Henrique de Carvalho em 1974 - foto de Alfredo Anacleto Santos |
O mês de Junho de 1975 foi a partir da noite de 12 para 13, um mês muito complicado por Henrique de Carvalho, tendo-se aumentado o reforço nos postos e as rondas ao perímetro da Unidade.
Foi o fim das idas à cidade as quais só por extrema necessidade por lá os efectivos do AB4 se deslocavam, pois estávamos todos ansiosos de regressar. Tais confrontos entre o MPLA, FNLA e UNITA, suas Forças Armadas, nessa noite de 12 para 13 de Junho, não obstante até aí terem elementos nas Forças Integradas com elementos das nossas Forças Armadas, conforme Acordo de Alvor, os movimentos de libertação, decidiram “digladiar-se” pela conquista da cidade de Henrique de Carvalho, aliás como o vinham fazendo por outras cidades, nomeadamente em escaramuças em Luanda desde Março e em especial em Malange onde também houve tiroteios. Além da noite de 12 para 13 de Junho referida, em 15 ou 16, já não posso precisar, volta a haver nova disputa pelo território, tendo o Governador da Província permanecido na cidade, não obstante os violentos tiroteios entre o MPLA e a FNLA durante cerca de 18 horas.
Foi o fim das idas à cidade as quais só por extrema necessidade por lá os efectivos do AB4 se deslocavam, pois estávamos todos ansiosos de regressar. Tais confrontos entre o MPLA, FNLA e UNITA, suas Forças Armadas, nessa noite de 12 para 13 de Junho, não obstante até aí terem elementos nas Forças Integradas com elementos das nossas Forças Armadas, conforme Acordo de Alvor, os movimentos de libertação, decidiram “digladiar-se” pela conquista da cidade de Henrique de Carvalho, aliás como o vinham fazendo por outras cidades, nomeadamente em escaramuças em Luanda desde Março e em especial em Malange onde também houve tiroteios. Além da noite de 12 para 13 de Junho referida, em 15 ou 16, já não posso precisar, volta a haver nova disputa pelo território, tendo o Governador da Província permanecido na cidade, não obstante os violentos tiroteios entre o MPLA e a FNLA durante cerca de 18 horas.
Elementos das forças em confronto - foto do BC 8322 |
Assim no dia 22 de Junho de 1975, a CCS do Batalhão de Cavalaria 8322/74 do Exército, veio para o AB4, deixando o seu aquartelamento na cidade de Henrique de Carvalho, ficando por lá um pelotão da dita “Forças de Segurança Integrada”, composta por elementos dos diferentes movimentos e das nossas Forças Armadas, ou melhor o que nessa data restava, já que no último confronto a ELNA, praticamente foi dizimada e os elementos restantes se abrigaram no AB4, tendo sido mais tarde resgatados numa Missão “secreta” de Nord vindo da BA9, em que por acaso vim a participar e já relatada pelo Cap. Pil Fernando Moutinho, aqui no nosso Blog.
Com todo este cenário a generalizar-se por toda a Província de Angola, conforme o “PLANO OPERAÇÕES Luz Verde”, com data de 01ABR75, preconizava pela situação do processo de descolonização, já então previsto para a independência em 11NOV75, decorrente do Acordo de Alvor de 15JAN75, foram entre outras tomadas medidas, digo eu antecipadas – pois tal plano admitia como horizonte a data de 29 de Fevereiro de 1976, para a retirada e evacuação dos contingentes das Forças Armadas Portuguesa espalhados pela província. Assim o Plano de Operações “Luz Verde”, por imposição da Directiva Geral “RAIO AZUL” da 2ª RA, definiu a Missão e Plano de Execução a levar a efeito em todo o território, nomeadamente em manter...“as bases e aeródromos-base, extinguindo todos os AM e AR seus dependentes, prevendo para os AB uma desactivação progressiva”...(ponto 2 do n.º 3 Execução, do referido Plano de Operações DG Raio Azul).
