudo muito impessoal.
E já nem o meteorologista americano de serviço lá estava, com os pés apoiados no estirador das cartas, e na mão, uma caneca de loiça cheia de uma aguadilha, a que chamavam café.

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quinta-feira, 14 de junho de 2018

EXERCÍCIO HIMBA - INÍCIO DA BA9

Exercício Himba, escala em S. Tomé

Os aviões participantes no "Exercício Himba" deixaram Lisboa na noite de 11 de Abril de 1959.
Escalaram o aeroporto de S. Tomé, e chegaram ao aeroporto civil de Luanda aos 19 de Abril.
As actividades em Angola incluíam ataques simulados pelos PV2, descarregando bombas de napalm sobre um alvo, seguindo-se bombardeamento com bombas GP de 110 lb, (50kg), e ataques a picar, disparando as metralhadoras M2 de .50 polegadas (12.7 mm) do nariz.
A demonstração não deixava de se relacionar com o possível emprego do poder aéreo em actividades anti-rebelião. Foi seguida por uma massiva largada de três pelotões de pára-quedistas, pelos C-47 e C-54, proporcionando uma demonstração inédita nos céus angolanos.
Similares demonstrações foram proporcionadas em outros aeródromos do norte e leste de Angola, antes que a missão retomasse à metrópole, em 1 de Maio.
Mais de um ano passaria antes que a FAP estabelecesse uma força permanente em Angola, devendo-se o relativo atraso à provisão de bases adequadas ao uso militar.
As primeiras destas bases seriam a BA9 de Luanda, nas imediações do aeroporto internacional Craveiro Lopes, e o AB3 (Aeródromo Base) em N'gage no norte do território.
Cerimónia da inauguração da BA9
Os trabalhos de terraplanagem e as obras de construção civil começaram em Outubro de 1960 na BA9 e em Fevereiro de 1961 no AB3, mas os aviões que viriam a ser usados começaram a chegar ao aeroporto de Luanda em 19 de Maio de 1960, pela aterragem do PV2 com número de série 4619. Este foi complementado, em devido tempo, por mais cinco (4603, 4620, 4621, 4623 e 4629) e mais um PV2D o (4607), este para proporcionar capacidade de transporte à subunidade que se viria a tornar a Esquadra 91 como um dos componentes do Grupo Operacional 901, sob o comando do Ten. Cor. Manuel Diogo Neto.
A Base Aérea n.9 tornou-se operacional em Maio de 1961, embora não fosse oficialmente inaugurada senão em 1 de Junho de 1962, e à Esquadra 91 juntou-se, no Gr.Op. 901, a Esquadra 92, que voava seis transportes Nord 2502A Noratlas equipados com turborreatores "Marboré" nas pontas das asas, para melhorar o desempenho à descolagem, em condições de temperatura e altitude.
O primeiro voo confirmado da Esquadra 92 em Angola seria executado, no dia 6 de Dezembro de 1960, entre Luanda, Portugália e Henrique Carvalho com retorno à BA9, pelo Nord 6405.

Extraído da Revista Mais Alto



quinta-feira, 7 de junho de 2018

11 DE JUNHO, O DIA DO AB4-AERÓDROMO BASE Nº.4 - HENRIQUE DE CARVALHO

O AB 4 em 1963
AERÓDROMO BASE N4 - Henrique de Carvalho  
Segundo a História da Força Aérea Portuguesa, de Edgar Cardoso.
O Aeródromo Base N.° 4 foi planeado como parte integrante da instalação da Força Aérea em Angola.
Em 1958 a missão que se deslocou àquela província seleccionou os locais em que, na primeira fase de instalação da 2.ª Região Aérea, a Força Aérea iria construir as suas infra-estruturas.
Surgiu, assim, a decisão de instalar em Henrique de Carvalho o AB N.° 4, com os seus aeródromos satélites do Cazombo e Camaxilo.
Nos anos que se seguiram foi planeada e executada a construção duma infra-estrutura que compreendia uma pista que era a maior da província.
Em 11 de Junho de 1963 chegam a Henrique de Carvalho os primeiros elementos da nova unidade, que se alojam em tendas de campanha e desde logo iniciam os trabalhos de instalação do AB N.° 4.
O AB4 em 1965

No planalto vão-se traçando arruamentos amplos e, dispersos ao longo dos mesmos, vão surgindo os primeiros edifícios definitivos. Nos últimos dois anos a construção do AB N.° 4 sofre um grande incremento terminado em 1967.
Os meios aéreos do AB N.° 4, inicialmente estacionados no Negage, foram sendo transferidos progressivamente para Henrique de Carvalho, o que possibilitou ao AB N.° 4 o cumprimento das missões que lhe eram atribuídas.

Portaria nº.19 009 de 5 de Fevereiro de 1962, publicada na 1ª. série do Diário do Governo e na Ordem da Aeronáutica nº.3, 1ª série.
Manda o Governo da República Portuguesa, pelos Ministros do Ultramar e Secretário de Estado da Aeronáutica, que se observe o seguinte:
1º. E constituído, na 2ª. região aérea e na dependência do respectivo comandante, o Aeródromo-Base nº.4, com a seguinte finalidade e localização:

Finalidade - Para enquadramento normal de unidades aéreas de combate e de ligação e observação.
Localização - Henrique de Carvalho

2º. Com base na unidade indicada no nº.1 podem ser criados os aeródromos de manobra que as circunstâncias aconselhem.Presidência do Conselho e Ministério do Ultramar,
5 de Fevereiro de 1062.
- O Ministro do Ultramar.
Adriano José Aires Moreira.
- O Secretário de Estado da Aeronáutica, Kaulza Oliveira de Arriaga.
Para ser publicada no Boletim Oficial de Angola.  A. Moreira.

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O Chefe do Estado Maior da Força Aérea, determina e manda publicar para conhecimento e execução o seguinte:
I  -  DESPACHOS E DETERMINAÇÕES
1º. - DIA DO COMANDO/UNIDADE
- Que se publicam os dias em que se comemora "O DIA DO COMANDO/UNIDADE, das Unidades e Comandos da Força Aérea:

(Transcrevemos apenas os da 2ª. Região Aérea)

AB3 - 7 de Fevereiro
BA9 - 1 de Junho
AB4 - 11 de Junho
BCP21 - 11 de Agosto
2ª.RA - 4 de Novembro