quinta-feira, 29 de julho de 2021

EVACUAÇÃO, LUGAR PARA MAIS UM !


Esta é mais do nosso dia a dia em Gago Coutinho.
Seria pelo ano de 1973 mas também não é muito importante, era mais uma das muitas evacuações para um qualquer aquartelamento do Exército naquele fim de mundo.
Sabíamos que era grave visto sair DO e Heli.
Chegados ao destino o Heli segue para a zona do ataque e nós ficamos a aguardar, sabíamos que havia no mínimo 7 feridos graves.
Enquanto esperávamos e como era meio dia fomos á cozinha a ver se nos davam algo para comer, lembro-me, que ia um pandemónio por todo o lado só se via pessoal a chorar era tudo pessoal novo (maçarico) com um mês de Leste e por isso foram ao mato carregar material para compor o aquartelamento. Só que eles, sem experiência, foram lá quase desarmados e já se está a ver no que resultou. Chegados á cozinha eu e o piloto, não digo quem é pois ele não gosta de ser nomeado, há coisas que não se esquecem o "tacho" era jardineira, o cozinheiro até nos disse, não sei como conseguem comer com esta desgraça, nós nem respondemos, para quê era o nosso dia a dia, vamos comer que daqui ao Luso vamos chegar tarde.
Entretanto chega o Heli com os primeiros feridos, só visto, o enfermeiro em choque, nós a ajudar a fazer os curativos com lençóis rasgados, enfim fizemos o que pudemos e toca a meter a primeira maca, segue-se a segunda, pendurada com cordas nas longarinas, há que improvisar, a segunda maca pronta se arreia o de baixo não se safa! Estava a fechar a porta e olho para o terceiro, ele não dizia nada mas os olhos diziam tudo, levem-me, eu olhei para o piloto que adivinhou o que ia dizer, e diz-me: tás maluco onde queres meter o gajo?! Eu só disse: descola com os três!

Ele mediu a pista com os olhos e diz: ou descolamos ou fodemo-nos os cinco! Digo para o 3º. ferido: oh pá tens que ir sentado no bordo da janela até ao Luso. Coitado, ele queria era sair dali, e eu ainda lhe disse não mexas em nada, se destrancas a porta vais parar lá em baixo.
Avião pronto a descolar aproveitamento da pista ao máximo e fomos para o ar, foi uma viagem horrível, pelo estado dos feridos a quem pouco ou nada podíamos ajudar senão procurar chegar ao Luso o mais rápidamente possível.


Mas chegados ao Luso, entregues os feridos aos cuidados do pessoal médico findou o nosso dia, arriscamos contra todas as regras de segurança, mas "sacamos" mais um ou pelo menos fizemos o possível, arriscámos e ganhámos.
Enfim era o nosso trabalho, só espero que esses camaradas se tenham safado.

Por: Fausto Tomaz - MMA DO e T6


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