quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

OUTRAS MISSÕES NA ZONA MILITAR LESTE (ZML)

Teixeira de Sousa em 1970 - foto de Gonçalo de Carvalho

Nos meus deslocamentos para a ZML cumpri várias missões de que fui incumbido, para além da minha função principal de topógrafo.
Por exemplo, numa viagem aérea de Noratlas a partir do Luso desloquei-me a Teixeira de Sousa na fronteira com o Congo belga, onde existe a célebre pedra verde utilizada na bijutaria, ao Cazombo, à Lumbala nas margens do rio Zambeze e à N'Riquinha no Sudeste de Angola no longínquo distrito de Cuando Cubando.
De regresso da N' Riquinha e depois de sobrevoar o Cuito Cuanavale e Gago Coutinho, (nesta vila ficou o meu irmão Aníbal sepultado, 1.° cabo do Exército, morto em combate na região das Bundas) o avião veio sempre a rasar as árvores da mata selvagem para evitar ser atingido pelas armas dos terroristas. A certa altura ouviu-se um estampido seco no exterior da fuselagem parecido com o impacto de um projéctil! 
Eu vinha na cabina de pilotagem junto aos pilotos. Surpreendidos, olhamos uns para os outros e apenas o comandante do avião, Tenente Piloto Barbosa do Couto, virou-se para mim com uma piscadela de olho e continuou agarrado aos comandos da aeronave impávido e sereno como se nada tivesse acontecido.

O potente e robusto Noratlas continuava no seu voo rasante sobre um autêntico mar verde da selva africana. De vez enquanto observávamos grandes manadas de animais selvagens, centenas deles pastando na imensa savana, a fugir assustados com o ruído dos motores.
Quando aterrámos no Luso, vistoriando o exterior do avião foi encontrada uma pequena amolgadela no bojo. Na opinião do Tenente Couto deve ter sido a ponta de uma árvore seca invisível ao longe no meio da selva a causa do impacto ouvido no voo rasante.


Por:









Agradecemos ao Sr. Major Serafim Esteves, nos ter permitido transcrever este texto do seu livro "As Memórias do Major".




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