Nota Introdutória
Os “especiais” e o novo
companheiro encontravam-se no “Lux Bar” a curtirem a folga da Base…
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Marrador - O Vito, o Joca e o Quim tinham satisfeito as primeiras necessidades…as que entram, não as que saem. Comidos e bebidos deparam-se em acertar com a porta do “Lux Bar”. Ainda houve um dos “especiais” que traçou com o taco do bilhar o azimute do jardim frontal…, mas as mentes andavam turvadas – causa do líquido amarelado. Bem, as moelas e os “pi-pis” tiveram que ser regados a primor pelo efeito do carrego do gindungo!...
- Vamos seguir os nossos “artistas” e ouvir a “canção da Amélia”…
VITO - Amélia…Am…Amélia…
JOCA - Estás a cantar, ou a
ladrar?
VITO – Zungo!...
QUIM – “Moio” aos dois. Tenho encontro marcado
noutras paragens!...
VITO / JOCA – “Moio Ué”. Porta-te bem e aprende a
agarrar o “taco”.
JOCA -
Essa foi forte !...
VITO - Então, levou “cossa” no
bilhar – mereceu duas derrotas!
JOCA - Amélia dos olhos
doces… tá…tá…tá…
VITO - … tá…tá…-tá… gaivota, amante, poeta…
VITO / JOCA - … Rosa de café, Amélia gaiata, do bairro da
lata, do Cais do Sodré… tá…tá…tá…
VITO - Passamos uma
tangente à casa da Amélia?
JOCA - Yes, meu. Essa linda
“Tusula”!... Depois, deitamos uma
espreitadela pelo ambiente do “Estrela D´Alva”.
Marrador - Bem, estes “especias”
iam a seguir as pisadas sob a influência do instinto. Saíram do “Lux Bar” e, à
sua frente deparou-se-lhes o jardim e as Bombas de gasolina. Inclinaram à
esquerda, cruzaram a Avenida que seguia para a Capela, e estacam junto à casa
da Amélia.
VITO – É…é…é…aqui!...
JOCA – Hehhh!
VITO – Alguma abelha te
ferrou no “munhenho”?
JOCA – Topa a cena daquele
mirone na pista de carros.
VITO – Treme, treme com as
pernas junto à “muchacha”…
JOCA – É o Oliver, sargento das ágatas….
VITO – O próprio… e parece
que esteve de quarentena lá em casa!....
JOCA – É como os cegos. Vêm
com o tacto…
VITO – E
apalpam com os membros inferiores?!...
JOCA – Com o membrito?
Malandreco!...
VITO – O olhar dele está
barrento. A mente está presa ao instinto!
JOCA – Qual das três te deu
volta à cabeça? A Eka, a Nocal ou, Cuca?
VITO – A…N…D…O…R!... Antes
que venha a “calunga”. Temos
“maningue” que fazer.
JOCA – Passamos ao largo do
“Estrela D´Alva”. Miramos a paisagem e não iremos entrar.
VITO – Tens receio dos
bifes de “ferro”? Bem, tem umas instalações hexagonais e recatadas!...
Longínquas do reboliço!...
JOCA – Pois, - há outras
paragens prioritárias, por agora…
VITO – Hummm…Humm! Olha que este
caminho só nos leva ao cemitério, ou à Barragem do Capelão?!... Para isso,
teremos que passar pela sanzala…e dançar um “merengue” na “cubata” gigante.
JOCA – Curvamos. Há jogo no Estádio
e os nossos “sorjas” vão “jogatinar”.
VITO – Mas primeiro
estacionamos em frente da Capela para mirarmos as “modelos”.
JOCA – Queres ver a Amélia
e as amigas… Ainda te prendes pela cidade do Carvalho – do Henrique de
Carvalho.
VITO – Tenho saudades do “Puto”,
mas a que lá deixei…deixei!...
JOCA – Lamúrias. Traz a
“Mauser” e vamos caçar. Araras e leoas não faltam nestes lugares.
Marrador - Pé, ante pé, os
nossos amigos seguiam pela Avenida da Capela. Do estacionamento das Carreiras
provenientes do Luso e do Dundo, prosseguiram até ao largo dos Correios.
Passaram pelos cruzamentos que davam para a Colectividade de Saurimo onde o
Capelão ensaiava o seu grupo teatral, pela casa comercial de artesanato do
sogro do assassinado Carvalho, pela escola de condução onde muitos companheiros
tiraram a carta, Liceu e Avenida das mangueiras que finalizava numa velha
Missão de religiosas, no caminho para a piscina. Estacaram no muro da Capela.
VITO – Aqui. Aqui junto a
estes camaradas de armas.
JOCA – Olha, olha o
Meteo-Gonçalves que há muito tempo não lhe punha os olhos em cima.
