quinta-feira, 4 de abril de 2019

QUANDO NUMA MISSÃO AÉREA AS COMUNICAÇÕES NÃO FUNCIONAVAM


As comunicações eram importantíssimas e quando não funcionavam motivavam as mais complexas situações. 
O José Pedro Borges, piloto de helicópteros no leste de Angola, viveu momentos atribulados durante uma missão de recolha de um grupo de GEs (grupos especiais, forças paramilitares) na zona de Gago Coutinho. 
Tinham ido para a mata pelo próprio pé e a dada altura foi preciso ir buscar um elemento que estava ferido. O José Pedro Borges lá foi, mas estava com dificuldade em perceber as vagas indicações que lhe eram dadas via rádio para o ponto de encontro. 
No local em que diziam estar, não via ninguém! As coordenadas não podiam estar corretas. 
Com o calor e o mato seco, lembrou-se de sugerir ao seu interlocutor que fizesse um pouco de fumo para que o conseguisse localizar mais facilmente lá de cima. 
O outro assim fez e continuava a insistir que estava no local onde dizia estar, mas o piloto continuava a não ver nada no horizonte.
Já impaciente com a imprecisão das indicações, gritou ao outro que por aquele andar só o conseguiria ver se pegasse fogo à mata! E o outro assim fez.... José Pedro Borges não queria acreditar que os GEs haviam mesmo deflagrado um incêndio em pleno mato angolano, e precisavam que os fossem não apenas recolher, mas salvar! Foi um ver se te avias para os encontrar e em vez de recolher apenas o militar que estava ferido, foi preciso tirá-los de lá a todos em tempo recorde, senão morriam queimados ou, no mínimo, intoxicados!



Também o José Feijó igualmente piloto dos hélis, enfrentou um problema de comunicação com um elemento dos GEs durante uma missão de resgate. 
O grupo estava no terreno, tinha completado uma missão e lá foi uma formação de helicópteros buscá-los. 
A comunicação entre a mosca (helicóptero) e a cobra (grupo de GEs) era feita por rádio, e estes tinham de dar ao chefe de formação dos helicópteros indicações sobre o ponto exacto onde se encontravam para que pudessem ser recolhidos. Ora o comandante dos GEs que estava no chão também dava indicações tão imprecisas (seria o mesmo?) que o piloto Feijó não se orientava. E naquela troca de palavras que não levava a nada, entre o estamos aqui, e...o aqui onde?! O Feijó perdeu a paciência e, num desabafo, deixou escapar um: «mas aqui onde, porra?!». 
Fez-se um silêncio momentâneo no rádio, até que o GE lhe respondeu, ofendido, no seu sotaque africano, que se o outro voltasse a dizer «porra», não lhe dizia onde estava!

"O outro lado da Guerra Colonial"

3 comentários:

  1. amigo e camarada nao tinha conheçimento gostei eu nao andava a fazer operaçoes era o que naquele tempo se chamava aramista trabalhava no p a d era mecanico e so saia para o mato quando iamos abasteçer e se fazia o m v l movimento de viaturas logisticas eu ia na ultima viatura um abraço boa noite

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  2. Gostei de ler o comentário...Eu conheci bem a Zona (ZOL), como para-quedista. aquando da nossa estadia no Leste (Ninda p/explo)

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  3. Domingos Silva05 abril, 2019

    Conheci bem a realidade de Gago Coutinho e da Zona Leste de Angola, como para-quedista aquando da nossa estadia em "NINDA" e arredores.(1969/70)

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