JURAMENTO DE BANDEIRA E ENTREGA DE DIPLOMAS
B.A. Nº. 2 – OTA – MAIO/1972
Juramento de Bandeira da Escola de
Recrutas 1/72
Presidida pelo Secretário de Estado da Aeronáutica, brigadeiro Pereira do Nascimento,
realizou-se na Base Aérea nº. 2, na Ota, a cerimónia do Juramento de Bandeira dos cursos de oficiais milicianos pilotos
aviadores, oficiais milicianos técnicos, sargentos milicianos pilotos e
soldados alunos especialistas da Escola de Instrução de recrutas 1/72.
Presentes, também, o vice-chefe e o
subchefe do Estado Maior da Força Aérea, general Armando Mera e brigadeiro Braz
de Oliveira; o Director do Serviço de Instrução, brigadeiro Diogo Neto; O
Presidente da Câmara Municipal de Alenquer e muitos oficiais comantes de
Unidades da Força Aérea.
Depois de passar revista à guarda de
honra, o Secretário de Estado da Aeronáutica e as restantes individualidades
presentes dirigiram-se para a tribuna.
A iniciar as cerimónias, usou da palavra o
comandante da Base Aérea nº. 2, coronel piloto aviador Brochado de Miranda, cujas palavras que noutro local inserimos.
A preceder o acto de juramento, o
comandante do Grupo de Instrução, tenente-coronel
Raul Tomás, leu uma exortação dirigida aos soldados cadetes e aos soldados
recrutas, que terminou com as seguintes palavras:
“O amor à Pátria é a primeira virtude de
um homem civilizado, e para ti, militar, essa virtude é um imperativo de
consciência, um princípio indefectível de lealdade, perante a defesa de um
povo, das suas instituições e do bem-estar das gerações que se sucedem na
eternidade dos tempos.
Glória aos heróis, paz aos mortos e
respeito pelos vivos. Que o seu exemplo seja uma estrela que ilumine o caminho
de um Portugal eterno, na difícil hora que o Mundo atravessa. E que todos nós,
se, marcado pelos chefes responsáveis, vier o dia em que é também necessário
marcar atitudes de sacrifício, estejamos com Eles preparados e prontos a actuar
respondendo sem hesitação: Presente. Aqui é Portugal.”
Finda a leitura da exortação procedeu-se
ao acto do juramento, cuja fórmula foi lida pelo tenente-coronel Raul Tomás.
Seguiu-se a entrega de diplomas e prémios
feita pelo Secretário de Estado da Aeronáutica e pelos vice-chefe e subchefe do
Estado Maior da Força Aérea, finda a qual se realizaram demonstrações de manejo
de arma a pé firme e em marcha.
Antes do desfile perante a tribuna que se
encerraram as cerimónias, a Banda de
Música da Força Aérea, sob a direcção do capitão Silvério de Campos,
exibiu-se em alguns números que irá apresentar em Agosto próximo no Festival de
Bandas Militares dos países da NATO, na Alemanha, em representação de Portugal.
ALOCUÇÃO
PROFERIDA PELO COMANDANTE DA UNIDADE
Estamos uma vez mais preparados para
recolher palavras solenes e admirar posturas altivas e aprumadas de um grupo de
rapazes que voluntariamente se decidiu a prestar serviço na Força Aérea.
A instrução militar básica que receberam
nas últimas semanas culmina hoje com as formalidades que acabamos de iniciar e
que se destaca o acto do Juramento de Bandeira.
A repetição periódica de tantas idênticas
cerimónias, enquadradas no mesmo cenário, pode sugerir o desvanecimento do seu
alto significado. Mas só aparentemente, pois que o soldado recruta que hoje
está no centro das nossas atenções tem o direito de considerar esta cerimónia
como maior que todas as outras e até de a considerar única. É que esta é uma
hora chave na vida de cada um. Uma hora de transição: de adolescente com quem
se vinha usando de benevolência complacente para homem consciente e
responsável.
