"Entre 1961 e 1974, Portugal travou a guerra de guerrilha nas Províncias Ultramarinas de Angola, Guiné e Moçambique.
Para um país pobre e pouco desenvolvido, ter conseguido mobilizar a Força Aérea, treiná-la para um cenário de guerra nunca previsto até então, equipá-la tão adequadamente quanto possível, transportá-la para teatros localizados a milhares de quilómetros de distância e criar bases logísticas de apoio em lugares chave, foi, por si, um feito extraordinário.
É de salientar que as Forças Armadas Portuguesas não tinham disparado um único tiro de combate desde a primeira guerra mundial.
O maior e mais imediato obstáculo das campanhas foi a distância geográfica entre a Metrópole e as frentes de combate.
Angola, cenário da acção inicial em 1961, localizava-se a 7.300 Km de Lisboa.
A segunda frente iniciou-se em 1963 na Guiné, 3.400 Km a sul de Portugal.
A terceira frente iniciou-se durante 1964 em Moçambique onde o porto da Beira ficava a 10.300 Km de Lisboa. Cada uma destas frentes de combate tinha características geográficas e demográficas completamente diferentes.
Os diferentes Teatros de Operações estendiam-se por uma área mais vasta que toda a Europa Central.
Cabia à Força Aérea:
- Assegurar o transporte de pessoal e material entre a Metrópole e o Ultramar
- Assegurar ligação, transporte e evacuação nos teatros de operações
- Efectuar reconhecimentos
- Intervir em terra com tropa pára-quedista
- Apoiar pelo fogo as unidades de superfície.
Aos Pilotos Militares da nossa geração coube a difícil tarefa de organizar, treinar e comandar os pilotos que viriam a operar os meios aéreos fundamentais para todas as campanhas.
Estes pilotos não se repetiram, não se copiaram. Romperam os quadros existentes, definiram as suas próprias coordenadas, estabeleceram o seu próprio ritmo e, à parte os traços afins que os caracterizavam, foram todos diferentes.
A vasta maioria soube cumprir as suas obrigações de militares, de patriotas e de cavalheiros, mantendo em todas as diversas circunstâncias em que se encontraram, por mais difíceis que tenham sido, uma conduta exemplar.
Mas a glória teve um preço altíssimo: dezenas destes jovens pilotos encontraram a morte em acidentes evitáveis e quase outros tantos viriam a perecer na guerra do Ultramar.
Nestes tempos em que a palavra “Patriotismo” parece estar fora de moda (somente em Portugal!) esta poucas imagens pretendem relembrar os feitos e homenagear uma geração de Pilotos Operacionais a quem a Pátria muito deve.
Mal vai a vida de uma Nação cujo povo e governantes não sabem honrar os seus Heróis.
Grande desnorteamento existe quando não se sabe distinguir os conceitos políticos, da honra, do valor e do dever. Que será preciso fazer para que se percam os complexos e nos orgulhemos dos nossos Intrépidos? Dizem que a memória dos homens é curta.
Quando o esquecimento ajuda os desígnios pouco claros ou o aliviar de más consciências, então é cultivado como uma arte. A continuarmos assim não encontraremos o “Norte”... ...e os vivos não merecerão os mortos. Será caso então, para os chorarmos!
João Vidal PIL
Aconselho vivamente um visionamento do seu óptimo trabalho; entretanto numa época em que a escala de valores foi totalmente adulterada, peço uma leitura atenta das suas palavras pois como diz no final, os vivos não merecem o Extremo Sacrifício feito por tantos dos nossos Camaradas de Armas.
João Vidal que fez a sua comissão no Negage, não fala de cor, já que perdeu um irmão tambem piloto na Guiné.
Ribeiro da Silva PIL
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