GONÇALVES – Ehhh…pessoal. Tudo
nos “gungungos”?
VITO / JOCA – Bruxooo.
VITO – E que tal lá pelas
bandas do Cazombo? Muitas “mulecas”? E a joia da coroa?
JOCA – Passou-me essa!...
Joia da coroa?
VITO – Sim, a mascote
elefante que ele e outros adoptaram no Destacamento.
JOCA – Elefante? Mascote? Dorme convosco?
VITO – Dorme, dorme…Meia
caserna ficou no exterior…ao cacimbo!
GONÇALVES – Não é bem assim, mas
quase. Para lhe darmos banho tivemos que fundir três banheiras. Para comer,
assaltámos as bananeiras dos arredores. Segue-nos a cada canto e todos os dias
cresce aos palmos. Ainda a vamos treinar para fazer filmes com o Tarzan!...
VITO – A…a… é do sexo
feminino?
GONÇALVES – É a nossa menina e
tem uma história macabra!
JOCA – Este maralhal está
aqui com a “peida” arreada no muro a fazer o quê?
GONÇALVES – A calejar o
“munhenho” ou, a ver a missa. Não topas as ratoeiras à entrada da Capela?
VITO – Uihhh…Uihhh… Eu a
pensar que estavam à espera de ver passar o Governador!...
JOCA – Ou, a Amélia e as
suas manas. Este jardim dos CTT, é o encanto mais visitado…
GONÇALVES – Meninos, vamos à
bola. Os “sorjas” vão iniciar a jogatina no pelado dos mangueirais.
VITO – No campo das abelhas?
JOCA – Nesse campo em que
foram todos picados?
GONÇALVES – Não há outro! E as
abelhas foram mortas a tiro.
VITO – A tiro? Então está
ligada àquela história do mel recolhido com caju à mistura?
JOCA – Caju…de chumbo.
GONÇALVES – Vamos gritar pelos
FAP. Hoje, a PSP vai perder. Temos lá os nossos vizinhos Ocart´s. Tudo sob
controlo…controladores…terrestres.
VITO – No campo ao lado,
também haverá um jogo de futebol de salão com os “especiais”.
JOCA – Isso é no cimentado.
Vamos dum lado para o outro.
VITO – E…acabaremos no
Clube do Cinema, no velho Chikapa.
GONÇALVES – Mas…cinema…hoje, não.
JOCA – Porquê?
GONÇALVES – O projectista passou
por nós…a cambalear…
VITO – Então teremos o
filme a começar do fim para o início?
JOCA –
Como sempre…Curiosamente a sala de cinema foi construída com o soalho em plano
inclinado…invertido.
VITO – Sim, o soalho sobe para a
tela!... Por isso, as cadeiras andam sempre a dançar para tomarem posição.
GONÇALVES – Não estiveram cá na
última sessão?!… O pessoal do exército partiu o “cadeirame” todo só porque o
“camera man” começou o filme pelo meio. O “Asa
Negra” obrigou-os a cravarem uns pregos nas cadeiras partidas e a retomarem
o filme de trás para a frente. Foi um castigador!...
VITO – Nem tanto. O filme
de trás para a frente…já era costume!
Marrador: Nesta “lenga-lenga” caminhava-se pela Avenida dos CTT. Esta, trepava, trepava até à rotunda…lá
longe.
Abandonaram a estátua do sertanejo. O
recipiente das nossas cartas, a encruzilhada no jardim, os bancos namoradeiros,
o Palácio do Governador, a Capela, o Clube, O Cinema, os campos de “futebóis”,
as abelhas e as mangueiras.
Voltaram costas a tudo isso…por momentos!
Foram simplesmente matar a sede ao “Bar
dos passarinhos”, e comer uma passarinha nas proximidades do “Quioco” ou, da
“Cubata”. Vamos esperar para o próximo relato para indagarmos o destino da rota
incerta… A cidade seguia o seu movimento de rotação?!... Bem, vou juntar-me aos
gajos para lhes escutar a conversa! Calhando, … o movimento é outro!...
Língua Quioca
Zungo
– Cala-te
Moio
– Cumprimento
Tusula
– Rapariga
Calunga
– Chuva
Munhenho
- Cu
Anotações:
Amélia
– Jovem cidadã de H. de Carvalho que veio a casar com companheiro da Força
Aérea
Oliver-
Nome fictício, sargento R.D. da FAP,
casado e radicado na cidade.
Mascote
– Pequeno elefante adoptado no Cazombo. História a recolher do Gonçalves –
Meteo
Campo
das abelhas – Abelhas soltas pelo campo das mangueiras no momento de jogada.
Asa
Negra – Comandante do exército com histórias peculiares
Fotografias:
Recolha
do “nosso” Blogue
Até
Breve