9º. ANIVERSÁRIO
Decorria o ano de 1970, mais propriamente no dia 7 de Fevereiro em que se comemorou o “Dia da Unidade” no Aeródromo-Base Nº.3, com o seguinte programa:
Içar da Bandeira com honras prestadas por uma companhia de Polícia Aérea, sob o comando do capitão Brito. Presidiu à cerimónia o comandante da Unidade, acompanhado por representações de oficiais, sargentos e praças das várias especialidades. Celebrou-se depois missa na Capela da Unidade em sufrágio dos militares falecidos, a que se seguiu formatura geral.
As cerimónias encerraram-se com a entrega de seis novas moradias aos sargentos, no seu novo Bairro.
ALOCUÇÃO PROFERIDA
PELO COMANDANTE DO A.B.3, TEN. COR. PIL. AV. OLIVEIRA BELO
T.Coronel Oliveira Belo |
“Em primeiro lugar os meus sinceros agradecimentos às entidades militares das Unidades do Exército aquarteladas no Negage que com a sua honrosa presença atestam a estreitam cooperação que se tem mantido no cumprimento da missão.
Passa hoje, dia 7 de Fevereiro de 1970, mais um aniversário da fundação do Aeródromo-Base Nº. 3, é ele o nono.
Estamos aqui reunidos, em festa puramente militar, para relembrar esse momento assaz feliz em que, pelos chefes responsáveis pela Força Aérea, foi tomada a decisão de fundar o A.B.3 no seio do Norte de Angola onde com orgulho temos vindo a servir.
Nesta festa tão simples há duas cerimónias caracteristicamente militares e de valor transcendente para todos nós portugueses, militares e civis.
A primeira a que acabámos de assistir, resumiu-se na investidura dos militares que, durante o corrente ano, terão a suprema honra de empunhar os símbolos da Pátria Portuguesa, da Força Aérea e desta Unidade.
A segunda a que iremos assistir dentro de breves momentos, é uma homenagem em memória dos mortos da Unidade e da Força Aérea, concretizada por um minuto de silêncio.
Com estas duas cerimónias quisemos vincar, para sempre, a nossa determinação inabalável de nos batermos pelo mesmo ideal porque eles lutaram e morreram.
No âmbito da missão atribuída às forças Armadas – defesa da integridade do território Nacional – à Força Aérea incumbe o seu cumprimento no espaço aéreo compreendido, actuando pelo ar, no ar e em terra.
Empenhada nesta tarefa se encontra esta Unidade desde os momentos cruciais de 1961 e desde aí tornou-se num dos baluartes da defesa do Norte da província, digo mesmo de toda a província, pois as asas que aqui se acoitam têm vindo, continuadamente, a estender a sua acção às mais longínquas paragens. Desde o Zaire ao Cunene, a Cabinda, ao Cazombo e às terras do fim do mundo, quase não há pista nesta Angola imensa donde as asas do A.B.3 não tenham actuado.
Tribuna |
Não nos cabe a nós louvar a acção de inestimável valor desta unidade, (louvor em boca própria nunca foi do nosso agrado) mas é-me muito grato poder afirmar que os anos de 1967, 1968 e 1969 foram, até agora, os de maior rendimento operacional desde a fundação do A.B.3.
Isto quere dizer que todos, sem excepção, rendemos mais e que a capacidade operacional se manteve praticamente inalterável não obstante a redução sensível em meios, pessoais e materiais.
Merece uma referência especial o ano findo em que o A.B.3, respondendo a todas as solicitações que lhe foram feitas, cumpriu a missão com apenas dois acidentes, cujas consequências não foram além de uma aeronave destruída não havendo qualquer fatalidade a mencionar no pessoal.
Ao constatar os óptimos resultados obtidos no ano transacto não quero deixar passar esta oportunidade sem manifestar o meu muito apreço a todo o pessoal, militar e civil, que, de algum modo, directa ou indirectamente, sem distinção de hierarquias e especialidades, para eles contribuiu.
Os nossos chefes confiam em nós, porque, desde sempre, o pessoal que aqui trabalha tem sabido cumprir o seu dever com uma dedicação e um entusiasmo que me apraz realçar e me permite afirmar que podemos continuar a ir em frente com o nosso trabalho e no rumo encetado, com a certeza de que as qualidades evidenciadas até agora serão mantidas intactas.
Esta confiança e esta certeza que o A.B.3 tem afirmado desde 1961, não com palavras, mas com factos, com obras, com o vosso trabalho e o vosso querer tem penetrado em todos os sectores, tanto civis como militares.
A prontidão com que satisfazemos os pedidos de apoio aéreo tem sido elogiada vezes sem conta pelos beneficiados, civis e militares.
O ambiente de esperança firme, mesmo de segurança que se vive nestas paragens desde 1961, o qual tem permitido o afluxo de pessoas, de bens e investimentos foi, sem dúvida, fomentado pela implantação desta Unidade.
Entrega da bandeira e guião à nova escolta |
Quando aqui chegou a Força Aérea e começou a construir, de pedra e cal, convenceu por obras que estão à vista de todos, aqueles cépticos e desanimados, que estas terras nunca deixarão de ser portuguesas.
Depois desta caminhada admirável de nove anos em que numa continuidade impressionante e serena nos temos mantido, podemos e devemos revigorar o nosso moral de forma a podermos vencer os obstáculos que com certeza as invejas e as cobiças alheias semearão na nossa rota.
Mais do que nunca necessitamos de estar atentos e vigilantes no cumprimento dos nossos deveres de militares e Portugueses.
Só nos podemos desempenhar desta responsabilidade suprema se pusemos em todas as acções e na execução das tarefas atribuídas toda a nossa inteligência, saber, dedicação e interesse.
Em cada momento deve existir a preocupação de bem servir e a insatisfação constante na procura do aperfeiçoamento que nos conduz ao melhor rendimento.
A falta de condições ou de possibilidades da Unidade nunca serviram de justificação para o não cumprimento do dever, pois independentemente de quaisquer factores nesta Unidade sempre se cumpriu.
Os fundadores do A.B.3, em 1961, cumpriram e de entre vós há quem possa testemunhar como era então esta Base – ausência total de tudo o que os nossos olhos agora podem contemplar. Tudo o que vemos não passava de um sonho dourado há nove anos, mas essa gente de então, militares e civis, porque quiseram, muito puderam e nós, porque queremos, vamos poder.”
NOVAS MORADIAS NO BAIRRO DE SARGENTOS DO AERÓDROMO-BASE
Nº.3
Imóvel visto de frente |
No passado dia 7 de Fevereiro, “Dia da Unidade”, realizou-se no Aeródromo-Base Nº.3, no Negage, a cerimónia da entrega de um imóvel no novo Bairro de Sargentos, composto por seis moradias. Quatro das referidas moradias foram construídas sob o patrocínio do comandante da 2ª. Região Aérea, general Viana Tavares. As duas restantes devem-se à iniciativa do comandante da Unidade, tenente-coronel piloto-aviador António Duarte de Oliveira Belo. O “Dia da Unidade” foi assim um duplo dia de festa para os sargentos do Aeródromo-Base nº.3, graças à concretização de uma obra a todos os títulos meritória.
Capelão Alf. Casimiro Ferreira Alves benzendo as moradias e Comandante do AB3 no momento da distribuição das chaves das 6 moradias
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Ten. Cor. Oliveira Belo falando aos Sargentos após distribuição das chaves |
Até breve
O amigo
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