quinta-feira, 27 de setembro de 2018

CONVÍVIO ENTRE AVIADORES E POLÍCIAS, EM HENRIQUE DE CARVALHO.

Serafim Esteves 2º. da direita ao lado do "troféu"

Na cidade de Henrique Carvalho existia um quartel da Polícia de Segurança Pública com um efectivo de mais de 70 guardas. As boas relações entre aviadores e polícias davam origem a que, de vez em quando, se reunissem e convivessem em eventos desportivos, recreativos e gastronómicos.
Como consequência, em determinado Domingo, foi combinado, entre sargentos da Força Aérea e guardas da PSP, realizar um encontro de futebol seguido de uma almoçarada algures distante da cidade.
Campo das Mangueiras
Assim, da parte da manhã realizou-se um jogo de futebol de onze entre uma equipa de aviadores e outra de polícias no campo de futebol(campo das mangueiras) da cidade de Henrique Carvalho.
Os sargentos, éramos muitos, um deles armou-se em treinador Meirim (na altura muito em voga) e formou a equipa. Depois foi fazendo substituições ao longo do jogo. Na segunda parte entrei eu e fui jogar a extremo direito.
Logo na primeira jogada em que salto a uma bola com um adversário, este dá-me um toque por trás e faz estatelar-me desamparadamente no solo ao mesmo tempo que bato com a nuca no chão duro de terra batida, quase me fazendo perder os sentidos. A custo lá me recompus  perante o pedido de desculpas do guarda que fez falta sobre mim.
Depois, até joguei bem, correndo até a linha de fundo e centrando bem sobre a baliza que só não deu golo porque alguns dos meus colegas avançados falharam escandalosamente a finalização.
Também rematei à baliza algumas vezes mas não fiz golos.
A equipa dos polícias era mais forte e acabaram por nos derrotar por 6-3.
Terminado o desafio de futebol, metemo-nos nas viaturas e marchámos para as margens do rio Chicapa, distante cerca de 20 kms, numa zona sombria e refrescante onde o grande caudal da água formava cascatas admiráveis. Um lugar paradisíaco e reconfortante.
Dois dos meus colegas eram sargentos nas messes e foram eles que se encarregaram de levar os géneros alimentícios especialmente, febras, sardinhas chegadas na véspera de avião de Luanda, cerveja, vinho, etc., bem como os respectivos tachos, panelas, pratos copos e talheres.
Enquanto os cozinheiros tratavam do almoço, uns deitaram-se a gozar da frescura retemperadora e outros aproveitaram para tomar banho nas límpidas águas convidativas do rio.
Seguiu-se o ataque em grande escala ao repasto, comendo e bebendo bem, em ambiente de grande confraternização e espírito de camaradagem entre polícias e aviadores. Bem comidos e melhor bebidos, alguém puxa de uma viola e vá de cantar os fados onde alguns mostraram bons dotes de fadista.
O convívio no Chicapa

Animados e distraídos nesta grande festa, entre fados e copos, de repente aparecem umas nuvens a cobrir o Sol, escurecendo repentinamente, estrondeiam fortes trovões e desata a chover a cântaros.
Surpreendidos com esta tempestade, encharcados e no meio de grande confusão, atirámos à pressa com tachos e panelas e mais material para cima de uma carrinha de caixa aberta, uns apinharam-se dentro da cabina e outros meteram-se nos carros, debaixo de fortes trovões aterradores e grandes descargas de água e regressámos a Henrique Carvalho onde chegámos já noite e, surpresa, com bom tempo.
De salientar que nesta região do nordeste de Angola o tempo é muito instável: no mesmo dia podem acontecer as quatro estações do ano, isto é, calor, frio, chuva e vento.

Por:








Agradecemos ao Sr. Major Serafim Esteves, nos ter permitido transcrever este texto do seu livro "As Memórias do Major".


Sem comentários:

Enviar um comentário