Vindos diretamente de França, com passagem pelas OGMA, os primeiros 3 Alouette III, de uma encomenda de 15, chegaram a Luanda transportados em DC6-A, no dia 27 de Maio de 1963. O primeiro voo foi executado pelo então Capitão Piloto Aviador Abel Queirós no dia 18 de junho de 1963, no "9254".
Em Junho estavam prontos a voar 2, em Julho 5, em Agosto 5, em Novembro 1 e em Dezembro os últimos 2.
Formaram a Esquadra 94 com o lema do "Miconge à Luiana", sendo efetivamente a primeira esquadra operacional de Alouette III na Força Aérea. Foram atribuídos à Base Aérea nº. 9 em Luanda, e voados inicialmente por 12 pilotos qualificados em França, com pouca experiência de voo e sem treino operacional.
No dia 25 de agosto de 1966, segundo testemunho do Coronel Villalobos Filipe, saíu da BA9 uma parelha de helicópteros, o “9254” na configuração de helicanhão e o “9264” como transportador, em missão de apoio ao Comando de Agrupamento nº.1974 que, sedeado no AB4, em Henrique de Carvalho, comandava a Zona de Intervenção Leste, ZIL.
Face à situação operacional, esta unidade do Exército encontrava-se envolvida no combate a forças da União Nacional para a Independência Total de Angola, UNITA, que em setembro efetuaram a primeira ação armada em Lucusse. A parelha, inicialmente voou para o Luvuei, localidade situada em pleno coração da mata, completamente isolada, sendo que as cidades mais próximas se situavam a mais de duas centenas de quilómetros.
Eram as chamadas “Terras do Fim do Mundo”. As operações com os helicópteros decorreram durante cerca de um mês, envolvendo para além da tropa de quadrícula, Companhias de
Comandos e Paraquedistas, alcançando nestas ações assinaláveis sucessos. Para atingir estes resultados contribuíram os helicópteros destacados, que trouxeram consigo o conceito de mobilidade e o efeito surpresa.
No final da operação, em vez de retornarem à “Base Mãe”, em Luanda, os aviadores receberam ordem para rumar ao Aeródromo de Manobra nº 43 (AM43), no Cazombo, Leste de Angola.
Depois de substituídas as tripulações, os helicópteros permaneceriam no Leste, dando assim origem ao que poderemos chamar a génese da Esquadra 402 "Saltimbancos", unidade com sede no AB4, em destacamento no Aeródromo de Recurso do Luso, que seria a segunda Esquadra de helicópteros em Angola, tendo sido efetivamente criada anos mais tarde, em Outubro de 1969.
A Esquadra 402 "Saltimbancos" seria formada em 1969 no Aeródromo Base nº. 4, em Henrique de Carvalho. No ano seguinte, seria definitivamente deslocada para o Aeródromo de Recurso no Luso, na dependência do AB4 e assumindo a responsabilidade dos destacamentos no Cazombo e em Gago Coutinho.
1967 seria o ano em que a aliança entre Portugal, a África do Sul e a Rodésia, daria os primeiros passos.
Para utilização em Angola e juntando-se ao lote inicial de cinco Alouette III, a África do Sul disponibilizaria mais oito aparelhos a serem utilizados faseadamente. Seria o pôr em marcha do “Exercício Alcora”.
Neles apenas seria autorizada a aplicação de matrículas, numa série criada para este efeito e que viria a ser conhecida pelo nome de “Black Block”. Compreendiam-se neste lote os números desde o “9317” até ao “9332”.
Em 6 de maio de 1968, a Força Aérea Sul Africana (SAAF) criou uma base, designada 1st Air Component (1ª. Componente Aérea), para utilização permanente em Rundu, na faixa do Caprivi, fazendo praticamente fronteira no extremo sul de Angola.
Em 1969, pelas mãos do Comandante-Chefe, General Almeida Viana, foram criadas as Zonas de Intervenção Norte (ZIN) e Leste (ZIL). Nesta última, a Força Aérea, a par do Exército, era comandada pelo AB4, mas contava como principal base para o emprego dos Alouette III, o Aeródromo de Recurso do Luso, onde a Esquadra 402 "Saltimbancos" assegurava destacamentos no AM43, Cazombo (DC “Caz”), no Aeródromo de Recurso de Gago Coutinho (DC “G”), efetuando sempre que necessário deslocações ao Aeródromo de Recurso do Cuito Cuanavale (DC “C”) e ao Aeródromo de Recurso de N’Riquinha. No Cuito Cuanavale, em cooperação com as forças sul africanas, era mantido um Alouette III armado com canhão MG-151 que providenciava apoio de fogo aos ”Primos”, denominação que as nossas forças carinhosamente atribuíam aos seus congéneres da África do Sul.
O ano de 1970 revelou o incremento das ações militares envolvendo os Alouette III, com particular incidência na utilização deste meio aéreo nos agrupamentos “Siroco”, a decorrer no Leste de Angola e que tinham sido iniciadas no ano anterior. A utilização destes helicópteros por parte da Esquadra 402 "Saltimbancos", no transporte de tropas de intervenção, ou no apoio de fogo destas forças terrestres, viria a revelar-se muito eficaz nesta região.
Até ao ano de 1971, ano em que recebemos as últimas unidades encomendadas, foram comprados por Portugal, 136 AL III.
O número de total destas aeronaves na Força Aérea estima-se entre 136 e 142 em abril de 1973.
Foi no ano de 1965 que a Força Aérea viu o Alouette III ser equipado com 20 canhões MG-151, ficando por fornecer outros 10 no início do ano seguinte.
A missão de apoio de fogo era executada através da utilização do helicóptero equipado com um canhão, MG-151 de 20 mm, montado transversalmente na cabine de passageiros. Capaz de disparar numa cadência de 700 disparos por minuto, com munições explosivas/incendiárias.
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