quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

O P2V5 4704



Aqui com a cauda para Sul em mais um ensaio de motores. Lembro-me do 4704 perfeitamente. 
Era um dos mais voados. 
O 4707 enquanto esteve no hangar marítimo e eu na Base nº.6 nunca de lá saiu. Era a "vaca" onde se iam tirar peças para por nos outros aviões por não haver em armazém. Quando estava quase pronto, a acção repetia-se.
Quando cheguei á Base nº.6 os P2V5 estavam nos hangares da NATO e viajávamos 4 vezes por dia em autocarro até essas instalações para trabalhar. Quando a beneficiação do hangar acabou ao fim de uns largos meses, voltaram á sua casa.
Na Ilha do Sal

Como curiosidade dou a conhecer uma particularidade daqueles tempos. Todos sabem que nessa altura, os P2V5 tinham uma missão contínua para a NATO, que consistia num destacamento de vinte dias na Ilha do Sal em Cabo Verde. A FAP fazia a patrulha marítima do flanco sul do Atlântico norte.
Ora em Cabo Verde o que havia era, nada. 
Assim as tripulações tinham que gerir os seus abastecimentos. No compartimento destinado ás bombas seguiam lado a lado um depósito de combustível e um contentor carregado de couves, batatas, cenouras, bacalhau e o que mais possam imaginar e, que fosse importante para a dieta da rapaziada. O mais curioso era o transporte de água. Imaginem uma fila de garrafões de água ao longo de todo o comprimento do avião. Uma imagem muito engraçada, não registada porque naquele tempo não existiam os meios actuais e era proibido fotografar as aeronaves. Os garrafões eram de vidro forrados a plástico iguais aos do vinho. Era o que havia na altura e era Água da Bela Vista de Setúbal. Carreguei muitos para colaborar embora não fosse da linha da frente.

Qualquer camarada daquele tempo pode confirmar que era mesmo assim.


Por Carlos Gato


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