B.A. Nº. 2 – OTA – 30/ABRIL/1971
Juramento de Bandeira da Escola de Recrutas 1/71
Em
30 de Abril de 1971 realizou-se na Base Aérea nº. 2 a cerimónia do Juramento de
Bandeira da Escola de Recrutas 1/71.
Individualidades presentes na tribuna |
Presidiu o Secretário de Estado da
Aeronáutica, brigadeiro Pereira do Nascimento. Presentes também o Chefe do
Estado Maior da Força Aérea, general Tello Polleri; o subchefe do Estado Maior
da Força Aérea, general Norton Brandão; o
director do Serviço de Instrução, brigadeiro Diogo Neto; o chefe do
Gabinete do Secretário de Estado da Aeronáutica, brigadeiro Alberto Bastos e
outros oficiais.
Depois de prestadas as honras militares
pela esquadra de Instruendos, as cerimónias iniciaram-se com o discurso
proferido pelo comandante da Unidade, que noutro local transcrevemos. A
proceder o acto do juramento o aspirante
Avelar Pinho leu a alocução que reproduzimos adiante.
Seguiu-se a distribuição de prémios aos
soldados alunos recrutas e de diplomas e prémios aos cursos de formação de
soldados alunos de todas as especialidades que terminaram os respectivos
cursos.
Depois da demonstração de manejo de arma a
pé firme e em marcha, as forças em parada desfilaram sob o comando do tenente-coronel piloto aviador Silva Araújo.
A encerrar o programa houve
demonstrações de luta individual.
DISCURSO
PROFERIDO PELO COMANDANTE DA BA 2, CORONEL PILOTO AVIADOR JORGE MANUEL BROCHADO
DE MIRANDA:
As
paredes e amplos espaços que nos envolvem servem hoje uma vez mais de cenário
ao cerimonial colorido e solene de um Juramento de Bandeira.
A Base Aérea Nº. 2 engalanou-se e os seus
filhos ataviaram-se para participar num conjunto de formalidades cujo
simbolismo é mais profundo do que deixa imaginar o ambiente alegre e afectuoso
em que se desenrolam.
Mas pretende-se que assim seja.
Cor.PilAv. Brochado de Miranda |
Uma festividade solene e ao mesmo tempo
alegre e colorida para que fique bem gravada na memória de cada um dos
soldado-recrutas que temos à nossa frente… Porque são eles a essência desta
cerimónia.
Dentro de momentos, perante a Bandeira
Nacional, ratificam publicamente o Juramento que prestaram quando
voluntariamente se propuseram a servir na Força Aérea. Os braços direitos estendidos convergem para a Bandeira, a cuja
sombra os nossos avós combateram e morreram, por séculos, para defender
Portugal. Que foi o estímulo que instantaneamente levou os portugueses de ontem
e de hoje a escreverem com sangue páginas gloriosas da nossa história. Que é
aqui o símbolo e a imagem da Pátria, testemunha de um Juramento que jamais
poderá ser quebrado.
Como sempre a Força Aérea concede uma
atenção especial a esta cerimónia. Pela presença dos seus mais ilustres dignatários
pode o soldado-recruta avaliar da importância que se dá ao seu Juramento e
ainda observar o facto de que é já parte de um conjunto onde cada elemento, por
menos graduado ou mais jovem, ocupa um lugar relevante e fundamental.
A sua Excelência o Secretário de Estado da
Aeronáutica, que de novo se digna presidir a uma cerimónia como esta, ao Exmo.
Sr. Chefe do Estado Maior da Força Aérea que pela primeira vez aqui se desloca
depois de assumir as funções do cargo que recentemente foi investido, aos Exmos.
Srs. Oficiais Generais, Directores de Serviço, Comandantes de Unidades e demais
convidados oficiais dirijo as mais efusivas saudações e melhores cumprimentos,
afirmo a nossa muita satisfação pela honra de os receber na Base Aérea Nº. 2 e
destaco o estímulo que para todos representa o haver a oportunidade de
apresentar alguma coisa, embora limitada no âmbito e no volume da nossa
actividade dos últimos dias.
A V. Exas. minhas senhoras e meus
senhores, que hoje temos o privilégio de acolher, agradecemos o calor afectuoso
que trouxeram a esta cerimónia. Os vossos filhos, parentes ou amigos que para
aqui vieram de livre vontade há poucos meses, certamente que se sentirão
orgulhosos por, na vossa presença, assumirem um compromisso de homens responsáveis.
Sec. Estado Brig. Pereira do Nascimento |
A transformação que sofreram neste curto
espaço de tempo talvez não tenha sido ainda notada por vós. Nem mesmo eles, por
certo, de tal se aperceberam. Saíram das vossas casas provavelmente receosos,
tímidos, egoístas, irreverentes, individualistas. São hoje elementos activos e
disciplinados de um conjunto, deixando transparecer nitidamente sentimentos
vincados de solidariedade humana, terreno preparado onde cultivar as virtudes
militares.
