quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

A VISITA DE AMÁLIA RODRIGUES E INAUGURAÇÃO DO CINEMA CHICAPA.


Durante os largos meses destacado no AB4 a fazer levantamentos topográficos, a certa altura constou-se que a grande fadista Amália Rodrigues iria ser a madrinha na inauguração da sala do novo cinema Chicapa em Henrique Carvalho, entretanto acabado de construir.
Refira-se que o nome Chicapa deriva do grande rio africano que atravessa a região da cidade em direcção ao norte, entrando no rio Cassai que, por sua vez, vai desaguar no rio Zaire.
O alvoroço que esta notícia provocou nos militares, foi saber que a Amália viria de avião militar a partir de Luanda e, forçosamente, a aterragem teria de ser nesta Base, representando assim uma oportunidade única para conhecer pessoalmente a saudosa artista.
No dia 8 de Maio de 1972, aterra no AB4 o avião militar NORATLAS trazendo a bordo a fadista Amália.
Quando o aparelho rolou para a placa de estacionamento já esta estava apinhada de militares, oficiais, sargentos e praças, incluindo o comandante da Base.
A porta da aeronave é aberta e logo surge à saída a figura vestida de negro, sorridente, de braços abertos. Foi o delírio! Os militares entusiasmados convergiram para a Amália, pegaram nela aos ombros e passearam-na durante largos metros! Depois foi um bombardear de fotografias com a artista rodeada por aquela multidão eufórica gritando constantemente vivas à Amália, enquanto ela timidamente, sorrindo sempre, se confundia no meio daquele mar de fardas azuis.
Pela minha parte, com muito custo cheguei junto dela e consegui tocar-lhe na mão que estendia para nos saudar. Por fim, as entidades civis que a esperavam, lá a meteram num dos automóveis e partiram para Henrique Carvalho de baixo de grandes aplausos. 
No dia da inauguração do cinema Chicapa não estive presente mas fiquei radiante e satisfeito por ter conhecido pessoalmente a Amália Rodrigues e logo em plena savana de Angola no centro do continente africano, bem distante da longínqua Metrópole.
Foi a única vez que vi a saudosa Fadista em pessoa.
Um pormenor curioso me surpreendeu: achei a Amália muito pequenina comparada com a sua imagem vista na televisão.

Por:









Agradecemos ao Sr. Major Serafim Esteves, nos ter permitido transcrever este texto do seu livro "As Memórias do Major".

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