sexta-feira, 14 de agosto de 2015

AB3 - NEGAGE, O 9º. ANIVERSÁRIO

A.B. Nº. 3 – NEGAGE – 07/FEVEREIRO/1970

9º. ANIVERSÁRIO

Decorria o ano de 1970, mais propriamente no dia 7 de Fevereiro em que se comemorou o “Dia da Unidade” no Aeródromo-Base Nº.3, com o seguinte programa: 
Içar da Bandeira com honras prestadas por uma companhia de Polícia Aérea, sob o comando do capitão Brito. Presidiu à cerimónia o comandante da Unidade, acompanhado por representações de oficiais, sargentos e praças das várias especialidades. Celebrou-se depois missa na Capela da Unidade em sufrágio dos militares falecidos, a que se seguiu formatura geral. 
As cerimónias encerraram-se com a entrega de seis novas moradias aos sargentos, no seu novo Bairro.

ALOCUÇÃO PROFERIDA PELO COMANDANTE DO A.B.3, TEN. COR. PIL. AV. OLIVEIRA BELO

T.Coronel Oliveira Belo
“Em primeiro lugar os meus sinceros agradecimentos às entidades militares das Unidades do Exército aquarteladas no Negage que com a sua honrosa presença atestam a estreitam cooperação que se tem mantido no cumprimento da missão.
Passa hoje, dia 7 de Fevereiro de 1970, mais um aniversário da fundação do Aeródromo-Base Nº. 3, é ele o nono.
Estamos aqui reunidos, em festa puramente militar, para relembrar esse momento assaz feliz em que, pelos chefes responsáveis pela Força Aérea, foi tomada a decisão de fundar o A.B.3 no seio do Norte de Angola onde com orgulho temos vindo a servir. 
Nesta festa tão simples há duas cerimónias caracteristicamente militares e de valor transcendente para todos nós portugueses, militares e civis.
A primeira a que acabámos de assistir, resumiu-se na investidura dos militares que, durante o corrente ano, terão a suprema honra de empunhar os símbolos da Pátria Portuguesa, da Força Aérea e desta Unidade.
A segunda a que iremos assistir dentro de breves momentos, é uma homenagem em memória dos mortos da Unidade e da Força Aérea, concretizada por um minuto de silêncio.
Com estas duas cerimónias quisemos vincar, para sempre, a nossa determinação inabalável de nos batermos pelo mesmo ideal porque eles lutaram e morreram.
No âmbito da missão atribuída às forças Armadas – defesa da integridade do território Nacional – à Força Aérea incumbe o seu cumprimento no espaço aéreo compreendido, actuando pelo ar, no ar e em terra.
Empenhada nesta tarefa se encontra esta Unidade desde os momentos cruciais de 1961 e desde aí tornou-se num dos baluartes da defesa do Norte da província, digo mesmo de toda a província, pois as asas que aqui se acoitam têm vindo, continuadamente, a estender a sua acção às mais longínquas paragens. Desde o Zaire ao Cunene, a Cabinda, ao Cazombo e às terras do fim do mundo, quase não há pista nesta Angola imensa donde as asas do A.B.3 não tenham actuado.
Tribuna
Não nos cabe a nós louvar a acção de inestimável valor desta unidade, (louvor em boca própria nunca foi do nosso agrado) mas é-me muito grato poder afirmar que os anos de 1967, 1968 e 1969 foram, até agora, os de maior rendimento operacional desde a fundação do A.B.3. 
Isto quere dizer que todos, sem excepção, rendemos mais e que a capacidade operacional se manteve praticamente inalterável não obstante a redução sensível em meios, pessoais e materiais. 
Merece uma referência especial o ano findo em que o A.B.3, respondendo a todas as solicitações que lhe foram feitas, cumpriu a missão com apenas dois acidentes, cujas consequências não foram além de uma aeronave destruída não havendo qualquer fatalidade a mencionar no pessoal. 
Ao constatar os óptimos resultados obtidos no ano transacto não quero deixar passar esta oportunidade sem manifestar o meu muito apreço a todo o pessoal, militar e civil, que, de algum modo, directa ou indirectamente, sem distinção de hierarquias e especialidades, para eles contribuiu.
