sexta-feira, 22 de maio de 2015

O AB 3 - NEGAGE


Súmula Histórica

A publicação não oficial deste pequeno resumo, de autor desconhecido e não datado, pretende tão só trazer à memória dos que foram chamados a servir Portugal no Aeródromo-Base Nº. 3, no Negage, alguns dos factos e acontecimentos mais marcantes, que caracterizaram os primeiros anos de vida daquela importante infra-estrutura da Força Aérea, em terras de Angola.

Embora se tenha consciência de que se trata de um texto simples e despretensioso, em certa medida sem o rigor que deve caracterizar os documentos de carácter histórico, considerou-se que a importância que lhe subjaz justifica trazê-lo à luz do dia, constituindo um testemunho fundamental para o conhecimento deste tema pelas gerações actuais e futuras.
Tendo em mente as razões referidas, procedeu-se com o maior cuidado – e respeitando sempre a riqueza descritiva do autor -, à necessária adaptação do texto, mormente, de algumas expressões que à distância de 50 anos e num contexto histórico bem diferente, faziam todo o sentido, mas que hoje, poderiam parecer excessivas.
Finalmente o desafio: Os que dispuserem de elementos julgados por úteis ao esclarecimento da história do AB 3 não devem hesitar em partilhar os seus testemunhos e experiências.
As gerações mais novas saberão agradecer!
Américo Vilarinho Alves MGen/Pilav 31MAI08
1967 - Foto de Eduardo Cruz
Na sequência de estudos levados a cabo pelo Estado-Maior da Força Aérea, a partir de 1957, deslocaram-se a Angola várias missões da Força Aérea com o objectivo de ali implantar algumas infra-estruturas aeronáuticas. Umas dessas missões, chefiada pelo Gen. Viana Tavares, dirigiu-se ao norte da Província, tendo procedido à observação detalhada da zona próxima da cidade de Carmona.
De regresso a Luanda, a fim de continuar os estudos relativos àquele assunto, foi aquela missão procurada por uma representação do Negage, indicando a existência de um local apropriado junto àquela Vila, e oferecendo total colaboração das suas gentes para a edificação de uma futura Base Aérea naquela região.
No seguimento daquela diligência, o General Viana Tavares sobrevoou a área, percorreu-a de viatura e concluiu que, de facto, o Negage reunia as condições requeridas. Estava escolhido o local da implantação do futuro Aeródromo Base Nº. 3 que veio a ter existência legal, através da publicação do DL 18029 de 31de Outubro de 1960.
Os trabalhos para a construção da pista do Negage começaram em meados de 1960, por uma equipa chefiada pelo Asp. Milº. Engº. de Aeródromos, Lousada Borges Pinto.
Quebrada a inércia, começara os movimentos de pessoal e material. Em princípios de Setembro de 1960 chegam ao porto de Luanda os primeiros aviões destinados ao AB3: quatro Austeres, logo reduzidos a três, por acidente durante a descarga de um deles.
Ten.Cor. Augusto Soares
de Moura e Esposa
Por portaria de 31de Dezembro de 1960 foi nomeado primeiro comandante do AB3, o então, Maj. PilAv Augusto Soares de Moura.
De acordo com as directivas do Chefe do Estado-Maior da 2ª. Região Aérea, Ten.Cor. Lopes Magro, o Ten.Cor. Soares de Moura, procede à transferência dos Austeres para o Aeroporto Craveiro Lopes, em Luanda, onde são montados pelos serviços da DTA.
Ao mesmo tempo, organiza a instrução e procede ao enquadramento do núcleo de pessoal que, entretanto, continuava a chegar.
Pouco depois, o Comandante da 2ª. Região Aérea, Brigadeiro Pinto Resende, ordena que o núcleo do AB3 se instalasse no Norte, o mais rápido possível. A arrancada tem lugar no dia 13Dezembro de 1960 em direcção à cidade de Carmona, dada a impossibilidade de utilizar ainda o Negage e as parcas condições do Toto, São Salvador e Maquela do Zombo.
Seguiram quatro Austeres, quatro pilotos (Ten.Cor. Soares Moura, Alf. Negrão, Saeg. Carvalhão e Sarg. Mesquita) e quatro mecânicos (Sarg. Rúbio, Sarg. Gusmão, Cabo Paiágua e Cabo Antunes). Por terra, em duas viaturas, seguiu o restante pessoal (Ten. SG Maia e os condutores Guerra e Fernandes) e material.
Logo no dia seguinte, perante a curiosidade das populações, iniciam-se os voos de
Auster, o primeiro avião
a operar no AB3
familiarização com a área. Cerca de uma semana mais tarde, ocorrem os distúrbios na Baixa do Cassange, e os aviões do AB3, dirigindo-se a esta área, colaboram com uma companhia de Caçadores Especiais sob o comando do Cap. Teles Grilo.
Poucos dias depois, com a situação já mais calma, os aviões regressam a Carmona,. Porém, esta segunda estadia seria também curta.
Em 4 de Fevereiro de 1961 chegam novas ordens: “Destacar para Malange, na manhã de 6 de Fevereiro todos os aviões disponíveis a fim de realizar missões de ligação em proveito das autoridades administrativas e das forças terrestres estacionadas na área” e “levar a efeito missões e esclarecimento às colunas em marcha”.
Seguiram dois Austeres em 6 de Fevereiro e outros dois em 8 de Fevereiro pois, dado existirem já aproximadamente 1000 metros de terreno bem compactado, na berma da futura pista, fora decidido mandar o núcleo instalado em Carmona para o Negage, marcando-se a “inauguração” para o dia 7 de Fevereiro de 1961.
Nessa manhã. Dois Austeres pilotados pelo Ten.Cor. Soares de Moura e Alf. Corte Real Negrão, pousam pela primeira vez em terras do Negage, logo seguidos por um Nord comandado pelo Maj. Krug que trazia a bordo vários convidados e o CEM da 2ª. Região Aérea em representação do Comandante, que decidira ficar em Luanda, devido aos distúrbios que aí se haviam verificado em 3 e 4 de Fevereiro de 1961.