Com toda esta conjuntura a nosso desfavor e porque como diz o Povo “estávamos entre a espada e a parede”, sem poder efectivo de acção, em 30 de Junho de 1975 e dias seguintes em várias missões a FAP começou-se a desactivar o AB4 em Henrique de Carvalho, tendo-se deslocado aeronaves para a BA9 em Luanda. Até então foram mandados regressar ao AB4 os efectivos humanos dos diferentes destacamentos, quer de AM, quer de AR e consequentemente os aviões que por lá estavam afectos.
Parelha de T6 no AB4 - foto de Orlando Simões |
Assim na manhã de 30 de Junho de 1975, segui numa parelha de T6, pilotados (se a memória não me atraiçoa, pelos pilotos Ten. Pil. Oliveira e Fur. Pil. Almeida), bem como os MMAs José António Pinto e eu.
Como em Malange pela rota mais curta já não havia garantias de reabastecimento, decidiu-se rumar a Luanda via Nova Lisboa onde reabastecíamos aumentando a distância de cerca de 850km para 1.150km, divididas em duas etapas de aproximadamente 400 milhas (AB4-NL) e 310 milhas (NL-BA9).
Descolámos de manhãzinha do AB4 com bom tempo, mas já sabíamos pela meteorologia que no Planalto Central podíamos ter céu com nuvens, pelo que após uma volta de voo sobre o Aeródromo, despedimo-nos do Leste e rumámos para Sudoeste até vislumbrarmos a linha do Caminho de Ferro de Benguela para Teixeira de Sousa. Assim o fizemos tomando a altitude conveniente apreciando digo eu, a paisagem angolana pela última vez (tal assim não foi, porque colocado na BA9, Esq 92, por lá fiquei mais três meses e voltei de novo ao AB4 e a Teixeira de Sousa entre outras localidades de norte a sul de Angola).
Como em Malange pela rota mais curta já não havia garantias de reabastecimento, decidiu-se rumar a Luanda via Nova Lisboa onde reabastecíamos aumentando a distância de cerca de 850km para 1.150km, divididas em duas etapas de aproximadamente 400 milhas (AB4-NL) e 310 milhas (NL-BA9).
Descolámos de manhãzinha do AB4 com bom tempo, mas já sabíamos pela meteorologia que no Planalto Central podíamos ter céu com nuvens, pelo que após uma volta de voo sobre o Aeródromo, despedimo-nos do Leste e rumámos para Sudoeste até vislumbrarmos a linha do Caminho de Ferro de Benguela para Teixeira de Sousa. Assim o fizemos tomando a altitude conveniente apreciando digo eu, a paisagem angolana pela última vez (tal assim não foi, porque colocado na BA9, Esq 92, por lá fiquei mais três meses e voltei de novo ao AB4 e a Teixeira de Sousa entre outras localidades de norte a sul de Angola).
Parelha de T6 - foto de Gonçalo de Carvalho |
Decorridas praticamente uma hora e meia, lá avistámos a linha do caminho de ferro e depois sobrevoamos Silva Porto (actual Kuito), onde camaradas com outros aviões tiveram episódios semelhantes ao que nos deparámos em Nova Lisboa – com mais de aproximadamente uma hora de voo já com as tais nuvens previstas no horizonte, pelo meio delas avistámos Nova Lisboa (actual Huambo) e o seu aeroporto, pedindo autorização à torre de controlo para aterrar cuja ordem foi concedida, começando a descida com a desrruptura da formação e em seguida um T6 e depois o outro T6, aterrámos na pista de leste para oeste em aproximação directa. Rolámos na pista até à placa junto à Torre de Controlo.
Tendo pedido abastecimento estranhámos a ausência do carro abastecedor, e tendo sido rodeados por um grupo de militares da UNITA e da FNLA, da dita Força Integrada, os mesmos questionaram a nossa presença e esclarecemos que tal como previsto no Plano de Voo e comunicado ao Controlo Aéreo de Nova Lisboa, era nossa intenção reabastecer os aviões para depois prosseguirmos para Luanda – não tendo ali chegado a entendimento o Tenente que comandava a Missão dirigiu-se com dois do militares referidos à Torre de Controlo para esclarecer a situação o que depois segundo ele, não tendo sido fácil, lá anuíram em deixar-nos abastecer para seguirmos viagem para a BA9 (o que se passou entretanto por lá na Torre de Controlo com os interlocutores não o sabemos, apenas cerca de meia hora aparece o Tenente já acompanhado por um Alferes do nosso Exército e depois o carro para reabastecimento).
