quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

UMA HISTÓRIA APÓS O MEU REGRESSO DE ANGOLA


Após o meu regresso de Angola, em 1970, fui colocado no então AB 1 na Portela, e como não dormia na unidade, ia todos os dias da Amadora para Lisboa, quando perdia o autocarro da unidade lá tinha que apanhar o comboio até ao Rossio, e depois o autocarro da carris para o aeroporto, autocarro esse que partia do Martim Moniz.
Estando eu um dia à espera do referido autocarro, devidamente uniformizado e com a “fivela” correspondente à medalha das campanhas de África, medalha essa que nunca me foi entregue, aparece junto à paragem uma senhora toda “queque” a fazer um peditório para o MNF, para os pobres soldados que estavam a “defender a Pátria” nas “províncias ultramarinas”, dinheiro esse que seria empregue nos referidos soldados.

Eu, que na altura em que lá estive recebi um isqueiro, que não funcionava, uns maços de tabaco intragável cheio de humidade e uma esferográfica com a tinta seca, lá tive que dizer que tudo o que ela dizia era uma treta porque o que nos chegava eram doações de empresas e normalmente coisas que não prestavam.
Em resposta a referida senhora ameaçou-me com a polícia e que iria fazer queixa de mim, e as pessoas que estavam na paragem começaram a dizer para eu me ir embora dali senão podia ter problemas.
Era este MNF (organização fascista das mulheres) que quando chegavam militares por via aérea ao AB1, apareciam aquelas abutres e também da CVP, mas para ver se compravam perfumes e tabacos estrangeiros, porque a preocupação, pelos feridos que eram evacuados, era acessória.

Tudo isto se passou em 1970, não me recordo do dia e do mês.


Por: O. D. Coelho / MMA




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