A inauguração foi celebrada com um almoço no Grande Hotel do Negage, estando presente o Governador do Distrito e muitas outras autoridades distritais e concelhias. A partir daqui, o dia 7 de Fevereiro passaria a ser o “DIA DA UNIDADE”.
1962, chegada de PAs
O AB3 inicia, assim, a sua vida no Negage. Alugam-se casas e barracões para instalar pessoal e serviços. Entretanto, chegam elementos de comunicações e outras especialidades, como foi o caso de 20 homens da Polícia Aérea comandados pelo Alf. Mil. Bettencurt. 
O “centro de comunicações” instala-se na cozinha duma casa, enquanto o Comandante, pomposamente, utiliza a casa de jantar como gabinete.
Em 2Março, os aviões regressam de Malange, sendo um dos pilotos o Alf. Pil. Costa Anjos, que havia sido enviado como reforço.
Acabara a chamada “Guerra do algodão” e os aviões do AB3 haviam cumprido variadíssimas missões, num total de 196 e 25 minutos de voo.
Pilotos e mecânicos recebem os primeiros elogios e citações pelo espírito de sacrifício e sentido do dever demonstrado, passando aliás a ser apanágio da nova unidade.
Enquanto o pessoal de terra ia sendo reforçado com a chegada de novos elementos, os pilotos prosseguiam os seus voos de familiarização por todo o Congo Português.
Chega a fatídico dia 15 de Março de 1961. Embora surpresos e confusos com as alarmantes e contraditórias notícias que chegavam de toda a parte, as tripulações do AB3, a bordo das suas aeronaves vigiam do ar os acontecimentos, na ânsia de perceber o que se passa. “…descolei em direcção ao Quitexe, a poucos quilómetros. Sobrevoei a área. Cheguei perto de Zalala, mas demorei sobretudo no Quitexe.
Não compreendia bem o que se passava, mas via muitas sanzalas a arder, uma fila de carros, camionetas e carrinhas no centro da povoação e a população a olhar para o avião, com as espingardas a tiracolo, ou simplesmente encostados às viaturas…”.
No dia seguinte, um DC–3 da DTA aterra no Negage, larga uma multidão de passageiros, na maioria mulheres e crianças e descola de seguida com um “até já”. Algum tempo depois, regressa com igual número e género de passageiros.
Nord evacuando civis para Luanda
Mais tarde aparece o Nord que vinha buscar o pessoal para Luanda. Estava montada a linha de evacuação da população civil. A maioria da população evoluída do Norte de Angola afluía ao Negage de avião (DTA, Aeroclubes e Austeres da FAP), de viatura e, até, a pé, para daí seguir de Nord e DC-3 da DTA, para Luanda.
O pessoal do AB3 não parava, tinha que receber, consolar e, principalmente, disciplinar as multidões descontroladas. Davam-se cenas chocantes de reencontro e separação, de egoísmo e altruísmo, de abnegação e desumanidade ou desespero, numa amálgama irreal e indescritível. A Cruz Vermelha e a Administração assistiam como podiam às massas que em número cada vez maior afluíam à pista do Negage.
Não havia instalações ou abrigos. Tudo se processava sob chuvas torrenciais que transformavam o terreno num autêntico lodaçal. Entretanto os Austeres andavam por toda a parte, levando munições e alimentos e trazendo mulheres e crianças, doentes ou feridas, assim como informações preciosas para as colunas de socorro que aos poucos se iam formando. Enquanto as obras da futura Base progrediam dia a dia, faziam-se face às necessidades imediatas.
Assim, improvisou-se um estacionamento para aviões, montaram-se tendas, e iniciou-se a construção de um barracão com madeira e chapa de zinco que, com os tempos, foi sendo alargado, chegando a ter um primeiro andar. Outros trabalhos mais pequenos se lhes seguiram. Vedou-se a área com arame farpado, instalou-se iluminação, construíram-se torres de defesa, etc.
Criou-se um pequeno mundo que durou até fins de Setembro de1961, quando ficaram prontas algumas das instalações actuais. Esses meses foram um autêntico quebra-cabeças para os sacrificados mecânicos, dada a presença constante de chuvas, seguidas das poeiras encarniçadas que tudo invadiam. Com o pessoal da defesa, colaboravam mecânicos e pilotos, em turnos, não fosse haver uma emergência de madrugada e a estrada entre a pista e a Vila (cerca de cinco quilómetros), aparecer cortada.
Os primeiros T6
Em fins de Março, chegaram quatro T-6. O pessoal do AB3 que até ai se limitara a responder aos ataques dos guerrilheiros com tiros de pistola através das janelas dos Austeres, ou lançando uma ou outra granada de mão – a muito custo cedidas pelas escassas forças militares - , passou a ter qualquer coisa para ripostar.
Harvards com metralhadoras! Infelizmente, um dos aviões precisou logo de substituir um motor, ficando somente três operativos, durante algum tempo. Não se parava! Austeres e T-6 estavam no ar, sempre que humanamente possível!
Os pedidos choviam de todos os lados e por todas as vias. Estabeleceu-se mesmo um código de pedidos de apoio em colaboração com o Administrador do Negage, António dos Santos Reis e com o Sr. Loures, chefe do C.T.T. do Negage, através de quem chegavam a maior parte dos pedidos. Passados os massacres iniciais, os guerrilheiros voltaram-se para as povoações e para as grandes fazendas.
Mucaba
As populações, de um modo geral, decidiram ficar e resistir, tornando-se necessário apoiá-las e reabastecê-las. O AB3 lança-se à obra e os seus aviões aterram em pistas improvisadas, ruas, picadas e terrenos de café, levando mantimentos, munições, correio, etc. Quando é de todo impossível a aterragem, procede-se ao lançamento de carga, colaborando nestas operações, de forma decisiva os Nords e os PV-2 da Base Aérea Nº. 9, em Luanda. Povoações como Mucaba, Songo, Nova Caipemba, Bembe, Damba, Trinta e um de Janeiro, Sanza Pombo, Quimbele e tantas outras, passam a ser regularmente escaladas ou sobrevoadas pelos aviões da Força Aérea.
