sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

NO DIA EM QUE TODOS QUERIAM IR PARA A FORÇA AÉREA...

A estação de radares da Esquadra 11 do GDACI - Montejunto
A situação desenrola-se em meados de 1970, estava eu como aspirante no Batalhão de Caçadores 5 em Lisboa, a dar instrução de transmissões. O meu pelotão foi nomeado para protecção ao fogo que lavrava na Serra de Montejunto. Quase de improviso a meio da tarde, farda de trabalho, um casqueiro com uma febra dentro, meteram-nos num camião que nos levou de Campolide em Lisboa ao cimo da serra de Montejunto e disseram-nos aguarde!
Aguardávamos instruções, ou alguém deveria chegar para nos dar instruções, não havia fogo a combater em lado nenhum, visitámos o local. 
Cercado por arame estavam os radares, perto havia algumas ruínas e um frio que se
Capela da Senhora das Neves
começava a fazer sentir…por isso ali se guardava o gelo para a casa real, comemos o casqueiro e aguardámos…chegou a noite, tentei abrir a porta da igrejinha que existe por lá, a porta era 
resistente, acomodámo-nos no adro e aguardámos.
Pelas 10 da noite o pessoal tremia com frio e fome, estávamos abandonados no cimo da Serra de Montejunto…lembrei-me, que antes de chegar tínhamos passado por um quartel a uns 3 ou 4 km. Sugeri e pedi a um dos cabos milicianos, que descesse até ao quartel a ver se conseguia comprar uma garrafa de aguardente, para distribuir pelo pessoal, felizmente tinha levado uma nota de mil escudos.
Foi longa a espera até que se avistou uma viatura a subir a serra, chegou pouco depois um jeep, com a apetecida garrafa de bagaço para distribuir pelo pessoal…oferta do comandante da base aérea, além disso uma panela com café quente e não me lembro que mais. A mim ofereceram-me alojamento na base, o que declinei por entender não dever abandonar os homens na serra.
Quartel da Esquadra 11 - Montejunto
No dia seguinte uma viatura da base veio recolher-nos e tivemos um pequeno-almoço na base, com pãozinho quente à descrição e manteiga verdadeira, conforme realçou um dos soldados. Realmente não me lembro se nos deram almoço, mas a meu pedido voltámos à nossa missão de prevenção ao fogo no cimo da serra. Tentámos contactar o B.Caç. 5 com um rádio de dar aos pedais, a bateria já tinha esgotado, nada. O único contacto foi com o quartel-general em Lisboa, que contactou com o B.Caç. 5 e nos disse que iríamos ser recolhidos…fomos recolhidos pelas 4 da tarde…
Pão com manteiga verdadeira logo pela manhã! Houvesse por ali “boletins de inscrição” e a força aérea teria ganho mais 30 recrutas para as suas forças.
A mim ficou-me uma simpatia pela força aérea. Mais tarde em missão em África não me desiludiram.





Armando Monteiro.
Alf.Mil.Transmissões BCaç 3831

4 comentários:

  1. Esquadra 11 e não 12. A 12 é em Paços de Ferreira e a 13 era na Serra da Estrela. AV

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    1. Agradecidos pela chamada de atenção, caro Avelino Vieira. Realmente, a numeração das Esquadras do GDACI é conforme indicais.
      E o que é facto, é que tendo eu editado o artigo, é grave (!) pois estive na Esquadra 11 quase 2 anos 69/70 !
      Um abraço.
      P'los Editores
      A.Neves

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    2. Não se trata de nenhuma Base Aérea mas sim de uma Esquadra de Radar de Detecção

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  2. Eu também fui para Montejunto, em 1969 até setembro de 1971.

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