Tendo pedido abastecimento estranhámos a ausência do carro abastecedor, e tendo sido rodeados por um grupo de militares da UNITA e da FNLA, da dita Força Integrada, os mesmos questionaram a nossa presença e esclarecemos que tal como previsto no Plano de Voo e comunicado ao Controlo Aéreo de Nova Lisboa, era nossa intenção reabastecer os aviões para depois prosseguirmos para Luanda – não tendo ali chegado a entendimento o Tenente que comandava a Missão dirigiu-se com dois do militares referidos à Torre de Controlo para esclarecer a situação o que depois segundo ele, não tendo sido fácil, lá anuíram em deixar-nos abastecer para seguirmos viagem para a BA9 (o que se passou entretanto por lá na Torre de Controlo com os interlocutores não o sabemos, apenas cerca de meia hora aparece o Tenente já acompanhado por um Alferes do nosso Exército e depois o carro para reabastecimento).
Aeroporto de Nova Lisboa em 1973 - foto de Afonso Palma |
Reabastecidos e pelo olhar meio desconfiado da patrulha, em especial dos elementos dos movimentos, ligamos os motores sem demora, rolámos para a pista e descolámos rumo a Luanda, voltando a ouvir o roncar do Pratt&Whitney em som “redondinho” com os seus 600hp, deixando para trás esta linda cidade no planalto central, rumando agora para Noroeste, vislumbrando na paisagem á esquerda o Morro do Moco (ponto mais alto de Angola com cerca de 2620 m) e tendo como primeiro objectivo alcançar a costa do Atlântico, próximo de Porto Amboim, o que felizmente aconteceu a pouco mais de uma hora de voo desde Nova Lisboa. Por acaso demos mais a sul, mas o primeiro objectivo estava alcançado, não obstante a nebulosidade ter aumentado à medida que nos aproximávamos da costa e estarmos já um tanto ou quanto cansados pois admitíamos almoçar em Nova Lisboa o que não fizemos, tendo-nos recorrido da kit da ração de combate que levávamos cada um. A viagem agora prosseguiu com a costa à vista do lado esquerdo, pois sabíamos que rumando entre o norte e noroeste pelo interior, alcançaríamos a Baia de Luanda e por conseguinte o Aeroporto e BA9 que era o nosso destino. Depois de sobrevoarmos um Parque Natural, do qual não me recordo o seu nome, vislumbrámos o rio Cuanza, indicador que Luanda estava próximo, pelo que sobrevoámos a região de Belas e logo ali à frente lá estava a Baía de Luanda com todo o seu esplendor, solicitando instruções para aterrar o que só aconteceu cerca de 10 a 15 minutos, tendo-se dado duas voltas largas pela Baía e cidade pela esquerda e de seguida descendo em direcção á pista 25 com aterragem de Nordeste para Sudoeste, atendendo a que o movimento aéreo era de certo modo intenso devido aos aviões que por lá estavam a operar na célebre “Ponte Aérea” com o retorno de nacionais para a Metrópole.
Luanda, Julho de 1975 |
Aterrámos com alguma folga de combustível, rolando para a parte da placa da Linha da Frente Militar lado oeste... ... ...deste modo concluiu-se mais uma Missão que a meio bem podia ter sido mais complicada – tanto nas vésperas como nos dias seguintes outros camaradas trouxeram para Luanda mais aviões, sendo unânimes nas descrições de idênticos percalços para reabastecimento, nomeadamente de T-6, DO-27 e All III, quer em Silva Porto quer em Nova Lisboa.
1685 No Museu Nacional da História Militar |
Documentos já desclassificados como SECRETO, para os mais curiosos sobre a desactivação da FAP por Angola em 1975:
No Capítulo o que Previa o Acordo da Cimeira de Alvor
O que previa o acordo?
Por: Manuel Vieira
Camarada Vieira , por acaso não sabes quem foram os Pilotos da , D O 27 e dos Helis ? Saudações Camarada .
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