14/4/1940 Foi inaugurada oficialmente pelo PR Óscar Carmona |
BASE AÉREA Nº. 2 – DIA DA UNIDADE
30º. ANIVERSÁRIO – 14/ABRIL/1970
“Com a presença do Director do Serviço de
Instrução da Força Aérea, comemorou-se a 14
de Abril, na Ota, o 30º. Aniversário
da sua inauguração.
O programa das cerimónias constou de missa na capela da Unidade em memória do pessoal militar e civil da Unidade, já falecido, de formatura geral da Base, alocução relativa ao significado do dia, transmissão das funções de Porta-Bandeira, escolta e Porta-Guião e empossamento do pessoal escolhido, imposição de condecorações a oficiais, sargentos e praças galardoados no período decorrido entre 1969-1970, e desfile das Forças em Parada.
O brigadeiro piloto-aviador Krus Abecassis, depois de ter sido recebido à entrada da Base pelo coronel piloto-aviador Brochado de Miranda, Comandante da Base, passou revista à guarda de honra constituída por uma Esquadrilha de alunos com Guião e Fanfarra, comandada pelo capitão Sengo, dirigindo-se em seguida para o local onde se procedeu às cerimónias militares acima referidas.
Usou
em primeiro lugar da palavra o Comandante da Unidade que começou por saudar o
brigadeiro Director do Serviço de Instrução, dirigindo-se depois aos militares
que assumiram as funções de porta-bandeira e sua escolta, a quem exortou a
honrarem sempre a missão para que tinham sido escolhidos, ilustrando as suas
palavras com exemplos colhidos nas páginas da nossa História, demonstrativos do
valor da Bandeira como símbolo da Pátria. Seguidamente o Director do Serviço de
Instrução procedeu à imposição de condecorações actualmente a prestar serviço
na B.A.2 e a quem, desde o mesmo dia do ano passado, foi concedida tal
distinção.”
PALESTRA “30 anos ao serviço da Pátria”
lida pelo capitão piloto navegador
Vítor Manuel Dias dos Santos
Cap.Vitor Santos |
Debruçando-nos um pouco sobre o seu passado, verificamos que as linhas mestras da sua história não se desfazem em cinzas, antes nos ajudam a compreender a razão que identificou o pessoal que tem servido a Pátria, nesta Base, com a divisa que alicerceia o seu brasão de armas: CUMPRIR ALÉM DO DEVER.
Este é o grito que continua a glorificar os que tombaram aqui! É ainda a ideia força que nos congrega para que a MISSÃO DA UNIDADE possa ser levada a cabo dentro da MISSÃO GERAL DA FORÇA AÉREA, intimamente orgulhosa em viver um dinâmico PRESENTE, alicerce para um melhor FUTURO, onde a nossa consciência possa encontrar a marca da nossa contribuição.
A Base Aérea nº. 2 foi criada por Decreto
em 31 de Dezembro de 1937 e oficialmente constituída em Unidade, com sede em
Alverca em 17 de Dezembro de 1938.
Graves inquietações percorriam a Europa de
então.
De
Outubro de 1935 a Maio de 1936, decorre a guerra da Abissínia, fruto dos sonhos
expansionistas da Itália fascista.
De
Junho de 1936 a Maio de 1939, o território espanhol é devastado pelas
competições ideológicas, no decorrer de uma cruel guerra civil, muito
subsidiada pelos interesses das principais potências.
Inauguração oficial da BA2, 14/4/1940 |
Estas guerras isoladas, com
características completamente diferentes, eram como que um negro pronúncio de
acontecimentos trágicos em maior escala.
A Europa (e o mundo) vivia em ambiente
dramático debaixo do peso da agenda de reivindicações alemãs.
A ocupação da Áustria e o desmembramento
da Checoslováquia não deixa muitas ilusões aos mais optimistas.
Em Portugal, os governantes seguem
atentamente a deterioração da situação política no continente fratricida.
Não foi pois que acaso que, a 26 de Março
de 1940, o Comando e Serviços da Base Aérea nº.2 se instala no novo, amplo e
bem concebido aquartelamento, acabado de construir sobre os terrenos que
pisamos.
Qualquer observador desprevenido poderia
observar o alto entusiasmo em que decorreu o acto de inauguração em 14 de Abril desse mesmo ano.
Nesse dia já se admitia que havia algo de
mais profundo do que uma simples festa de nascimento de uma infraestrutura
militar.
Estava marcada, e bem demarcada, uma
chamada à realidade da II Grande Guerra que estendia os seus tentáculos
destruidores.
