A nossa zona de intervenção no Leste, teve períodos que se podem comparar às agora frequentes missões internacionais das nossas tropas.
Agora, fala-se português inglês, Kosovarez, afeganez, etc... Naquele tempo na zona do Muié falou-se por alguns momentos inglês, quando os “primos” Sul Africanos nos emprestavam os helicópteros, mas também francês com a colaboração que também tivemos dos descendentes do Sr. Tchombé do ex-Congo Belga, mais propriamente a província do Katanga, que se refugiaram no Leste de Angola. Ali continuaram com o enquadramento militar que tinham antes e como contrapartida ao acolhimento que tiveram, passaram a efectuar operações militares na nossa zona em nosso apoio.
Agora, fala-se português inglês, Kosovarez, afeganez, etc... Naquele tempo na zona do Muié falou-se por alguns momentos inglês, quando os “primos” Sul Africanos nos emprestavam os helicópteros, mas também francês com a colaboração que também tivemos dos descendentes do Sr. Tchombé do ex-Congo Belga, mais propriamente a província do Katanga, que se refugiaram no Leste de Angola. Ali continuaram com o enquadramento militar que tinham antes e como contrapartida ao acolhimento que tiveram, passaram a efectuar operações militares na nossa zona em nosso apoio.
Mantinham assim a sua estrutura e treino militar no sentido de um dia voltarem ao seu território de origem .
Que será feito deles? O Jean Marie seu comandante, era a fotografia exacta do Presidente Tchombé, seguramente seu familiar muito próximo.
Um dia, durante uma operação a Sul do Muié, em que actuaram autonomamente, comunicaram via rádio que tinham tido contacto com o IN, e que tinham apanhado 24 “canetas”,
O primeiro impacto no quartel foi de alegria face às 24 “canetas” capturadas (segundo o código vigente, 24 armas), mas,…logo de seguida, veio a preocupação com os insistentes pedidos de apoio, por estarem sem munições e com o IN a tentar atravessar o rio para os atacar.
Perante a situação que se nos afigurava dramática foi lançado um pedido de meios aéreos para o Comando, sendo enviado um Dornier para fazer o lançamento de munições.
O piloto aterrou no Muié para recolher os cunhetes de munições, mas colocou desde logo a questão de não conhecer o terreno pelo que teria que seguir alguém com esse conhecimento. Eu que tinha feito recentemente uma operação naquela zona, lá embarquei como guia de uma navegação à vista que pelos seus riscos, se revestiu de muitas cautelas, afinal o IN andava por aquelas paragens!!!!!
Localizados os militares, após vários círculos de reconhecimento visual, iniciou-se a operação de lançamento dos cunhetes de munições com três voos picados sobre o local onde os militares se encontravam cumprindo-se com sucesso o objectivo.
O piloto era experiente, mas eu a seu lado a guiar o itinerário, ia ficando com o estômago na boca de cada vez que se faziam os voos picados para largar as munições. O IN andava por perto e não se podia arriscar com voos rasantes.
Ficou a experiência, apesar do enjoo e a sensação de dever cumprido.
Os nossos Katangueses, lá vieram já municiados de regresso a pé ao Quartel, mas, qual não foi o nosso espanto…armas nem vê-las!! Tinham-se enganado nos códigos e o que comunicaram via rádio serem 24 “canetas” = armas, eram afinal pessoas, elementos da população que viviam na mata!!!!
E esta??
E esta??
Ex- Alferes José Reis, Batalhão Às de Espadas
Gostei da história.
ResponderEliminarRepresenta uma evolução relativamente ao papel dos katangueses no meu tempo pois então estavam desarmados.(1963)
O grupo a que me referia, estava devidamente enquadrado com comandante proprio. Penso que usavam armas FN, actuaram de forma autonoma só com um ou outro guia local. A ideia que nos transmitiram era que estavam ali para um dia regressarem organizados ao "seu" Congo /Katanga
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