sexta-feira, 18 de julho de 2014

ÁLVARO BARROSO - A CAMINHO DO AB4


Depois de dezanove meses de serviço militar, e quando nada o fazia esperar (há explicação para tal, mas não vem agora ao caso), eis que na Ordem de Serviço da BA 1 – Sintra, sai a minha nomeação para o AB 4 – Henrique de Carvalho – Angola.
As datas eram bem definidas e tinha duas semanas para tratar de tudo, desde a despedida da família (que estava a mais de 400 Km, entre ida e volta) até ao desquite, na unidade e o recebimento do fardamento para o Ultramar.
Na BA 1, não tinha recebido qualquer tipo de fardamento, mas sim na recruta na BA 2 –Ota, e nem todo ele novo (a estrear), mas quando do “famigerado” desquite, toca a pagar pelo uso que não tinha dado, desde as botas que eram para 26 meses (mas que agora o Sarg. Avaliador) dizia que nem para um mês davam, até aos lenços que não me assoei, tive que pagar. Como isto fosse pouco, ainda havia que passar por todas as Secções, Serviços, Secretarias e Bares (de Praças, Sargentos e Oficias, como se lá tivéssemos entrada, pois que era Cabo Especialista/praça), em como não tínhamos dividas.         
Posto estas primeiras “aventuras“ e para encurtar, pois que mais haveria para dizer, estava pronto para embarcar, mas não de avião como seria suposto uma vez que servia a Força Aérea, mas sim de barco, no Vera Cruz.

Maio de 1967, Cais de Rocha de Conde de Óbidos, sozinho e sem ninguém para dizer um adeus (mas com algumas centenas de homens do Exército que formavam Companhias/Batalhões ) e alguns poucos companheiros da Força Aérea, em que só conhecia UM.
Este (UM) tinha feito os Cursos comigo e tinha vindo de Angola (onde tinha toda a família ) fazer o serviço militar na F.A.. Grande AMIGO e COMPANHEIRO que foi quem me deu grande apoio e ânimo para aquela viagem até África, que ele tão bem conhecia.
A viagem no que respeita a termos meteorológicos, até decorreu bem com mar calmo e céu limpo, mas já o mesmo não aconteceu no que diz respeito a alojamentos e alimentação. Como Praças que éramos, lá fomos instalados num beliche lá bem no fundo do navio, que tinha todos os espaços (corredores) ocupados com camas duplas de r/c e 1º andar, tal como no beliche, pois que quantos mais coubessem, melhor seria.
Com tanta gente a bordo, para o qual o navio não tinha sido construído é de prever o que acontecia com as casas de banho, com uma piscina (tanque em madeira) forrado com uma tela impermeável, colocada na popa (ré) do navio. Pois bem, no meio de todo aquele pessoal encontravam-se militares que da semana de campo (treino que faziam para embarcar para África) seguiram para bordo, e ainda traziam lama nos calções da preparação física, e que seriam os mesmos que iriam servir de fato de banho para irem para a piscina. 
Escusado será dizer, que passados poucos minutos de a piscina ser lavada, e cheia de água limpa, estava toda turva e imprópria. Nunca lá me meti, mas numa noite (de dia não era possível) e quando o calor já era muito a anunciar a proximidade de África, fui para a piscina dos oficiais, pois que viajavam em 1ª classe e os sargentos em 2ª . Na 3ª classe, a das praças, via-se de tudo, desde o urinar para o chão até obrar para a bacia das limpezas da referida zona.     E assim se foram passando os 11 onze dias de viagem, mas quando na noite de véspera da entrada do navio na baía de Luanda, este desliga uma das hélices e adorna para um dos lados, nem vos passa pela cabeça, o que eram aqueles corredores, cheios de líquidos…

Finalmente Luanda, cidade lindíssima e com uma baía, uma ilha e uma marginal espectaculares, mas muito, muito quente.

Ainda não bem refeito de todas as peripécias da viagem (porque foram mais que as anteriormente descritas), eis outro problema pela frente o calor, com a sede que ele provoca, a transpiração e a necessidade de roupa leve.
Qual quê, nada disso: ainda dentro do navio, tínhamos sido avisados de que tínhamos que sair fardados com o uniforme de 1ª ; “ Dólmen, Camisa e Gravata, etc. “ para apresentação na Região Aérea.
Apresentação feita e envio para a BA 9 - Luanda, para camarata pré-fabricada em metal, em que o calor ainda era superior ao do exterior. Tomávamos banho e em seguida, a transpiração era superior à anterior ao banho, e sem ser necessário enxugar a água- Vou-me desfazer com “em suor”, e vou desaparecer para sempre……- Calma “ irmão “ , dizia-me o UM – para onde vamos, Henrique de Carvalho – AB 4, tem um clima muito idêntico ao da Metrópole.Por ali ficámos mais uns dias, aguardando o NordAtlas que nos levaria ao destino.O dia chegou e o destino também, e uma Família desconhecida nos esperava.FAMÍLIA essa, que ainda hoje se reúne e que com SAUDADE, AMIZADE e que com um ESPIRITO FRATERNO, recorda essas histórias...“ os CHAMUANZAS “
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