Muito falamos. Ele ia para operação, no dia seguinte de madrugada.
Era uma coisa que ele detestava fazer, voar de héli. Eu seguiria de manhã, de NordAtlas para Henrique de Carvalho para fazer o espólio de 3 anos e meio de Leste de Angola, comissão, mais um ano solicitado e mais 6 meses de “lerpa”, e a seguir para Luanda afim de embarcar no Boeing da FAP, rumo ao “puto”.
Combinámos encontrar-nos após a comissão dele, faltavam-lhe 7/8 meses, éramos da mesma zona, ele de Oeiras, eu de Paço D´Arcos.
28/3/1974 - Acidente (2) entre os helis 9255 e 9361 em Cangombe-Cachipoque - foto de Benjamim Almeida CArt6551 |
Ele tinha-me pedido para eu trazer alguma coisa para os pais, não me lembro o quê. Alguns dias após chegar a Lisboa fui a casa deles. Choraram, chorei, queriam saber tudo do filho (único), se tinha lá deixado filhos ou, alguém que estivesse grávida dele, o que ele fazia ou não fazia, gostava ou não gostava, enfim um sem número de questões, para que não estava emocionalmente preparado para as ter, por fim, quase que me queriam adoptar, por ter sido companheiro de quarto do filho deles durante um ano e tal.
Foi uma perda dum amigo, que, para quem esteve em África e compartilhou tanto tempo com uma pessoa num quarto de 2 camas, em que todas as noites, havia um bate papo de todos os assuntos, antes de adormecermos.
É algo que nos marca para sempre.
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