Dentro de momentos estará perante todos
vós a Bandeira Nacional, emblema sagrado, expressão máxima da alma de um povo
livre e soberano, eloquente síntese de feitos heroicos e símbolo de esperança e
de inquebrantável tenacidade e coragem.
É perante esta Bandeira que o soldado
recruta vai em consciência afirmar a sua dedicação à Pátria e às suas
instituições e comprometer-se a lutar por uma causa que a todos sobreleva e que
é a defesa do património físico e moral da Nação.
A sua participação na luta traduzir-se-á,
não tanto pela intervenção directa em acções de combate, mas, principalmente e
para já, buscando a cultura geral e técnica que conduza ao aperfeiçoamento
individual e de que resulte aptidão e eficiência na produção de trabalho útil;
opondo-se com a verdade a argumentos especiosos desmoralizadores; contrariando
a apatia, o desânimo, a descrença; colaborando com entusiasmo e com fervor
patriótico.
Em resumo e usando palavras do Papa Paulo
VI, o soldado deve dar à vida da Nação a que pertence “a energia, a fidelidade
e o patriotismo de que o serviço militar é escola nobre e severa”.
A presença entre nós de Sua Excelência o
Secretário de Estado da Aeronáutica, a quem saúdo em meu nome e de todo o
pessoal que presta serviço na BA2, seria sempre um acontecimento de relevo pelo
que significa de interesse pelo nossa actividade e de incentivo ao nosso
esforço. No dia de hoje é todavia mais do que isso, pois terá projecção
incisiva no espírito de cada recruta.
Também nos é particularmente grata a
comparência a este acto de outras altas entidades oficiais, civis e militares,
responsáveis por vários níveis de direcção ou chefia, a quem igualmente saúdo e
afirmo a nossa muita satisfação pela honra de os receber nesta casa.
São bem-vindos os pais, outros familiares
e demais convidados dos soldados que juram Bandeira. Além do colorido e calor
humano com que enriquecem a cerimónia, serão também testemunhas válidas de um
Juramento cuja quebra equivaleria à desonra de quem o profere. Jamais o soldado
recruta poderá esquecer que os seus entes mais queridos e amigos mais dedicados
o ouviram pronunciar a fórmula categórica que o vincula a mais amplas
responsabilidades que vão desde o engrandecer a Pátria pelo seu trabalho
profícuo até oferecer a vida na defesa dos seus direitos sagrados e honrosa
sobrevivência.
Integrada também nesta cerimónia, temos
ainda a oportunidade de proceder à entrega de diplomas a soldados alunos que
completaram cursos de várias especialidades e de prémios aos que mais se
distinguiram, em actividades de cultura intelectual e física-militar.
Quanto aos primeiros, a satisfação de
terem completado o seu curso supera bem as canseiras e preocupações com que
ultrapassaram as dificuldades que porventura tenham encontrado.
Nas Unidades onde serão colocados,
primeiro na Metrópole e depois no Ultramar, vão aplicar os conhecimentos
adquiridos, embora não possam esquecer que o muito que já sabem é só uma base
de partida.
A estabilização dos conhecimentos
adquiridos e a integração de mais ricos elementos virão com a prática, seguindo
o conselho e a orientação daqueles que mais sabem, mas não deixando, todavia,
perder o hábito de folhear os compêndios da ciência e da técnica, a fim de
ascenderem continuadamente a um nível de cultura mais elevado.
De facto só é verdadeiramente um militar
aquele que assume uma atitude mental permanente orientada no sentido do
aperfeiçoamento de forma a que quando chegue a sua vez de desempenhar cargos de
responsabilidade – e esse tempo chegará, na vida militar ou civil – seja idóneo
para ocupar o seu lugar com dignidade.
Quanto àqueles que se distinguiram já e recebem hoje, por intermédio de
um simbólico prémio, a manifestação da nossa simpatia e admiração, nada mais há
a dizer-lhes senão que continuem, pois nos parece terem encontrado o verdadeiro
caminho de bem servir e Grei e a si próprios.
Notas: Recolha de
informação na Revista “Mais Alto” nº. 157 – MAIO DE 1972
Até breve
O amigo
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