1955-F84G na linha da frente-20ª. Esquadra de Caça
|
Tratava-se pois de um acontecimento de assinalada
importância na vida Nacional, no aspecto da Defesa; e a alta temperatura do
termómetro era-nos indicada pela presença dos mais destacados responsáveis pelo
Governo da Nação: o venerando Chefe do Estado, general Óscar Fragoso Carmona; o
Presidente do Conselho de Ministros da Guerra, Doutor Oliveira Salazar; o
Ministro da Marinha, Comandante, Ortiz de Bettencourt; o Subsecretário da
Guerra, capitão Santos Costa; o
Comandante da Aeronáutica, brigadeiro Ribeiro da Fonseca, entre outras
individualidades.
Foi neste pulsar que nasceu a Base Aérea nº. 2.
Ninguém se pode admirar que o seu pessoal
tenha pressentido, desde o início, as
graves responsabilidades que lhe cabiam.
1959-Visita do Imperador Selassié da Etiópia |
O
povo das cercanias depressa se familiariza com os ruídos e evoluções, tão
curiosas como arriscadas, dos aviões que constituem as primeiras unidades
operacionais: 15 aviões “Gladiador”,
famoso biplano dotado de uma manobrabilidade espantosa, equipam uma Esquadrilha
de caça que, pela primeira vez em Portugal, executa acrobacia em conjunto, de
muito mérito; 10 aviões bimotores “Junker
86” formam um grupo de bombardeamento diurno a 2 esquadrilhas; 10 aviões
trimotores “Junker 52” constituem-se
um grupo a 2 esquadrilhas de bombardeamento nocturno.
Pode afirmar-se que a parte visível da
grande infra-estrutura era o menor bem que se adquirira.
1961-A primeira recruta na Ota |
Invisível, para muitos, estava uma nova
orientação no sentido de remodelações nos aspectos de conduta técnica e
mentalização do homem, que colocasse a nossa aviação militar a par das suas
congéneres estrangeiras.
Oficiais de nova vaga sentiam a ingente
necessidade de serem dominadas novas técnicas de administração e de voo, estas
últimas a serem descobertas e utilizadas nos combates entre aviadores aliados e
do Eixo.
A neutralidade que Portugal proclama podia
ser quebrada a despeito da pertinácia e habilidade diplomática com que os
nossos governantes a defendiam.
A batalha do Atlântico confere às ilhas
dos Açores uma importância vital. E em 1941 para ali é destacada uma
esquadrilha expedicionária equipada com aviões
“Gladiador” seguindo-se-lhe, mais tarde, aviões “Junker 52” e “Mohawk” com as suas tripulações e outro pessoal.
1968-A torre de controlo |
É durante a fase crucial do
conflito 1943-1944 que a BA 2 recebe além de 18 avões “Aircobra”, rápidos e aerodinâmicos caças de fabrico americano,
alguns bombardeiros médios “Dlenheim”
e cerca de uma centena de aviões de caça da mais feliz concepção, “Hurricanes” e “Spitfires” que vieram
transformar completamente o cenário da actividade aérea militar do nosso país.
Com efeito, a nossa aviação militar, em
particular a Base Aérea nº. 2, estava equipada não só em quantidade como em
qualidade.
Nestes céus que nos servem de cúpula os
pilotos, a despeito das dificuldades existentes com o abastecimento de
combustíveis ao País, queimaram a diminuta dotação que lhes cabia num treino
porfiado, intencional e cada vez mais qualificado.
Quer nas messes, quer no hangar vivia-se
um clima eufórico de alegre desafio; no ar esse desafio era diário; a emoção
controlada um facto; o espírito de corpo um pacto da razão com o sentimento; a
frivolidade nos hábitos e a rotina no serviço não tinham lugar.
Anos: 1967 - 1968 - 1969 |
Os “Hurricanes”
tinham sido distribuídos por outras unidades (Tancos, Espinho, Sintra e
Portela) e ficavam na Ota 3 esquadrilhas de “Spitfires”, 1 esquadrilha de “Aircobra”,
além dos grupos diurno e nocturno de bombardeamento já enunciados.
1952 marca uma nova etapa na história das
realizações.
É activada a Subsecretaria de Estado da
Aeronáutica, e fundidos os ramos da aviação do Exército e da Marinha.
A
união faz a força!
Recebem-se novos e mais evoluídos aviões,
os caças “F-47 Thunderbolt”, para operarem na Base Aérea nº. 2 que, segundo
a nova reorganização, dispõe de um grupo de caça diurna constituído por 4
esquadras formadas, cada uma, por 4 esquadrilhas, a 25 aparelhos e 25 pilotos
por esquadra.
1970 - turma de Melecs |
Estas esquadras não são propriamente um
fim. São um meio avançado de treino que procura enquadrar o pessoal da Força
Aérea num ambiente técnico propício a novo salto em frente na senda do
progresso: a utilização dos aviões de reacção que começam a chegar em fins de
1952.
Reacende-se o arrebatamento dos tempos da
guerra.
Jovens oficiais treinados na América e na
Alemanha neste tipo de aviões vêm verter na Ota o entusiasmo de pioneiros
enamorados da missão que o destino lhes reservara.
