quinta-feira, 4 de julho de 2019

A PRAXE


Desconheço em que data esta começou a ser praticada pelos Especialistas do AB4.
Sem certezas, julgo, que terá sido em finais de 1969.
Como todos sabem, as nossas rendições no final da comissão ultramarina eram individuais. A maioria quando o final da comissão estava próximo, ou já a tinha  ultrapassado, estando ao que chamáva-mos a "lerpar", mantinha a rotina de ir esperar toda a aeronave militar que chegasse de Luanda, na esperança de ver surgir uma cara nova sempre sinónimo de substituto para alguém.
A praxe "oficial", consistia na apresentação à classe, do maçarico recém chegado.
O Nord de segunda, ou sexta-feira, chegava normalmente próximo da hora de almoço, pelo que propiciava a máxima divulgação do "acontecimento".
O cerimonial consistia na apresentação pelo substituído do seu substituto. Ao recém-chegado, em pleno refeitório, era exigido que subisse a uma cadeira, o substituído passava-lhe para a mão o "especialista das Caldas", préviamente cheio com uma Nocal que deveria beber enquanto ia rodando por forma a ser visível pela ululante assistência, que entoava o "ó téri, téri, téri ...ó téri, téri, téri ...e é da malta" !
Estava desta forma praxado pelos "gajos do leste" e passaria a fazer parte da família do AB4.
Raras vezes, mas aconteceu, aparecer um púdico objector em mamar no "das Caldas". Nesse caso, quando as negociações falhavam e a renitência se mantinha, só restava uma hipótese ao raio do maçarico, mergulhar no lago do Clube fardado como estava. Portanto, opções havia !
Esta cena digamos oficial, não quer dizer que à noite, nas camaratas, outras "poucas vergonhas" não continuassem.

Sou franco, tendo chegado em Outubro de 1970, não me recordo se fui ou não praxado, assim como não sei quem fui substituir. Provávelmente, por não ter ido substituir alguém em particular mas apenas aumentar os efectivos, devo ter passado ao lado da "cerimónia" e ficado isento.
O mesmo se passa em relação ao meu substituto, que  apenas recentemente e após divulgação de algumas OS (ordens de serviço) vim a confirmar que se tratou do Diamantino Maia Costa Ferreira e que andou duas semanas a laurear o queijo em Luanda, antes de rumar a Henrique de Carvalho.
Convém referir, que esta praxe se tem mantido ao longo dos anos em todos os encontros anuais. Quem aparece pela primeira vez já sabe, vai ter de ir ao "castigo" e ser apresentado a toda a assembleia.

Por último, um lamento, de entre milhares de fotos do Álbum de Fotos do Blog, não há uma única que retrate a praxe ao tempo do AB4.

2 comentários:

  1. COMPANHEIROS

    Para que conste, esta praxe começou nos primeiros dias de Novembro de 1969 e foi da ideia do Joaquim José Leão - OMET, mais conhecido pelo Leão da Zâmbia.
    Por sua sugestão, sabendo que eu iria me deslocar ao "puto" para o casamento de um familiar pediu-me para trazer o "BRINDE DAS CALDAS".
    Efectivamente o "maçarico" quando na hora de almoço, subia na cadeira e era apresentado à classe pelo VCC substituído.
    Mais um "pormaior" quando o "Barriga de Jimguba" chegava mais cedo, e o VCC tinha uma pancada, o maçarico era convidado para umas bejecas e latas de anchovas pelo pequeno almoço. E ele que negasse...

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    1. Gostei da explicação Carlos, era assim mesmo...Abraço

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