A acção do AB3 não se limitou porém ao elemento aéreo. O seu pessoal – Polícia Aérea, mecânicos e, até pilotos – patrulha assiduamente os arredores de Negage, formando com os civis, colunas de socorro a fazendas e povoações.
Em meados de Abril, uma coluna da Força Aérea constituída pelo pessoal do AB3, incluindo o próprio Comandante, pára-quedistas e alguns civis, partiu de Negage para reabastecer a Vila de Mucaba. Embora não tivesse encontrado resistência, demorou 14 horas a percorrer 98 km, devido às inúmeras árvores, valas e buracos que obstruíam as estradas. Foi garantida cobertura aérea desde as primeiras horas da manhã, levando-se a efeito uma verdadeira cooperação Aeroterrestres, graças aos rádios dos pára-quedistas, levados a bordo de um dos Austeres e na própria coluna.
Em 29 de Abril de 1961 os pára-quedistas teriam de regressar a Mucaba para socorrer a povoação de um violento ataque. Desta vez, porém, as nossas forças, viram-se a braços com forte resistência inimiga, tendo a coluna de socorro sofrido algumas baixas.
Pessoal e material chegavam em ritmo cada vez mais acelerado. Em fins de Abril já existiam 14 pilotos, 4 Harvards, 4 Austeres e 4 DO-27 a operar a partir do AB3, e as infra-estruturas também cresciam, não só no Negage, mas também no Toto e em Maquela.
A história do AB3 está intimamente ligada aos serviços de Infra-estruturas da Força Aérea. O que as “Infras” realizaram no Negage durante o ano de 1960 não pode deixar de ser mencionado. Lutando com imensas dificuldades, realizaram em escasso tempo, uma obra gigantesca e duradoura. Mais tarde, ao ver o que se fizera, um eufórico jornalista afirmaria: “…quase toca as raias do milagre”.
Homens como o Maj. Engº. Carloto de Castro, Cap. Engº. Teixeira de Almeida, Alf. Borges Pinto, Alf. Engº. Ferreira Pinto, Engº. Carreira, Topógrafo Loureiro e tantos outros, mesmo o mais humilde dos trabalhadores, ficaram para sempre ligados à história do AB3. Eles também em uníssono, provaram que “…
MUITO PODE QUEM QUER”!
Nambuangongo
Justas foram por isso, as referências do Secretário de Estado da Aeronáutica, feitas mais tarde, qualificando de “enorme” a obra levada a cabo. Referindo-se aos homens, afirmou: “… souberam colocar o seu País acima dos seus interesses, da sua saúde da sua vida”.
Com a chegada dos primeiros batalhões vindos da Metrópole, a recuperação inicia-se e a acção do AB3 alarga-se. Os seus aviões colaboram em todas as grandes operações. Pedra Verde, Nambuangongo, Serra da Canda, Sacandica, e tantas outras.
Apoiam os batalhões que progrediam para o Norte. O “88” em direcção à Damba e Maquela e o “92” para Sanza Pombo e, mais tarde, Quimbele, Santa Cruz e Massalo.
Nada é rotina, nada é impossível. Há sempre uma inovação, um novo conceito de emprego, uma nova táctica, uma nova missão. Assim. Dados que as progressões para Santa Cruz e Quimbele estavam muito atrasadas, decidiu-se ir lá levar as tropas, estabelecendo uma espécie de ponte aérea.
Em Junho de 1961, os DO-27 do AB3 saem de madrugada e, num vaivém contínuo entre Sanza Pombo e Santa Cruz, colocam nesta última um pelotão completo com os respectivos equipamentos, munições e provisões.
Aterrava-se na rua principal no único sentido e descolava-se noutra rua, em sentido inverso, o que se fazia já desde 4 de Junho.
Dias depois fez-se o mesmo em relação a Quimbele, utilizando uma espécie de pista improvisada pela população junto à estrada da vila.
Como nota curiosa há a referir que o primeiro avião que aterrou levava um enxoval de bebe, oferta da Cruz Vermelha, para uma senhora em estado último de gravidez.
DO 27
Os perigos de aterragem e descolagem, naquela nesga de terra semi-preparada, foram enormes, mas por sorte, não houve qualquer acidente.
Os pilotos do AB3 tinham razões para se sentirem satisfeitos e orgulhosos!
Era a primeira vez , desde Março, que alguém chegava a Quimbele. Nenhuma outra população estivera tanto tempo completamente isolada, nem tinha, como esta, mulheres e crianças entre a população.
Correram lágrimas pelas faces! E não foi só entre a população!
De maior envergadura, pela distância, e pelo volume de tropas transportadas foi a deslocação para São Salvador, em DO-27, de uma Companhia de paras que haviam saltado sobre Quipedro. Nesta missão, colaboraram também alguns DO-27 da BA9.
Com a chegada de mais efectivos, aumentam as operações e, consequentemente, alarga-se a área de acção do AB3.
Dada a distância a que se passavam as operações, nascem os destacamentos eventuais e permanentes e, assim, locais como Quitexe, Nambuangongo, Toto, São Salvador, Cabinda, Ambrizete e muitos outros passam a ser locais normais de estacionamento de aviões.
Em 10 de Setembro de 1961 começa a abandonar-se as instalações improvisadas na berma da pista e inicia-se a utilização de alguns edifícios e hangares da actual Base.
O facto é comemorado com um festival aéreo, incluindo pára-quedistas e almoço volante de confraternização. Procede-se ainda à apresentação de uma revista humorística intitulada “Catanadas”, de autoria do pessoal da Base.
A inauguração oficial do AB3 só teve lugar porém, em 4 de Junho de 1962, com a presença do secretário de Estado da Aeronáutica, Cor. Kaulza de Arriaga e outras altas individualidades militares e civis.

