quinta-feira, 5 de março de 2020

DEIXARAM A ENXADA E A NAMORADA NA TERRA


Deixaram a enxada e a namorada na terra, deixaram casas, família e amigos e por aqui andaram, espalhando coragem e desgastando juventude ao longo destas picadas, deram o máximo, talvez com alguma ingenuidade na aurora de uma nova era. 
Porém não se ponha nunca em causa a dedicação, a coragem e os sacrifícios com que percorreram estas picadas, tentando chegar depressa, para que o medo fosse por menos tempo.
Aqui foram curtidas e temperadas personalidades, apuradas capacidades, por aqui continua a caminhar o imaginário de muitos outrora jovens, nos seus sonhos ou falta de sono a quem continuam a perturbar os fantasmas destes momentos, mas também a alimentar conversas nos reencontros. Os problemas de ontem transformam-se em chama que ilumina os rostos e aquece as conversas.
Qualquer que seja a ideia, a maneira de pensar, a ideologia, esquecendo razões e argumentos que as ideologias políticas possam apresentar, é urgente que venham ao terreiro e lhe digam em voz alta, tu a quem este país exigiu tais sacrifícios, tu que no terreno mostras-te coragem, tu que em África cumpriste uma missão e deste o teu melhor, tu que a nação e a sociedade esqueceu e desprezou, queremos que nos desculpes, porque se te exigimos o máximo deveríamos reconhecer o teu valor, nunca pô-lo em causa.
Numa época em que Portugal envia missões de paz para países estranhos, é legítimo perguntar, acaso, mesmo fazendo a guerra, não foi a paz que garantimos em Angola? Alguém tem a coragem ou razão para pôr em causa a dignidade destes militares, que acredito até os velhos inimigos hoje respeitam, como eles saberão respeitá-los. Andámos lá, foi duro, passámos ambos por situações difíceis, saberemos respeitar os sacrifícios que os “outros” certamente também passaram, cometemos ambos excessos, quem os não comete em cada guerra? 
Não são factos esporádicos que só não dignificam quem os praticou, que irão alterar o respeito geral que todos merecem.

Há uma dívida social em aberto!









Armando Monteiro.
Alf.Mil.Transmissões BCaç 3831

1 comentário:

  1. Claro que sim,Companheiro!Estes meninos,que a seus lares,ao toque das trindades ,recolhiam sem demora,nas serranias no norte agreste,nas planicíes do sul menos acidentadas e mais quentes,foram um dia chamados pela "OBRIGAÇÃO" natural de,como Jovens,defenderem a sua Pátria,onde a sua bandeira ondulava,altaneira e quase milenar, dizendo para quem passa,aqui é PORTUGAL!Foram,cumpriram,como só esta gesta de gente humilde,corajosa e ,porque não, valente,em todos os anfiteatros de operações deram o melhor,souberam estar,granjearam a simpatia de quem por lá encontraram,alguns por gosto lá se estableceram e foram absorvidos pela sociedade multicor que fazia um mesclado bonito. A maioria regressou aos seus sítios ,aldeias e cidades,prenhes de vivências,jamais esquecidas,quer da refrega de uma emboscada,da mina traiçoeira,ou de qualquer acidente,também, por premeio, houve bons momentos...muitos ficaram marcados para o resto das suas,ainda curtas vidas.Um peso inumano que tiveram que suportar sòzinhos,ou acompanhados pela família,que não os compreendia,porque não estavam minimamente preparados para aquelas reacções sem jeito, que elas não entendiam...muitos foram abandonados à sua sorte,vagueando pelas esquinas da vida ,sem objectivo nem clemência,por quem os devia protejer e reabilitar das maleitas contraídas na guerra...sejamos, pelo menos uma VEZ,solidários e,em conjunto,acercarmo-nos das autoridades competentes fazendo ouvir a nossa VOZ bem alto,com o fim de estes, reconhecerem que os Combatentes ainda existem, a fim de, uma vez por TODAS,deitarem a mão aos que ainda restam em dificuldades de toda a monta.Não culpem o Estado Novo,porque o estado, desde 1143 é o mesmo,é o Estado PORTUGUÊS.E é a Ele,nos seu legítimos representantes que nós mesmos elegemos, nos devemos reportar directamente.Viva Portugal e viva o Povo Português.Os Combatentes são do POVO!Sem povo não há combatentes,nem Pátria ...muito ficou por dizer mas, fico-me por aqui.


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