Embora alguns, mais fracos, tenham cedo
desistido, quiçá porque não encontraram a vida fácil que supuseram, outros em
compensação revelaram magníficas qualidades e são já tidos como elementos
valiosos, essenciais ao cumprimento das tarefas que incumbem à Força Aérea. Não
esperem todavia comodidades que isso não é vida de militar. Quem à carreira das
armas entregou os seus destinos poderá dizer-lhe, por experiência de muitos
anos, que a vida do militar é feita de
sacrifícios e de renúncias onde o interesse individual cede lugar ao da
colectividade.
Chefe Estado Maior - Gen.Tello Polleri |
Após a consumação do acto mais expressivo
desta cerimónia, proceder-se-á à entrega de diplomas a soldado-alunos que
terminaram cursos de formação de várias especialidades e prémios àqueles que
mais se distinguiram quer em actividades puramente militares, quer físicas,
quer culturais.
São homens que assim completam a
preparação básica para ingressarem nas diversas Unidades da Força Aérea. Ainda
que não estejam plenamente aptos a desempenhar as funções inerentes à
especialidade que escolheram ou a qeu foram destinados, pois terão que viver um
período de estágio na própria Unidade onde forem colocados, o certo é que à sua
preparação se concedeu o melhor do nosso esforço e saber, dentro das limitações
que nos são impostas, bem conhecidas de todos e que portanto não vem a
propósito salientar. É por isso que, embora insatisfeitos por não fazermos mais
e melhor, reconhecemos com serena alegria que trabalhamos esforçadamente e a
tranquilidade de consciência compensa-nos dos sacrifícios que suportamos.
Da dedicação de todos estes homens, da sua
boa vontade, do seu espírito construtivo e empreendedor, dinâmico e
entusiástico dependerá o êxito ou insucesso de muitas missões. A segurança de
muitas vidas estará em suas mãos.
É isto forte motivo para os incentivar a
que se não limitem a um indiferente cumprimento do dever mas que colaborem com
entusiasmo e dedicação em todas as circunstâncias.
A todos, incluindo as respectivas
famílias, desejo as maiores venturas.
ALOCUÇÃO
PROFERIDA PELO ASPIRANTE AVELAR PINHO:
Soldado aluno recruta: Hoje é o vosso dia de festa. Um dia de
alegria. Em vós, e naqueles que aqui presentes vos acompanham, um sentimento
comum.
Há poucos meses começou a vossa vida
militar. Hoje se completa a fase inicial – a mais pequena e, talvez, a mais
importante para uma consciencialização futura. As marchas, o treino físico, a
iniciação na topografia, no armamento, no combate, na educação moral e cívica,
etc. não pretenderam se não criar em vós as condições básicas para uma
estruturação perfeita.
Hoje podeis dizer que tudo o que a
princípio se apresentou difícil se tornou fácil; podeis dizer mesmo que dum
áspero isolamento nasceu pouco a pouco a mais reconfortante camaradagem, a mais
harmoniosa disciplina.
O obrigado dos vossos chefes não chegaria
para que ficasse bem expresso toda a vossa dedicação, todo o vosso empenho no
cumprimento do dever.
Ides agora entrar, após merecidos dias de
repouso, na fase de especialização. Atrás de vós um pré esboço duma obra que se
espera promissora; à vossa frente, a Bandeira Nacional símbolo duma Pátria
ciente da vossa inteligência, das vossas acções e, mais que tudo, companheira
de bons e maus momentos.
E se dizemos que vos consideramos prontos
a prosseguir e porque sentimos o vosso sentir e cremos, convosco, nos mesmos
ideais de defesa, engrandecimento e glória de Pátria-Mãe, imortalizada nesse
extraordinário pavilhão verde rubro que nos orientará no futuro assim como nos
propõe um presente e nos engrandeceu num heroico passado.
Em cada um de vós a força da juventude
crente dos seus desejos e das suas infinitas potencialidades. Uma juventude
capaz de construir um futuro, esse que começa aqui. Mais do que nunca, cada um
de vós deve sentir então a responsabilidade de se realizar como homem bem como
militar. Que o vosso querer, após este juramento solene, não se deixe abalar
frente às dificuldades que se vos apresentem, para que todo o fulgor edificado
pelos nossos antepassados possa ter em vós os continuadores virtuosos que
estarão aptos a fazer refulgir, mais ainda, a nobreza de Portugal.
Nada vos preocupe!
Quanto
maior a responsabilidade, maior a honra de a vencer, maior a glória nas obras
que, dia a dia, tereis de erguer.
Recrutas! Por serdes Portugueses e dignos
militares duma Força Aérea rica de tradições, sois continuadores duma Pátria
imortal com séculos de história brilhante, que os vossos antepassados
escreveram e honrosamente vos legaram.
Olhai
em frente – o futuro que vos comprometeste construir já floresce.
Que cada um colha nele, pelo menos, tanto quanto semeou.
Notas: Recolha de
informação na Revista “Mais Alto” nº.
145 – Maio 1971
Até breve
O (na época) Aspirante Avelar Pinho é o António Avelar Pinho da Filarmónica Fraude, Banda do Casaco, etc.?
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