Procedeu-se à entrega da Bandeira Nacional à Unidade, seguida das condecorações conferidas a vários elementos que se haviam distinguido.
Destes, sobressaíram como mais significativos o próprio Comandante, agraciado com as Medalhas de Cruz de Guerra de 1ª. Classe, e de Prata de Serviços Distintos, com Palma. O Alf. Mil. António dos Santos Bettencourt foi agraciado com a Medalha de Serviços Distintos, com Palma, como reconhecimento da sua actuação, extremamente meritória em várias acções terrestres, durante os primeiros meses de sublevação.
Em discurso proferido no início das cerimónias o Secretário de Estado Da Aeronáutica rendeu justa homenagem ao pessoal do AB3, afirmando que “…àqueles carecendo de quase tudo, dispondo de quase nada, em constante perigo de aniquilamento, souberam pela sua tenacidade, coragem, poder improvisador e saber, agigantar-se! Na realidade, muito se fez aqui pela Pátria”.
De facto, muito se fizera ali pela Pátria e o dia 4 de Junho de 1962 foi a consagração desse punhado de autênticos heróis, cuja coragem, abnegação e perícia “a todos, amigos e inimigos, assombrou”. A acção do AB3 não se limitou ao Norte de Angola.
Em fins de 1961 era já responsável por um destacamento em Malange.
Em 1962, os seus aviões procediam ao reconhecimento da Lunda e Moxico, estendendo-se no ano seguinte, ao Planalto Central e, depois ao Sul, onde efectuam voos de soberania e de reconhecimento.
1962 Linha da frente de T6
Nesse ano o AB3 atinge o seu apogeu: Com mais de 60 aviões no seu efectivo ultrapassam-se as 19.000 horas de voo e mantêm-se cinco destacamentos permanentes no Norte, Cabinda, Malange e Luso.
O Aeródromo Base 3 incluía o Aeródromo de Manobra 31 em Maquela do Zombo, o Aeródromo de Manobra 32 no Toto, e o Aeródromo de Manobra 33 em Malange.
Este último foi depois desactivado, mas ficou ali a funcionar uma parte da Força Aérea Voluntária (FAV 203).
A diminuição das actividades militares no Norte de Angola, permitiu que as operações aéreas levadas a cabo pelo AB3 viessem para níveis considerados “normais”, tendo, a partir de 1968, registado valores da ordem das 10.000 horas de voo.
A sua capacidade em termos organizativos e de infra-estruturas, continuou porém, em condições de rapidamente aumentar aquele esforço, mal as necessidades operacionais assim o exigissem.
O espírito de bem servir, a abnegação e a voluntariedade das suas gentes, foram uma constante, sendo justo afirmar-se que aquela Unidade da Força Aérea, durante toda a sua existência, levantou bem alto o lema: “MUITO PODE QUEM QUER”.

