sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A MADRINHA DE "GUERRA"


Como bem se devem recordar, ou talvez não, era muito vulgar todos os rapazes que iam para a guerra (Ultramar) e não tinham ou não deixavam ao partir uma namorada, as revistas da época dispensavam uma página, onde: as raparigas se disponibilizavam para serem Madrinhas de Guerra, colocando os seus endereços.
Os rapazes ou respondiam, ou colocavam também os seus, na expectativa de um contacto.
É neste ping-pong, que um nosso camarada recebe uma carta de uma candidata a Madrinha de Guerra, apresentando-se e descrevendo-se, não sem terminar dizendo: - Gosto de receber, cartas grandes e pesadas.
O candidato a afilhado (que nunca mais soube nada dele “ com bastante pena minha “ e que se ler estas linhas, deve-se recordar a veracidade das mesmas) com um grande espírito e astúcia, que lhe eram peculiares, para lá da inteligência natural, fez o seguinte:
Foi à Cantina (local de venda de todo o género de produtos, desde os de higiene até aos alimentares) e compra um bloco de papel de carta e envelope dos maiores, para responder à Madrinha.
Chegado à camarata, pega no bloco e a primeira coisa que faz, é arrancar a capa e a contracapa do dito bloco.
Pega uma esferográfica e na primeira folha (do bloco) escreveu:
Henrique de Carvalho, ..?.. / ..?.. / 1968, Querida Madrinha.
Na última folha escreveu:
aqui vai uma carta grande e pesada, como gostas. 
Assinatura
Enquanto lá continuámos juntos (pois ele era mais antigo do que eu, e terminou o tempo primeiro como é lógico) não recebeu resposta, à “carta grande e pesada”.
Ainda tenho esperança de um dia o abraçar. Já fizemos vários esforços na tentativa de o localizar, mas não deu certo.
Amigo, se acaso leres estas linhas, diz algo. 
UM ABRAÇO
           
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