quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

GUINÉ - QUANDO O TEN.COR. COSTA GOMES FOI ABATIDO

O G-91 5411 alguns dias antes de ter sido abatido.

Como habitualmente naquele dia saltei da cama às 05:00h da matina, tocava-me estar na equipa de alerta e a "parelha" de Fiat`s deveria estar pronta para descolar às 06:00 horas.
Éramos apenas dois, eu e o Luís Tavares, todos os restantes iniciariam a actividade normal cerca das 08.00 da manhã. Afinal não, "a parelha de alerta" naquele dia não descolou cedinho… 
Só cerca das 11:00h chegaram o Ten.Cor. Costa Gomes, Comandante do G.O. e o Capitão Fernando Vasquez nosso Comandante de Esquadra para voarem respectivamente o 5411 e o 5416. Uma hora passada, chegou a noticia de que um deles não regressaria à Base. Abatido por fogo de anti-aéreas na zona de Gandembel. Naquela manhã, algo tinha corrido mal… 
O Ten.Cor. Costa Gomes, com o seu bigodinho à Clark Gable, era um homem sisudo, vaidoso, de poucas falas e que nunca sorria. Não era simpático. Mesmo quando interpelado, respondia sempre com monossílabos. Mas era um bom Piloto. Tinha já passado pela BA9-Luanda onde tinha sido “alcunhado” com um curioso epíteto que nunca entendi muito bem! Não o vou dizer, por respeito à sua memória. Já o Capitão Vasquez, era o seu oposto… simples, simpático, sorridente, comunicador e um excelente piloto. Todos gostávamos dele. Um grande Oficial General felizmente ainda entre nós! 
Todos os aviões em voo mantinham escuta permanente em 49,0 MHz, que era o canal para apoio aéreo às forças de superfície. Entretanto foram vários os pilotos que alteraram as missões que estavam a cumprir para se dirigirem a Gandembel. Soube-se depois que o G-91 5411, pilotado pelo Comandante do GO 1201, tinha sido atingido por fogo antiaéreo e incendiara-se. O número dois da formação, alarmado com o enorme rastro de fogo deixado pelo avião, incitara o chefe a ejectar-se imediatamente o que ele fez alguns segundos depois.
Capitão Vasquez

Logo a seguir, enquanto observava o pára-quedas a descer para a mata, o Capitão Vasquez comunicou a situação ao Centro Conjunto de Apoio Aéreo (CCAA) e com essa transmissão rádio alertou o dispositivo aéreo para aquela emergência. 
Houve outros aviões que estavam no ar na altura em que o Tenente-Coronel Costa Gomes se ejectou, mas que não puderam dar apoio. Foi o caso de uma parelha de G-91 formada pelos tenentes Vasconcelos e Sá e Firmino Neves que tinha ido atacar um alvo na mata central do Como. Os pilotos estavam a regressar à Base quando ouviram a comunicação rádio do Capitão Vasquez, mas não podiam fazer nada. Tinham que aterrar porque estavam com pouco combustível.
Assim que chegaram ao estacionamento surgiu o Tenente Balacó Moreira, o único piloto de G-91 disponível na Base, a dar indicações aos mecânicos para aprontarem rapidamente outra parelha. Foi por isso que o Tenente Firmino Neves, desceu de um avião e entrou noutro logo a seguir e depois descolou atrás do Tenente Balacó Moreira em direcção a Gandembel. A meio do caminho ouviram a comunicação que finalmente nos sossegou informando que o Comandante do Grupo tinha entrado no aquartelamento e estava a salvo. 
Tudo o resto está descrito e bem, na bela prosa poética do amigo Jaime Marinho de Moura.

Por:








Mário Santos

2 comentários:

  1. Olá Mário. Este teu artigo foi transcrito no grupo do Facebook "Veteranos da Guerra Colonial", ao qual julgo que também pertences. Ficou a dúvida sobre a data em que este acidente terá ocorrido. Podes esclarecer?
    Um abraço

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