B.A. Nº. 2 – OTA – 17/DEZEMBRO/1971
Juramento de Bandeira da Escola de Recrutas 3/71
Na
Base Aérea nº. 2 (Ota), realizou-se no dia 17 de Dezembro de 1971 o juramento
de bandeira dos soldados cadetes do curso de oficiais milicianos técnicos, de
oficiais milicianos pilotos aviadores, de sargentos milicianos pilotos e dos soldados
alunos recrutas especialistas da Escola de Recrutas 3/71.
A fim de presidir à cerimónia, deslocou-se
àquela Unidade o Secretário de Estado da Aeronáutica, brigadeiro Pereira do
Nascimento, que estava acompanhado pelos Subchefes do Estado-Maior da Força
Aérea, general Norton Brandão e brigadeiro Braz de Oliveira; pelos Directores
dos Serviços de Instrução, do Pessoal, de Infraestruturas, do Material e da
Saúde, brigadeiros Diogo Neto, Cunha
Cavadas, Santos Dias, Sousa Oliveira e Lemos de Meneses, respectivamente.
Depois de passar revista à guarda de
honra, comandada pelo capitão Sengo,
o Secretário de Estado da Aeronáutica e as restantes individualidades presentes
dirigiram-se para a tribuna.
A iniciar as cerimónias, usou da palavra o
comandante da Unidade, coronel Brochado
de Miranda, que pronunciou o discurso que noutro local inserimos.
A preceder o acto de juramento, o
comandante do Grupo de Instrução, tenente-coronel
Raul Tomás, leu uma exortação dirigida aos soldados cadetes e aos soldados
recrutas, que arquivamos também nas nossas colunas.
Em seguida o tenente-coronel Raul Tomás
leu a fórmula do juramento que foi repetida em uníssono pelos soldados
recrutas.
Seguiu-se a entrega de diplomas e prémios
feita pelo Secretário de Estado da Aeronáutica e pelos Subchefes do
Estado-Maior da Força Aérea, finda a qual se realizou o desfile perante a
tribuna. A encerrar as cerimónias houve demonstrações de instrução
militar.
ALOCUÇÃO
PROFERIDA PELO COMANDANTE DA B.A.2
JORGE
MANUEL BROCHADO DE MIRANDA
Cor.
Pil. Aviador
“O recinto amplo e aberto em
que nos encontramos, que ora serve de estacionamento para aeronaves, ora de
parada a luzidas formaturas de impávidos mancebos, acolhe hoje também, como é
usual, os ascendentes mais próximos de cada um, que sempre se aprestam a
envolver-nos com o calor afectuoso da sua presença e que acolhemos com a maior
simpatia.
Para presidir a esta cerimónia e a
testemunhar a sua importância digna-se estar presente Sua Excelência o
Secretário de Estado da Aeronáutica a quem dirijo as mais efusivas saudações
devidas pela elevação que confere a este acto solene.
É-me particularmente grato saudar também
todas as entidades oficiais que vindas de longe ou de perto aceitaram
associar-se à cerimónia.
Perante nós, um punhado de rapazes ainda
há pouco desconhecidos uns dos outros, procedentes dos mais diversos lugares do
Mundo Português onde se respeitam costumes variados, que saíram de diferentes
camadas sociais, que pertencem a raças e professam religiões distintas, que
possuem níveis culturais algo díspares.
A sua reunião debaixo de uma forma comum
de vida, sujeitos ao mesmo trato e disciplina, já cimentou laços de amizade e
constitui uma excelente escola de convivência e de compreensão recíproca, uma
escola de aperfeiçoamento moral.
Ao longo de toda a sua vida irão recordar
certamente o dia de hoje e os seus primeiros dias de militares, quando deixaram
a tutela paterna e os confortos do lar para assumir a responsabilidade total
dos seus actos e submeter-se a uma nova autoridade.