Texto publicado por especial deferência de Aniceto Carvalho
e transcrito do seu site "Aviação Portuguesa" http://aerodino.no.sapo.pt/index.html


sexta-feira, 15 de maio de 2015

MARIA E O FILHO AFRICANO

Senhora do MNF
Quando se soube na vila que eu ia para Angola, a minha mãe foi convocada pelas senhoras do "Movimento Nacional Feminino", queriam que eu levasse um fio com a medalha de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da vila, para que nada de mal me acontecesse e eu regressasse são e salvo.
Devo dizer, que nem eu nem os meus familiares mais próximos éramos visitas regulares da Igreja, excepção feita à missa do galo.
Para receber a medalha, queriam que eu me deslocasse fardado num Domingo, assistisse à missa do meio dia, e perante os presentes o fio e a medalha seriam abençoados e seguidamente impostos para que Nossa Senhora da Conceição me acompanhasse.
Quando a minha Mãe me contou esta história, deixei bem claro que não fazia intenção de fazer a vontade a quem se mostrava tão piedosa para os que partiam para África, enquanto os filhos delas nem sequer iam à tropa ou quando isso acontecia, nunca de cá saíam, cumprindo o tempo obrigatório num qualquer serviço, de segunda a sexta com fim de semana em casa.
O tempo passou, e na véspera da data da primeira tentativa de embarque, quando o transporte militar se aproximava de casa, (era o único militar credenciado em cifra e estava sempre de serviço, mesmo na véspera de embarcar, daí a "mordomia" de me trazerem a casa), avistei uma embaixada de vultos femininos de branco à minha porta, excepcionalmente, vinham entregar-me a medalha para que eu não fosse privado dessa reconfortante companhia no outro lado do Mundo, educadamente, aceitei e agradeci a oferta e nunca mais liguei ao assunto.
No dia seguinte e em mais dois posteriores, fui à Portela e voltei, para alegria e desespero dos mais chegados, e já começava a acalentar a secreta esperança de que nunca embarcaria, quando inesperadamente me enfiaram num DC-6 e numa madrugada de nevoeiro lá parti com outros rostos desconhecidos rumo aos sertões do Leste de Angola.
O Cristo de Gago Coutinho
Desterrado de castigo para Neriquinha, num dia mais "melancólico", ao mexer na caixa onde guardava algumas recordações que me reconfortavam e acompanhavam para todo o lado, dei com o fio e a medalha embrulhados em algodão cor de rosa, a minha Mãe, à cautela, não desperdiçara a possível ajuda da outra "Mãe", que ela sabia que mesmo não passando de uma representação numa medalha de alumínio, seria a melhor aliada na tremenda luta contra todas as adversidades porque teria que passar incólume.
Passou o tempo, um dia em Gago Coutinho, desafiado pelas Freiras da Missão de São Januário, fui à leprosaria e para os ajudar comprei várias peças de artesanato, entre elas um curioso Cristo na cruz, esculpido num só pedaço de imbondeiro com algumas alterações ao Imaginário Ocidental, cravos nas mãos e pés, mas também no umbigo, simbolizados por pequenos pregos, feições de Negro, e uma cruz gravada no peito. Curioso perguntei ao homem que o fizera o porquê das alterações, e ele olhando-me com ar de espanto afirmou, Deus fez o homem à sua imagem, em África é Africano. Fiquei tão desarmado de argumentos, que não disse mais nada. Juntei o Crucifixo do Filho, ao fio e à Imagem da Mãe.
Passou o tempo e um dia partiu-se a cama improvisada com madeiras de caixas de munições e estrados, onde dormia. Com o uso foi-se deteriorando até ao momento em que se desmanchou comigo deitado nela, e foi ao tentar repara-la que me apercebi que sem um martelo nunca conseguiria utilizar os pregos necessários ao seu conserto, foi aí que ao olhar em volta espectante, vi o Cristo rodeado de recortes de jornais e revistas com miúdas despidas, pendurado na cruz, por cima da cama, e pensei para comigo, "Ele era carpinteiro,compreenderá melhor do que ninguém" peguei-lhe, e não é que tinha um óptimo balanço para martelo improvisado...
A "República" do Luso
Nunca mais deixou de ter essa dupla função, foi ferramenta essencial na construção de parte das mobílias da nossa República no Luso, e ainda hoje permanece pendurado no meu quarto de dormir numa das casas onde passo parte do ano, e como em Angola nos piores momentos, falo com ele sem segundas intensões, de homem para homem, de filho para filho, e sempre que preciso não hesito em utiliza-lo.
Como Português, herdeiro de todos os sonhos, medos, superstições e sabedoria, dos que antes de mim saíram deste pequeno rectângulo para darem ao Mundo, outros Mundos ainda por descobrir, tenho um espírito suficientemente aberto para acreditar que foi sem dúvida com a ajuda desta improvável "tríade", (fio, Medalha, Crucifixo) e sob a sua protecção que sobrevivi a meses de loucuras, maus tratos e pior comida, regressando inteiro para os braços da minha Mãe e dos que me eram queridos.