Os nossos chefes confiam em nós, porque, desde sempre, o pessoal que aqui trabalha tem sabido cumprir o seu dever com uma dedicação e um entusiasmo que me apraz realçar e me permite afirmar que podemos continuar a ir em frente com o nosso trabalho e no rumo encetado, com a certeza de que as qualidades evidenciadas até agora serão mantidas intactas. 
Esta confiança e esta certeza que o A.B.3 tem afirmado desde 1961, não com palavras, mas com factos, com obras, com o vosso trabalho e o vosso querer tem penetrado em todos os sectores, tanto civis como militares. 
A prontidão com que satisfazemos os pedidos de apoio aéreo tem sido elogiada vezes sem conta pelos beneficiados, civis e militares.
O ambiente de esperança firme, mesmo de segurança que se vive nestas paragens desde 1961, o qual tem permitido o afluxo de pessoas, de bens e investimentos foi, sem dúvida, fomentado pela implantação desta Unidade.
Entrega da bandeira e guião à nova escolta
Quando aqui chegou a Força Aérea e começou a construir, de pedra e cal, convenceu por obras que estão à vista de todos, aqueles cépticos e desanimados, que estas terras nunca deixarão de ser portuguesas. 
Depois desta caminhada admirável de nove anos em que numa continuidade impressionante e serena nos temos mantido, podemos e devemos revigorar o nosso moral de forma a podermos vencer os obstáculos que com certeza as invejas e as cobiças alheias semearão na nossa rota. 
Mais do que nunca necessitamos de estar atentos e vigilantes no cumprimento dos nossos deveres de militares e Portugueses. 
Só nos podemos desempenhar desta responsabilidade suprema se pusemos em todas as acções e na execução das tarefas atribuídas toda a nossa inteligência, saber, dedicação e interesse. 
Em cada momento deve existir a preocupação de bem servir e a insatisfação constante na procura do aperfeiçoamento que nos conduz ao melhor rendimento.
A falta de condições ou de possibilidades da Unidade nunca serviram de justificação para o não cumprimento do dever, pois independentemente de quaisquer factores nesta Unidade sempre se cumpriu. 
Os fundadores do A.B.3, em 1961, cumpriram e de entre vós há quem possa testemunhar como era então esta Base – ausência total de tudo o que os nossos olhos agora podem contemplar. Tudo o que vemos não passava de um sonho dourado há nove anos, mas essa gente de então, militares e civis, porque quiseram, muito puderam e nós, porque queremos, vamos poder.” 


NOVAS MORADIAS NO BAIRRO DE SARGENTOS DO AERÓDROMO-BASE Nº.3
Imóvel visto de frente
No passado dia 7 de Fevereiro, “Dia da Unidade”, realizou-se no Aeródromo-Base Nº.3, no Negage, a cerimónia da entrega de um imóvel no novo Bairro de Sargentos, composto por seis moradias. Quatro das referidas moradias foram construídas sob o patrocínio do comandante da 2ª. Região Aérea, general Viana Tavares. As duas restantes devem-se à iniciativa do comandante da Unidade, tenente-coronel piloto-aviador António Duarte de Oliveira Belo. O “Dia da Unidade” foi assim um duplo dia de festa para os sargentos do Aeródromo-Base nº.3, graças à concretização de uma obra a todos os títulos meritória.
Capelão Alf. Casimiro Ferreira Alves benzendo as moradias e Comandante do AB3 no momento da distribuição das chaves das 6 moradias
Ten. Cor. Oliveira Belo falando aos Sargentos após distribuição das chaves

 Notas: Recolha de informação na Revista “Mais Alto” nº. 131 – Março 1970

Até breve                                                                                   
O amigo 








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