quinta-feira, 1 de novembro de 2018

COMO O TEMPO PASSA!


Fez no passado dia 20 de Julho quarenta e seis anos que um jovem como eu, depois de renunciar aos estudos, e após adequada formação na Força Aérea Portuguesa (FAP) como voluntário, partia para a 3ª Região Aérea Moçambique.
Mal passada a noite no Depósito de Adidos no Lumiar, consegui encontrar um bom caixote dentro de um DOUGLAS DC6,que não mais larguei e ocupei, durante os três dias que demorou a viagem entre Lisboa e Lourenço Marques.
Para vos poupar e sintetizar, não irei falar das peripécias da viagem naquele carregueiro a pistom, que haveria de levar-me até à bonita cidade de Lourenço Marques. 
Ali fiquei oito dias aguardando colocação, tendo sido privilegiado com a simpatia e albergue dos pais de um companheiro de escola, hoje meu cunhado. 
Chegada a colocação lá rumei a Tete a bordo do velho DC3 o tal Dakota que toda a gente conhece.
Fui colocado na Esquadra de Helicópteros 703 os «VAMPIROS».
Naquele tempo e na sequência da operação «NÓ GÓRDIO» que o General Kaúlza de Arriaga planeou, os guerrilheiros da Frelimo acossados no Planalto dos Macondes, direccionaram as actividades de guerrilha para o distrito de Tete, até porque estava em curso a construção da maior barragem da África Austral, Cabora Bassa, qual baluarte do Estado Novo, e que naturalmente a FRELIMO queria impedir.
A Esquadra de Helicópteros AL III os «Vampiros”, cumpriam a partir de Tete e outros aeródromos, inúmeras e variadas missões resultantes naturalmente das capacidades desta aeronave. Com a mudança estratégica da FRELIMO, o Distrito de Tete passou pois a ser uma zona de influencia acentuada dos guerrilheiros, obrigando a alterações estratégicas das nossas forças.
Cito algumas das missões que através dessa generosa máquina AL III ali cumpríamos:
- Visualização aérea das movimentações do inimigo (IN)
- Transporte de géneros e correio
- Colocação de tropas, vulgo héli-assalto
- Evacuações sanitárias a partir das zonas de combate
- Ações armadas nas zonas do (IN)
Tudo isto e é muito, era concretizado por jovens que voluntariamente decidiram servir a Pátria nas fileiras da (FAP)
Muitos dos nossos melhores por lá ficaram!
Quanto a mim e passados quarenta e seis anos como inicialmente referi, já velho e cansado, ainda tenho o privilégio daqueles que quando quiserem, podem contar a história, falando de factos e atos que não cabem neste depoimento.
Contra tudo o que estava previsto, acabei por servir a (FAP) durante trinta e seis anos a quem jamais deixarei de agradecer, tudo o que em mim investiu, em termos de qualificações e cidadania.
OBRIGADO À FORÇA AÉREA PORTUGUESA A QUE TENHO ORGULHO DE PERTENCER!

Por:










(Ten.Coronel na reforma)

2 comentários:

  1. Olá Neves , também servi em Tete na esquadra dos Vampiros como piloto de 3/71 a 4/73, tendo como cmte de esquadra o cap. Teixeira que foi do meu curso de helicópteros assim como o ten. Azevedo, e o cap. Brogueira o ultímo quando deixei Tete. Voltei para Lisboa e fiquei ainda 2 anos como instrutor e em 75 vim para o Brasil onde estou até hoje. Perdi contacto com quase todos.

    Abç grande Andrade

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  2. Olá Andrade eu penso que voei contigo . Estive nos Vampiros de Nov 72 a Maio 73 quando regressei a BA10 . Sou o Rebelo e voei entre muitos com o Papadoc ,Gaspar Queiroz . Um abraço Rebelo

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