Leste de Angola 1973
OPC ACO 71/73

sexta-feira, 8 de maio de 2015

BA7 - S. JACINTO, ENTREGA DOS BREVETS AO P1/69

B.A. Nº. 7 – S. JACINTO – Jan. 1970
CURSO P1/69

Brevetamento de oficiais e Sargentos milicianos pilotos aviadores

Presidida pelo Director do Serviço de Instrução, brigadeiro Krus de Abecassis, que representava o Chefe do Estado Maior da Força Aérea, realizou-se no dia 22 de Janeiro de 1970, na Base Aérea Nº. 7, a cerimónia da entrega de “brevets” aos alunos do curso P1/69. Presentes, também, um representante do Comando Militar de Aveiro, o comandante do Regimento de Infantaria 10, o capitão do porto de Aveiro e outras individualidades. Depois do comandante da BA7, tenente-coronel piloto-aviador Ferreira Valente, ter pronunciado a alocução que abaixo transcrevemos em parte, procedeu-se à distribuição de diplomas e imposição de “brevets” aos 17 alunos, seguindo-se o desfile em continência das forças em parada, sob o comando do 2º. Comandante da Unidade, tenente-coronel piloto-aviador Viriato Marques. Por último houve voos de formação e acrobacias em aviões “T-6”.
Ten.Cor.Ferreira Valente
Após um período anormalmente longo de condições meteorológicas adversas que, associadas a outros factores (que não vem a propósito referir), concorreram para um atraso de um mês no seu processamento, conclui-se hoje, com a presente cerimónia mais um curso de pilotagem – o sexto terminado sob o meu comando.
Dez futuros oficiais milicianos pilotos aviadores e sete futuros sargentos pilotos, pela Ordem de Serviço a ler dentro de minutos, passarão a estar verdadeiramente integrados na Força Aérea em quadros similares e complementares e que, no seu todo, constituem a razão de ser e o pilar mais importante e de mais específico de toda a organização.
Não se duvida que, pelo seu número, pareça pouco significativo o contributo que estes jovens vão proporcionar. Mas, até neste aspecto, haverá de assinalar-se que, pelo menos outros tantos, com eles iniciados nesta escola, em outra unidade continuam hoje a sua preparação e se apressem a completar a sua qualificação como pilotos de aeronaves com características diferenciadas das que operam nesta base.
E então, também até pelo número, se poderá considerar relativamente importante o núcleo dos rapazes que, simultaneamente, ingressaram na Força Aérea para renovar e valorizar os seus quadros de pilotos.
Porém o que é indiscutivelmente notável e exige que cada brevetamento seja uma festa que faça jubilar os corações dos que servem a Força Aérea é que estes jovens são o escol resultante de uma dura selecção de valores e, assim, permitem-nos a quase certeza de que são bem dignos da confiança e da esperança que, elevadamente, neles depositamos.
Por pouco numerosos que sejam são todos os que, em cada época, é possível recrutar e preparar.
Tribuna de honra
Por pouco numerosos que pareçam são sempre uma confortante percentagem a juntar aos poucos que todos somos. E são a certeza consoladora de uma continuidade necessária e um saudável e desejado tonificante para quadros tão duramente desgastados e tão incompletamente preenchidos.
Exmos. Pais dos alunos deste curso: Acidentalmente, tive já o prazer de a vós me dirigir por ocasião da cerimónia do juramento de bandeira de vossos filhos que, então, ocorreu em simultaneidade com o brevetamento do curso anterior.
E, na oportunidade, afirmei-vos que a alteração introduzida por uma escola como esta na ambiência e no regime de vida de um jovem da nossa época, haveria que ser benéfica para a modelação do seu carácter e sem dúvida necessária para a sua formação militar.
Acrescentei que ao sermos aqui aparentemente duros e inflexíveis e indiscutivelmente exigentes – mas pretensamente justos – tínhamos a convicção de que, para além do dever que nos cabia, estávamos desenvolvendo um trabalho que nos dava prazer, pois não duvidávamos que contribuíamos decisivamente para a realização individual de cada um.
Finalizei com a esperança de que o tempo viesse a ser um bom conselheiro e lhes ensinasse um dia
Brig.Krus Abecassis
entregando diploma
que as vicissitudes que por aqui passaram e foram motivo de sofrimento, também elas foram válida achega para a sua formação de homens com ânimo ainda mais forte.
