quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

PILOTOS E FTs (FORÇAS TERRESTRES) - 1ª. PARTE

Para que se entendam algumas “histórias” que aqui vou contar, devo, primeiro que tudo, lembrar que o que vai escrito e descrito é baseado na perspectiva e “aos olhos” de jovens entre 18 e 25 anos e nem sempre é baseado no que seria a realidade ou, ainda menos, no que a realidade devia ter sido. Não é minha intenção menosprezar, ofender ou desrespeitar nenhuma Classe ou Arma.

Durante a Guerra do Ultramar, para os Pilotos Milicianos, a diferenciação, consideração e respeito entre estes e outros militares nada tinha a ver com os diferentes postos hierárquicos aprendidos na recruta.
A sequência era mais ou menos a seguinte:
1º) Pilotos – De Furriel a Tenente eram todos tidos como “topo da lista”.
Geralmente, tratavam-se todos por “tu”, concorriam à mesma escala de voo e estavam prontos a sacrificar-se uns pelos outros.
Capitães já eram olhados com um certo cuidado pois sabíamos que, na maioria dos casos, preocupavam-se mais com as suas futuras carreiras do que com o nosso “conforto”.
De Major a Tenente Coronel eram olhados com extrema desconfiança e analisados caso a caso – e havia de tudo! A partir de Coronel sempre desconfiávamos deles, pois deles só poderiam vir as “porradas” e “más colocações”. Ainda por cima, heresia das heresias, raramente voavam!
2º) Cabos Especialistas – Eram os nosso “Irmãos de Armas”, frequentemente da mesma idade e “gostos”, cuidavam das nossas “montadas”, voavam muito frequentemente e viviam e morriam connosco (o número de Pilotos e Especialistas mortos em voo durante a Guerra do Ultramar deve ter sido muito igual). Muitos deles eram capazes de pilotar um Auster, uma DO-27 ou um Alouette III em todas as fases de voo e, frequentemente, com grande perícia (conheci pessoalmente vários casos).

3º) Controladores de Voo – Era com estes que contávamos para sair das “frias” quando estávamos perdidos, em condições meteorológicas adversas (com DF ou GCA) ou quando tínhamos sido “abonados” (atingidos) e precisávamos de apoio ou busca e salvamento imediatos. Impossível de saber quantas centenas de vidas foram salvas por estes verdadeiros heróis anónimos.
4º) Pára-quedistas - Eram nossos “camaradas aeronautas”, não tinham medo de voar (aliás pareciam não ter medo de nada mesmo!) e eram quem iria à nossa procura se, de repente, fossemos parar ao meio do mato. Eram os únicos que conseguiam ser ainda mais “cowboys” que nós! Outros nos igualavam mas só estes podiam nos superar! Só isso já era, por si só, razão para lhes dedicarmos grande respeito.
5º) Tropas Especiais (Comandos e Fuzileiros Especiais) – Eram todos voluntários como nós e, normalmente, “tesos”. As Operações Conjuntas com estas tropas eram geralmente muito facilitadas pela sua costumeira competência e eficiência.
6º) Outro pessoal FAP pois bastava que se “vestissem de azul” para que os tratássemos com especial deferência (no entanto, para tal, era recomendável que não tivessem postos acima de capitão!)
7º) Outros FTs (Forças Terrestres = Exército e Marinha) com especial “carinho e cuidado” para com os militares em Serviço Obrigatório. Todos os outros eram sempre julgados “caso a caso”.



por:
João M.Vidal PIL

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