quinta-feira, 22 de outubro de 2020

ALMOÇO NO LUNGUÉ-BUNGO !


Num dia pela manhã, vindo eu de Cangamba, aterrei neste destacamento dos "Fusos", por uma questão técnica. 
Ainda não eram horas de almoço e, o 2º. Tenente médico que já me conhecia de outras andanças, convidou-me para o almoço...até aí tudo bem.
O Comandante do destacamento do Lungué corroborou o convite e, aí, depois de conferenciar com o MMA (mecânico de material aéreo), este disse-me, que por ele, estava tudo bem! Afinal, nós éramos uma tripulação e eu fazia questão de auscultar quem me acompanhava na missão.
O almoço foi farto e bem regado, porque o pessoal da Marinha caracterizava-se por receber bem todo o pessoal que por ali passava, em particular, os "putos da FAP". 
Quando demos conta o tempo tinha passado, e a tarde tinha-nos surpreendido com um "trapezanal" de Cúmulos Nimbo, que anunciavam uma tarde e noite de chuva abundante e vendaval à mistura. A frente vinha de Nordeste, precisamente em cima da rota que eu levaria até ao AR Luso...Às 15h30 já caia a "cats and Dogs" as descargas elétricas riscavam o céu sombrio daquela paragem paradisíaca, que num repente se tinha tornado num inferno molhado. O ribombar, fazia tremer tudo em redor. Porém, todos nós estávamos habituados àquela "música" estridente e algo aterradora, acompanhada pela luzes "psicadélicas" das potentes descargas eléctricas que se sucediam mais ou menos umas em cima das outras...
É um panorama desigual, que tem tanto de lindo, como de aterrador para quem não se aclimatou às intempéries tropicais, assusta. Não era o meu caso, porque sempre vivi pelo trópico. 


Feitas as formalidades no posto de rádio, para confirmar a nossa posição, acabámos por pernoitar na casa dos Fusos. O bar estava aberto, as cartas de jogo estalavam com força nas improvisadas mesas para esse fim, a tradicional lerpa e, a cerveja fluía direta das garrafas, Cuca ou Nocal, garganta abaixo para não aquecer...eu bebi uma "Nocais" e, às 23h00, recolhi aos aposentos para um breve repouso, uma vez que, a "ETD" descolagem, seria às 06h30. Foi a última vez que por aqui passei.
Sinto alguma nostalgia, quando revejo e, me vejo neste locais já distantes, quem sabe, já desaparecidos na totalidade...hoje serão não mais que escombros esventrados ao sabor da natureza que tudo normaliza... 


Também passei por "Vila Nova d'Armada" no Cuando-Cubango, outro reduto do Fusos, mais a Sul, com base na margem esquerda do rio Cuando, onde patrulhavam a fronteira feita por este, com a Zâmbia....

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1 comentário:

  1. É um orgulho ser teu amigo Carlos.
    Abraço.
    Amândio Carvalho.

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