E junto agora, no desenvolvimento da mesma linha de pensamento, que quando se esbaterem as mais dolorosas recordações, será na saudade que lhes ficarão a perdurar tantos acontecimentos felizes que também aqui viveram; será indelével a sã camaradagem que aqui pôde nascer.
Mas a partir de hoje novo estatuto regerá os seus direitos e também os seus deveres. As novas missões que se lhes destinam recomendam novos procedimentos, mas não cessará, para os que os dirigem e comandam, a obrigação de se considerarem, de algum modo, os continuadores do que para eles tendes vindo a ser. 
Assim, ao mesmo tempo que calorosamente vos felicito porque vossos filhos, por seu mérito, alcançaram esta entrada para novas ambições, afirmo-vos que todos os que têm responsabilidades de comando na Força Aérea continuarão a esforçar-se para desvanecer em vós as inquietações, que talvez hoje sintais aumentadas, pelos que entranhadamente amais.
E que sendo eles, sem dúvida, essencialmente vossos, também, sobretudo a partir de hoje, são bem nossos e como tal lhes queremos.
E nesse querer, esse amor, materializar-se-á numa constante e nunca esmorecida preocupação em considerar sempre necessário e imprescindível o seu contributo: logo motivará uma permanente vigília ao seu procedimento, uma contínua obrigação em lhes transmitir mais conhecimento e mais experiência, uma intencional orientação de instruções e recomendações que lhes não tolham o entusiasmo juvenil, mas que lhes desenvolvam um apego ao que se não deve prematura ou inutilmente perder. 
Procuramos, na Força Aérea, ser dignos, com o nosso proceder, da vossa generosa atitude ao confiar-nos os vossos filhos.
Procuraremos amparar os seus passos, perscrutar os seus anseios, ir ao encontro dos seus sonhos e ambições que haveremos de saber temperar com o saber da nossa experiência, também ele possibilitado pelos ensinamentos que os que vieram antes de nós nos transmitiram.
Instrutor e aluno
Quaisquer que sejam as tarefas que lhes venham a ser destinadas, ajudaremos, com entusiasmo em cada dia renovado, a proporcionar-lhes condições para um cumprimento nobre do seu sagrado dever de cidadãos. E haveremos de sentir serena satisfação por um gostoso dever cumprido e um orgulho semelhante ao vosso quando, terminado o seu tempo de serviço na Força Aérea, regressarem para vós, mais completos e valorizados, os filhos que vos saberão melhor amar.
Alunos do Curso P1/69: Abstraindo do transcendente valor da cerimónia de que sois hoje o fulcro, este dia significa para vós o terminar de tantas preocupações e incertezas que preencheram um ano que será inesquecível na vossa vida.
Significa também o prémio individual e do entusiasmo e do querer de cada um de vós, o que me é agradável realçar. Por esse mérito, tanto mais saliente quanto mais difícil foi perder demonstrá-lo, o meu abraço de felicitações.
Sede bem-vindos a este lado da barreira onde os mais velhos vos esperam com amizade, revendo em vós a sua própria juventude, para tantos já distante!
Mas neste transpor deixareis para trás tão-somente um pálido prólogo do que, em muitos aspectos, havereis de viver, muito embora, daqui em diante, com a confiança em vós próprios (que asas abertas ajudam a fortalecer) e com novo estatuto de vida, mais fácil se torna adquirir a consciência das novas e maiores responsabilidades que sobre vós recairão.
Sobre os vossos ombros, mercê da especialidade e funções que vos cabem, muito cedo irão pesar duas tarefas; de vós se esperarão, em breve (e havereis de realizar) o complemento de missões agora aparentemente irrealizáveis.
Sabeis, porém, que sereis encaminhados com segurança.
Ainda não está definido o vosso destino.
Mas julgo que para alguns de vós irá caber a difícil tarefa de transmitir aos que vierem mais tarde, com os mesmos anseios com que aqui chegastes, os ensinamentos que até agora recebestes.
Para outros, mais tarde ou mais cedo, deverá caber-lhe a nobre missão de, em terras distantes, serem os continuadores de uma acção  que não sendo indicada para o nosso próprio julgamento já tem tido eco suficiente para não nos escondermos em modéstia excessiva, mas, pelo contrário, ostentarmos com orgulho o uniforme que vestimos.

