O Comandante Ten. Coronel João da Cruz Novo, (filho de gente da Ria de Aveiro...como eu) chegou ao AB4 em 1966 e terminou a comissão nos fins de 1968.
Era um homem diferente de muitos outros, constava-se, que além de óptimo piloto,
seria um dos melhores cartógrafos portugueses, e como não gostava de se
baixar, os outros do seu tempo eram generais, e ele, como homem honesto e de
princípios…provavelmente não passaria de coronel!
Em 1968, o ministro do Ultramar Silva Cunha, visita Angola. O roteiro pela província,
contemplava uma visita a Henrique de Carvalho. Pois nesse dia, ele foi dar uma volta e não compareceu
á “protocolar” recepção ao ministro. Quando regressou, na Messe dos Oficiais, alguém
da comitiva lhe perguntou a razão porque não tinha estado presente, e ele com a
sua bengalinha a girar, respondeu, eu tenho mais que fazer, e regressou ao CA
dizendo que não tinha que dar satisfações aquela gente, este era o Cruz Novo.
Visita do ministro Silva Cunha - foto de Ze Paes |
Nesse dia o Sargento PA Neves, um bocado "parvalhão", era ao mesmo
tempo o fotógrafo “oficial” da Base, e foi fazer a reportagem da visita do
ministro, com uma nova máquina Yashica, dizendo, que tinha num rolo
profissional cerca de 80 fotos, que afinal nunca tinha entrado na dita.
Floriano no CA do Comando |
que participou de um Cabo, o Capitão Policarpo da Secretaria, não gostou e foi falar com o 2º. Comandante Major Pinho Freire, mas foi o Cruz Novo que o atendeu, ouviu, e mandou chamar o tal Sargento, para mim tem um certo sabor, disse ele Cruz Novo, que aquela malta tinha deixado família, amigos e noivas, outros já eram casados, que eram uns rapazes do melhor que havia, portanto ele estava a mais, e despachou-o para o Camachilo.
O João da Cruz Novo, era de facto uma
pessoa aparte, era uma pessoa que pensava por ele mesmo, naquilo que eu sempre
assisti, foi sempre um protector dos mais pequenos, embora poucos não se
apercebessem disso.
Este, era o João da Cruz Novo que eu conheci, que se sentava connosco a contar
anedotas e por brincadeira dizia, que o Pinho Freire era o “Comandante da
Pecuária”, aliás afirmação que não deixava de estar correcta, pois era uma das
atribuições do 2º. Comandante, gerir a Agropecuária da Base.
Ainda sobre o Major Pinho Freire, deve-se referir, que sendo um desportista
praticante, a ele se deve a construção do ringue de andebol e futebol de salão.
Mas, voltando ao comandante Cruz Novo, havia uma serie de pilotos, que tinham
medo de pisar o “tapete verde”, se não perguntem a alguns que passaram por essa
situação.
Pessoas com medo dele? Esses eram os pilotos ao tempo, o Capitão Acabado sabe
bem o que eu digo, e não só, o Capitão Águas e outros, ficavam ali paradinhos
para prestarem contas, o que se safava era o Capitão Neto Portugal, que levava
aquilo na paródia, porque estava bem protegido.
23/5/1968 acidente de Neto Portugal |
O que o Cruz Novo gritou contra essa injustiça, mas de nada lhe valeu. Era um homem que como dizia, era responsável pelo Comando Operacional, e como tal não queria, que os pilotos andassem a praticar tiro ao alvo a gente que não se podia defender.
Tem o meu total Acordo,o comandante Cruz Novo não era o terror que alguns pintavam:Era um ser muito Humano
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