Cursos magnificamente conduzidos preparam, no chão,
gente do ar e de manutenção. A Esquadra “T-33” formada em 1953 forja ininterruptamente pilotos de reacção que são imediatamente lançados no terreno operacional programado nas esquadras de “F-84 Thunderjet”.
1971-Maj.Catroga, T.Cor.Tomaz e Maj. Noronha |
Observa-se o tipo impecável das aterragens
deste ou daquele; olha-se com admiração e discute-se a fineza da figura
acrobática singular ou de conjunto.
Vive-se no ar e no solo, mesmo entre pessoal terrestre, o gosto pelas comparações, a necessidade de fazer mais e melhor, entre as esquadras, entre as esquadrilhas da mesma esquadra, entre os comandantes, diálogo determinante de um sentimento de emulação que obriga a um máximo nos empenhamentos pessoais, sem comprometer a sagrada lei da camaradagem e subverter a disciplina.
1978- Cerimónia de despedida do T6 |
Os elementos da manutenção e outros serviços dão um rendimento, com sempre, muito acima das expectativas. Num organismo de múltiplas facetas sem a harmonia das partes que se interpenetram e se completam. Ninguém, em particular, merece relevâncias. O todo é a única unidade válida de medida.
1969 - Alunos em marcha e 1991 - 1ª. Recruta feminina. Contrastes ! |
Em 1956, 2 esquadrilhas de F-84 (oito aviões) saltam metade do
Atlântico, em direcção do ocidente, aterrando nos Açores, provando a
possibilidade de, em caso de emergência, serem para aí transferidos meios de
combate em poucas horas dentro da mais perfeita semelhança da actividade real
de guerra que merecem os mais altos elogios de personalidades ligadas ao Pacto
do Atlântico Norte.
1957 transfere para Tancos a Esquadra de
Instrução equipada com T-33.
1958 vê chegar à Ota os novos aviões “F-86” que formarão a Esquadra 51 com
destino a Monte Real.
A vinda deste tipo de avião mantém o ritmo de rejuvenescimento: mais velocidade mais poder de fogo. Os pilotos portugueses vencem a barreira de som…
2015 - 75º. aniversário da BA2 Até que em 1960 se dá um verdadeiro golpe de teatro: |
-É extinto o grupo de caça.
-Criado um grupo de instrução a 2
esquadras, transporte e reacção, esta regressada da BA 3 e aquela, dotada com
aviões bimotores “C-45” e “C-47”,
que segue em 1964 para os Açores.
-É
criado o Grupo de Instrução de Técnicos e Especialistas (GITE).
A missão da BA 2 mudou radicalmente.
Mudou no aspecto, não na importância.
Na
década dos anos 60 Portugal de novo espanta o mundo combatendo a alegada
mudança dos ventos da história.
Conhecemos outros ventos:
- Os ventos mouros dos tempos da
reconquista cristã, início da nacionalidade.
-Os ventos castelhanos das lutas pela
independência, do Mestre de Avis e em 1640.
- Os ventos desencadeados pelos mostrengos
do mar oceano na época de 500.
Tal com outrora jogamos uma cartada de
vida ou de morte.
E é neste jogo que a BA 2 toma lugar
cimeiro, preparando pessoal da Força Aérea para servir em todo o espaço
Português.
Todos os anos esta Unidade se enche e
esvazia diversas vezes em partos laboriosos de mocidade que entrou menina e sai adulta a integrar-se na defesa dos
nossos sagrados interesses acobertados pelo Direito.
Isto de ser Português, isto de se ter a
sorte de contribuir para o Bem Público pela via da Base Aérea nº. 2, é fenómeno
que:
MAIS VALE EXPERIMENTÁ-LO QUE JULGÁ-LO
MAS JULGUE-O QUEM NÃO POSSA EXPERIMENTÁ-LO.
Fotos:
1 – Brig. Krus
Abecassis a fazer a imposição da medalha de prata de serviços distintos ao TC
piloto-aviador Febo Vargas de Matos
2- O Director de Serviço de
Instrução, Brig. Krus Abecassis, condecorando com a medalha de ouro de
comportamento exemplar o cap. De serviço geral Adriano Vaz Garção
3 – O cap. Piloto navegador Vítor
Manuel Dias dos Santos lendo a palestra “30 anos ao serviço da Pátria”
4 a 18 – Fotos extraídas do Blogue http://ab4especialistas.blogspot.pt/ - Álbum da OTA
Notas: Recolha de
informação na Revista “Mais Alto” nº.
133 – Maio 1970
Até breve
O
amigo
Da Série:
Companheiros Técnicos E. FAP.Parabens pela escolha da estrutura|texto,imagens inseridas 73/51 ,eis OpCART B.Pereira
ResponderEliminarPrezado Vítor sou do Curso Op.CART 1/72.Saudacoes Aeronáuticas Alcunha/FAP BePe
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