As condições atmosféricas não eram as melhores, o tempo
estava muito coberto, mas mesmo assim meti-me a caminho acompanhado, como
habitualmente, por um mecânico.
Durante a viagem a nebulosidade foi aumentando e às tantas
vejo-me no meio de nuvens e completamente perdido, sem saber qual a minha
posição. Aqueles aviões não estavam preparados para fazer navegação por
instrumentos e, além disso, não existiam ajudas rádio que nos valessem.
Fiz 180º e meti um determinado rumo para norte, guiando-me
pelos instrumentos, até chegar à linha-férrea do Caminho-de-ferro de Benguela.
Depois fui até ao Luso e, sem ali aterrar, voltei a apontar ao rumo do Alto
Cuíto. Desta vez cheguei ao destino e aterrei sem problemas.
Então foi a surpresa!
Na pista, à espera do DO, estava um soldado que me disse ser
ele o ferido! Tinha sido atingido por um tiro acidental num dedo! Pensei para
mim (não sei se o disse em voz alta a alguém na altura) "mas que raio de
urgência é esta para uma evacuação"!
E pronto...lá levei o "ferido" para o Luso, numa viagem sem incidentes.
E pronto...lá levei o "ferido" para o Luso, numa viagem sem incidentes.
Estas situações aconteciam por vezes.
Um dia, por exemplo, saio de Gago Coutinho para uma evacuação urgente de Ninda. A distância é curta...em meia hora estava lá e... para grande espanto meu, à beira da pista, sentado numa mala, estava um soldado à espera.
Um dia, por exemplo, saio de Gago Coutinho para uma evacuação urgente de Ninda. A distância é curta...em meia hora estava lá e... para grande espanto meu, à beira da pista, sentado numa mala, estava um soldado à espera.
Gonçalo de Carvalho em Ninda |
Ele era o "evacuado urgente"...que depois me disse que só queria ir para Gago Coutinho depressa para apanhar o Noratlas para poder chegar a Luanda a tempo de ir de férias ao "puto" (o termo saudosista com que nos referíamos a Portugal continental), e que o capitão da companhia lhe tinha feito o favor de permitir o envio de um rádio a pedir a evacuação.
Enfim...são histórias de tempos que já lá vão.
Sem comentário, mesmo. Isto não parece e não é diga-se o que se disser nada que orgulhe a estrutura que permitiu que acontecesse. Que Deus lhes perdoe, que eu não sou ninguém para me permitir tal "heresia". HIHIHI
ResponderEliminarO inverso também é verdade!
ResponderEliminarAquando de uma deslocação da 14ªCªComandos aos Dembos, passámos por Salazar, onde encontrámos a 11ªCªComandos, que transportava um morto, há três dias num atrelado e andavam com ele porque o ploto do helicóptero - depois de saber que o militar estava morto - se negou a evacuá-lo. Acontece que o morto, o Fur. Janeiro, era meu conhecido assim como a namorada.
Aquando da mina que fulminou o meu amigo Fur. João Silva, da 12ª Comandos, o piloto do hélio também dizia que se o militar estivesse morto não o evacuava. Aqui foram mais espertos e garantiram que ele estava vivo e só depois de aterrar e levar alguns encostos o piloto decidiu transportá-lo.
Sem confundir a árvore com a floresta, havia de tudo:
até CMDTS que tinham companhias no mato e eles estavam em Luanda!