quinta-feira, 24 de março de 2022

MEMÓRIAS DO AB4

No Conselho Administrativo

As memórias das terras do fim do mundo, em certa medida são mais acerca de uma trabalheira incrível, afinal tirei muito proveito disso, foi a minha Universidade da vida, aprendi imenso, conheci pessoas fantásticas, entre alguns poderei começar por aquelas equipas de Futebol e Andebol, dali o Raminhos, o Alcantarilha, o Morais, tinha sido guarda redes do ASA, gabava-se de ter ido a Lisboa jogar com o Benfica para a Taça (infelizmente já faleceu) o Restolho, o Laranjeira, o António Sequeira, o Álvaro Barroso, o Hermínio Martins, o falecido Parreira e tantos outros.

Por outro lado tive uma equipa como não outra, o Comandante João da Cruz Novo (um homem honesto e sério, o único problema é que não sabia sorrir pela frente), o Segundo Comandante Pinho Freire, um sorridente, costumava dizer; "-faz o teu melhor, se tiveres dúvidas vem ter comigo". O meu verdadeiro chefe na questão das contas, o Cap. Lobo da Fonseca, formado em economia e finanças (ainda não sei porque foi para a FAP), depois o primeiro Rodrigues, queria mandar na secção de vencimentos, quando não conseguia dar conta do recado virava as costas, arranjava uma desculpa de urgência e dizia; "-oh Russo se precisares de mim chama-me"! Eu respondia-lhe assim; "-isto de darem promoções de velhice é uma merda"! Então o tipo ia-se, quantas vezes isto aconteceu.
Confraternização do pessoal do CA com o 2º.comt. Pinho Freire (3º.à dtª.)

De vez em quando estas e outras vem-me à memória, recordando os tempos em que éramos “meia dúzia” e nos conhecíamos pelo nome ou alcunha.
Pós julho de 1967, com o despoletar da guerrilha no leste tudo mudou, tanto do Exército como dos nossos tudo se alterou, as capacidades de crescimento estavam espremidas.
Mais uma viagem
Nesses primeiros tempos ia a todos os destacamentos levar os envelopes com a "massa". Cheguei a ir
à Luiana, um destacamento do Exército, somente barracas de lona, um calor dos diabos, eles tinham um frigorífico a petróleo, mas que não fazia frio, fizeram um poço para através dum saco preso com uma corda arrefecerem a bebida, ali não havia problemas de guerra, havia muita caça, através do Nord, mandavam carne para Gago Coutinho e recebiam bebida tabaco e munições.
Nós portugueses temos o espírito do desenrascanço!
O Luso cresceu como uma estância de férias, o Nobre (Pensão) cresceu, depois foi o Hotel, isto tudo entre 1967 e 1969.
Na Pensão Nobre

Apetece-me acrescentar de que nos anos seguintes a Administração Portuguesa tentando manter o controle das Colónias, a verdade é que já não tinha poder económico para prosseguir com a guerra, não seria possível continuar com maquinarias terra e ar obsoletas, ao tempo uma afirmação de um gajo graúdo da África do Sul ali mesmo no AB4, por estas e outras durante alguns anos desapareceram os meus documentos militares.
Sempre aprendi mais com as turbulências da minha vida, a FAP deu-me muitos conhecimentos, responsabilidade e disciplina.
Bons tempos, um pedaço de nós fica espalhado na experiência e na saudade, impagável.

Por: Floriano Silva



1 comentário:

  1. Peço perdão de olvidar o meu grande amigo Manuel Moço.

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