Autoridade esta que não é mais rigorosa e
inflexível do que qualquer outra, embora se pense o contrário, porém mais firme
e mais equitativa e por isso mais justa. Aliás, como toda a autoridade, é
baseada no respeito, que é a sua essência. Quem
obedece respeita-se a si próprio tanto quanto respeita aquela a quem obedece.
O que é o Juramento que dá o nome a esta
cerimónia?
Em voz alta e em uníssono os soldados
recrutas aqui presentes irão repetir algumas palavras que, embora com o
decorrer dos tempos tenham variado na forma, encerram todavia uma mesma
intenção de servir a Pátria em quaisquer circunstâncias.
“Assim o prometemos” eram as palavras
antigamente proferidas pelos recrutas quando se lhes perguntava se prometiam
cumprir juramento cuja fórmula então acabara de ser lida. E o capelão rogava a
Deus para que o soldado não fosse perjuro.
Hoje o soldado é parte mais activa no
Juramento. Juro por Deus ou em consciência conforme a sua crença. Jura e repete
cada uma das palavras que constituem a fórmula actual que ainda recentemente
foi alterada adaptando-se assim à evolução do indivíduo e da sociedade.
Palavras singelas, mesmo triviais, mas que
sendo proferidas em ambiente solene onde se criou o necessário clima de emoção,
perante a Bandeira Nacional, perante altas entidades oficiais, perante parentes
e amigos e, através da imprensa, da rádio e da televisão, perante o País
inteiro, assumem o seu inteiro significado, de tanto valor quanto aquele que
cada um dá à própria vida. Em conjunto tomam a forma de um compromisso de honra
que a todos vincula ao serviço da Pátria e das suas instituições.
A envolver este acto solene, para que não
seja breve e ganhe em brilho e colorido, iremos assistir à distribuição de
prémios aos alunos que mais se distinguiram em actividades escolares ou
actividades puramente militares a ainda ao desenrolar de alguns exercícios de
ordem unida e outros algo espectaculares. Aqueles, são exercícios simples,
tradicionais, que poderão à primeira vista parecer obsoletos na época actual.
Todavia são ainda as formas tradicionais de treino, exercícios de ordem unida
em parada, que desenvolvem instintos que vêm naturalmente à superfície quando
em acção.
As tropas, mesmo na era das armas
nucleares, que não obedeceram instantaneamente aos seus chefes, que não reagem
instintivamente a uma voz de comando ou que não permanecem firmes em parada não
saberão obedecer nem permanecer firmes em combate.
Este é o momento que marca o início de uma
carreira de piloto ou especialista da Força Aérea. Ireis servir a Pátria de
armas na mão ou em apoio de quem as opera, na execução de missões operacionais
ou de serviços que são essenciais para manter em movimento a máquina altamente
especializada que é a Força Aérea. E quando terminardes o tempo de serviço a
que vos obrigastes, se não for vosso desejo continuar a servi-la, não direis
que este foi tempo perdido, pois estareis mais aptos a servir o país.
A Força Aérea sente-se satisfeita por
lançar anualmente na vida civil várias centenas de homens melhor treinados para
abraçar as oportunidades que se lhes oferecem de participar no progresso do
país. Homens que, além de terem
adquirido uma maior capacidade técnica, intelectual, física e moral adquiriram
também hábitos de disciplina, uma personalidade reforçada, maior compreensão e
respeito para com os demais e uma consciência de colectividade nacional.”
EXORTAÇÃO
ALUSIVA AO JURAMENTO DE BANDEIRA PROFERIDA PELO COMANDANTE DO GRUPO DE
INSTRUÇÃO – Ten. Cor. Raul Lourenço Tomás
Manhã de 17 de Dezembro de 1971
“Soldados-Cadetes
e Soldados Alunos Recrutas:
Nesta pequena, mas grande parcela de solo
nacional, estais aqui, perante uma cerimónia simples, como tudo o que é belo,
mas grandiosa pelo alto significado que ela encerra – Juramento de Bandeira.