Desfile das forças em parada
Como vos irá ser surpreendentemente agradável verificar que fostes capazes de ensinar a outros tantas coisas que, ainda há pouco, vos causaram inquietações, incertezas, noites mal dormidas, sensação de incapacidade!
Como olhareis também embevecidos, os alunos que um dia tereis, quando, em cerimónia igual à de hoje, vos for facultada a honra de lhes poisar asas gloriosas sobre corações a bater em comovido descompasso.
Como aprendereis ainda mais ao tentar ensinar melhor!
E àqueles a quem competir a preparação para ir servir sob céus de outro azul, sobrevoando terras onde se exige a sombra das nossas asas, então já se divisa o horizonte do dia em que sentirão uma força indefinível que impele a servir, com ânimo cada vez mais forte, a Pátria de todos nós.
Para esses, a nobreza da missão que lhes incumbirá, impõe um chamamento às mais másculas qualidades e também aos mais puros sentimentos que distinguem o homem.
Sacrifícios e renúncias e desgaste físico e mental vos irá ser continuamente pedido. E coragem e agressividade e determinação vos irá ser necessária.
Mas, tal como tantos como vós e que antes de vós, ao longo de nove duros anos de provação já demonstraram, eu sei que havereis de ser capazes de dar para além do que se vos pedir. E nesse generoso dar, nesse dar que vai ser fácil, nesse dar sem esperar retribuição, irá o mais belo e valioso contributo de cada um de vós para a certeza de que não foi inútil nem vão o sangue derramado por tantos portugueses, por todos os recantos do Mundo, na edificação e consolidação da mais estranha, mas a mais bela de todas as Pátrias!

Notas: Recolha de informação na Revista “Mais Alto” nº. 130 – Fevereiro 1970
            Compilação e arranjo de texto de:


 





Da Série:

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A "ESPECIALIZAÇÃO"

Boeing 707 em Figo Maduro
Olhem como são as coisas, eu, sem curso de especialização, andava nos hélis, o Rosado "menino do avião", com o curso andava nos DOs e T6 isto é mesmo à FAP, ou, o “desenrascanso” à Zé português. 
Quando fui mobilizado para Angola, demorei cinco semanas a embarcar. Comecei a despedir-me da família, mais ou menos, a 25 de Outubro de 70 e só embarquei a 30 de Novembro de 70.Todas as semanas ia ao embarque, mas, como estava de reserva nunca embarcava, aquilo até já chateava. O que valia era, que vivia em Paço D’Arcos e era perto do Aeroporto.Cheguei a Luanda e era para substituir um MMA da BA9, como cheguei atrasado, ele já tinha sido substituído por um indivíduo, que ia para o AB4 mas acabou por ficar em Luanda.Então, estive 15 dias em Luanda, à espera que se decidissem se ficava ali, ou se ia para Henrique de  Carvalho. Lá se decidiram e em boa hora o fizeram, pois em Luanda tive princípio de paludismo e detestava o clima dali. 
BA9 Luanda

No AB4, em Novembro de 71, houve a possibilidade de ir para o Luso, juntamente com um sarg. MMA e um individuo do SG para tomar conta dos combustíveis. 
Em Dezembro, lá estávamos no Luso a ganhar ajudas de custo! 
Por ali andámos um mês, à espera que se decidissem se a FAP tomava conta dos combustíveis ou não, pois era um civil da Shell que o fazia, mas acabaram por desistir da ideia. 
Então, no Luso, o sargento ficou a tomar conta da linha da frente de DOs e T6, o rapaz do SG ficou por ali e acabou de ir para o bar, a mim queriam-me colocar nos Hélis. Foi uma guerra, que durou um mês, até chegar ao ponto de me dizerem, que seria punido e iria para a prisão. 
O meu argumento era, que não tinha curso de hélis e não percebia nada daquilo (fazia todo este “finca-pé”, por achar, que era muito perigoso andar nos hélis), mas acabei por aceitar, pois ali ganhava-se 180$00/dia. 
Hangar dos Al III no Luso
Então, estive 2 meses na manutenção dos hélis, ao fim desse tempo e lá muito a custo, convenceram-me para ir numa operação, por uma semana, pois o pessoal era pouco e estava sempre a calhar aos mesmos. 
Aquilo correu tão bem, que assim que cheguei ao Luso, fui ter com o Ten. Gaspar, chefe da manutenção, e dizer-lhe que estava voluntário para a próxima operação. Ele retorquiu: então andavas aí, que não querias vir para os helis e agora já te ofereces para as operações?! 
Bom, sei, que foram umas 4 ou 5 operações seguidas.
Em boa hora fui para o Luso pois gostei bastante do tempo que lá estive.
Tudo isto para dizer, que na FAP era assim como mencionei anteriormente, andava tudo trocado.
Com o heli canhão em N'Riquinha