quinta-feira, 17 de junho de 2021

VOO NOCTURNO

Cazombo - foto de Gonçalo Carvalho


Pois é o voo noturno era proibido, mas às vezes acontecia.
Um dia, no Cazombo, estava eu de alerta no nosso gabinete da linha, todos na cavaqueira, quando ao final da tarde toca aquela campainha que dava o sinal de aviso para DO ou Héli.
Era estranho àquela hora, mas ordens são ordens, rápidamente o DO fica pronto, chega o piloto neste caso o Patrício, diz ele: vamos embora que se faz tarde!
Olhei para ele e digo: a esta hora já nos f.....!
Descolagem em direção a um qualquer aquartelamento do exército, era relativamente perto.
Chegados ao destino, o evacuado era um soldado ferido grave rapidamente embarcado. Como sabem o dia é curto, o dia a findar as preocupações no regresso a aumentar, ainda disse ao Patrício: é pá não vamos ter tempo!
Mas devido á gravidade do ferido lá descolamos.
Como era de prever a meio do regresso fez-se noite, uma noite escura como breu, íamos calados, lá em baixo na mata viam-se de onde em onde fogueiras, porque "eles" estavam lá.
Continuámos a voar práticamente calados, até que ao longe se começa a ver o clarão das luzes do Luso, respiramos de alívio, alinhamos com o rádio farol, contactamos com a torre do Luso e a aterragem é efectuada sem problemas. 
Na placa esperava-nos todo o pessoal da linha, o chefe Isidro "Meirim" e mais atrás o comandante Sachetti, ele e o  Patrício seguiram para as Operações, eu fiquei a a ajudar os maqueiros e a amarrar o DO.
Moral da estória arriscamos, para salvar um camarada ferido com gravidade, mas voar de noite naquela zona era de cortá-las.
Foi mais uma missão arriscada de entre muitas, felizmente correu bem, talvez o camarada se tenha safado, nós fizemos o que pudemos ainda que infringindo as regras.


Ano 1973, MMA Tomaz

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