Este acto, grito de triunfo e de vitória,
hino admirável às virtudes rácicas, alimenta a chama ardente do patriotismo no
peito português de todos nós, glorifica e enaltece o esforço despendido e
revigora o respeito de si próprio levado até à mais pura elevação de espírito e
à paixão mais ardente.
Estais assim, perante o dever mais sagrado para com a Pátria, que é
servi-la com as armas.
Pátria, numa comunidade de almas no mesmo
ideal nacional, com igual forma de sentir, de ver, de pensar e de agir, e em
que todas as vontades convergem e as sociedades atingem o mesmo objectivo
elevado e honroso.
É uma unidade geográfica, de raça, de
língua, e de credo alicerçadas numa consciencialização de todos, mesmo quando
ameaçada a sua integridade.
Foi por superiores imperativos de alto
destino histórico nacional que a Nação inteira com todos os seus valores se
lançou outrora para além dos mares. Criou ciências, desfez lendas, descobriu
terras, e procurou contacto amigo com homens de outras raças, a ensinar
verdades eternas e assentar em bases novas e certas a missão de sacrifício pelo
bem comum, que um povo civilizado assume, quando se lança no ideal de
cristianizar populações atrasadas em cultura e paralisadas no progresso.
Portugal tem direitos soberanos em terras
distantes, e a vontade indomável, a espada firme e a recta justiça dos seus
verdadeiros filhos, serão a garantia plena de continuação de uma obra nacional
que é secular, que nos honra, que nos engrandece e que será eterna, pois foi
legada pelos antepassados, e será mantida no futuro por todos nós, onde nunca
deverá faltar a coragem e bravura, a solidariedade e dedicação, a obediência e
disciplina, a subordinação e respeito, a lealdade e abnegação, a honra e o
valor.
Vai proceder-se à ratificação do vosso
Juramento de Bandeira.
Jurai com fé inabalável, com profundo
entusiasmo de todo o coração de jovens que sois, com confiança no
fortalecimento da Mãe-Pátria onde todos se possam sentir amigos e felizes. Senti bem dentro de vós o significado deste
vosso acto.
O Juramento
à bandeira nacional é o compromisso a um símbolo aglutinador de todas as
virtudes, é a exemplificação dos esforços e dos anseios de uma gente crente e
boa, é o penhor sacrossanto em volta do qual se congregam as mais sagradas
aspirações. É assim um elo que liga o passado ao presente como unirá este
ao futuro e imortaliza a gesta heróica dos Descobrimentos, amparando e
incentivando heróis que ocuparam e evangelizaram novos mundos. Foi assim desde
Ourique ao Rovuma, desde as primeiras pedras de Ceuta às jornadas gloriosas que
abriram à civilização as novas Províncias Sagradas; desde as primeiras lutas
até à independência; durante os oito séculos vividos à sua sombra protectora,
sempre as cinco quinas, com seus besantes de prata, drapejaram altivas neste
céu sereno, sob a protecção de Deus para Glória dos homens, como plena
afirmação da confiança de um povo.
Que
este acto sirva para manter bem vivo e perene na nossa geração, o mesmo
acrisolado e Santo amor, o mesmo espírito de sacrifício, que à Bandeira
Nacional votaram sempre, em todos os tempos os portugueses de todas as cores e
de todos os Continentes.
É assim que em Portugal se procede num
Juramento à Pátria”.
Notas: Recolha de
informação na Revista “Mais Alto” nº.
153 – JANEIRO DE 1972
O amigo
Obrigado pela partilha, é bom, recordar os tempos passados na prestigiada FAP. Tivemos que aturar o TEN COR Tomás, mas levamos a carta a Garcia. Uns tiveram mais sorte e regressaram vivos ,outros com azar na vida , vieram doentes ou deitados numa caixa de tábuas mas enfim , cumprim-se o dever militar
ResponderEliminarEu já estava colocado a EICPAC-Ota
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