A Acção Psicológica destina-se a influenciar as atitudes e o
comportamento dos indivíduos. Na guerra subversiva é utilizada para obter o
apoio da população, desmoralizar e captar o inimigo e fortalecer o moral das
próprias forças, assumindo três aspectos diferentes, embora intimamente
relacionados:
- acção psicológica
- acção social psicossocial
- acção de presença.
Quer as forças portuguesas, quer os movimentos de libertação usaram
intensamente a acção psicológica como arma, integrando-a na panóplia de meios
disponíveis para a conquista dos seus objectivos, dentro da ideia que as
«palavras são os canhões do século XX» e que, como se ensinava aos futuros
chefes da guerrilha na escola de estado-maior da China, na guerra
revolucionária «deve atacar-se com 70 por cento de propaganda e 30 por cento de
esforço militar».
A acção psicológica exercida sobre a população, o inimigo e as próprias forças
foi conduzida através da propaganda, da contrapropaganda e da informação, de
acordo com as finalidades de cada uma destas áreas: a primeira, pretendendo
impor à opinião pública certas ideias e doutrinas; a segunda, tendo como
finalidade neutralizar a propaganda adversa; por último, a informação,
fornecendo bases para alicerçar opiniões. Mas, para serem eficazes, os meios de
condicionamento psicológico necessitam de encontrar ambiente favorável.
Quanto às populações, procurou-se criar esse ambiente propício com a acção
social, que visava a elevação do seu nível de vida, para as cativar,
«conquistando-lhes os corações» e originando condições mais receptivas à acção
psicológica. Esta acção foi desenvolvida sob a forma de assistência sanitária,
religiosa, educativa e económica.
Da conjunção da acção psicológica com a acção social surgiu a acção
psicosocial, que foi designada por Apsic ou simplesmente por Psico.
Relativamente ao adversário, a acção psicológica das forças portuguesas
procurou isolar os guerrilheiros das populações, desmoralizá-los e conduzi-los
ao descrédito quer na sua acção, quer na dos seus chefes. Para o efeito
utilizaram-se panfletos e cartazes lançados de aviões ou colocados nos trilhos
de acesso e nas povoações, emissões de rádio, propaganda sonora directamente a
partir de meios aéreos, apelando à sua rendição e entrega às forças militares
ou administrativas, garantindo-lhes bom tratamento e explicando-lhes que a
participação na guerrilha constituía um logro.
Como toda a acção tem o seu reverso, os movimentos de libertação apelavam aos
ideais de paz e de justiça, dirigindo a sua acção a grupos-alvo seleccionados:
trabalhadores, intelectuais, estudantes, militares e mulheres, apresentando
como ideias-chave a guerra injusta, o direito à independência e
autodeterminação, o atraso económico provocado pelas despesas da guerra e os
sacrifícios exigidos à juventude e suas famílias.
De forma geral, a oposição política ao regime completou a actividade dos
movimentos de libertação através de acções de mentalização e propaganda,
algumas espectaculares, como as que foram dirigidas contra instalações
militares pela Acção Revolucionária Armada e as Brigadas Revolucionárias.
Para responder a esta actividade adversária, que pretendia «minar o aparelho
militar por dentro e retirar-lhe a, vontade de combater», as Forças Armadas
exerceram também esforço de acção psicológica sobre os seus elementos, cuja
finalidade era manter e fortalecer o moral dos combatentes, procuravam
conseguir esse fortalecimento transmitindo a crença na justiça da causa que se
defendia e a fé na vitória. As acções destinadas a conseguir esses objectivos
revestiam-se quase sempre, de carácter de exaltação patriótica, com o recurso a
exemplos de heróis militares.
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