DIA DA BASE AÉREA Nº. 2
A Base Aérea nº. 2
(Ota), comemorou no
passado dia 20 de Abril o 31º. Aniversário da sua fundação, com as seguintes
cerimónias:
Missa na capela da
Unidade por intenção do pessoal militar e civil já falecido, a que se seguiu
formatura geral, perante a qual o capitão piloto navegador Vítor Manuel Dias dos Santos proferiu uma alocução alusiva ao
significado do dia.
Seguiu-se a transmissão das funções de “Porte Bandeira” (tenente TOCC José Gonçalves Leitão Cerdeira), “Escolta” (2º. Sargento OMET João
Fernando Veloso, 2º. Sargento ORTRA Joaquim Barradas Anselmo e 1º. Cabo MMA
João Gualberto da Silva Coelho) e “Porta
Guião” (2º. Sargento MMT Orlando Pacheco Simão).
Procedeu-se
depois à imposição de condecorações concedidas a alguns militares que
actualmente prestam serviço na BA 2.
Medalha de prata
de serviços distintos – capitão TOCART Belmiro Martins da Silveira, capitão
TMMA Manuel Alves dos Santos e tenente TOCC José Gonçalves Leitão Cerdeira.
Medalha de ouro de
comportamento exemplar – capitão SG Florêncio Ferraz.
Medalha de prata
de comportamento exemplar – 1º. Sargento ORTRA Vasco da Piedade Arzileiro, 1º.
Sargento MRAD Joaquim José Cabrita Ramos, 1º. Sargento MRADAR Valdemar Borges
Igreja e 1º. Sargento MELEC. Manuel João.
As cerimónias
terminaram com o desfile das forças em parada.
O capitão Vítor Manuel Dias dos Santos proferindo a
sua palestra subordinada ao
Cap. Vitor M. Santos |
tema “BA 2 – 31 anos de existência”, de que transcrevemos abaixo uma parte.
“Tem-se ouvido
muitas vezes afirmar que o militar só se emancipa e tem direitos à admiração
dos seus concidadãos, numa palavra, só se torna grande no “Campo da Honra”,
entendido como campo de batalha, ao enfrentar o inimigo.
Não é inteiramente verdade!“
O “Campo da Honra”
é o lugar onde cada cidadão desempenha a sua tarefa, engrandecendo-se a si
próprio, produzindo o seu melhor, seja qual for o grau de possibilidades de que
for dotado.
Depois,
se tiver que acontecer dialogar com o inimigo, de arma na mão, o militar não
tem mais que continuar a cumprir, agora num nível de actuação que as
circunstâncias lhe impõem como consumação de todo o seu saber, de todo o seu
engenho, de toda a sua vontade de vencer derivada de convicções enraizadas e
permanentes de amor-pátrio, sentindo profundamente o que defende e porque o
defende.
Quero dizer com isto que o militar não pode estar à espera de
se realizar como homem e como cidadão, apenas se lhe for dado passar pelos
transes do baptismo de fogo.
Realiza-se já,
quando estiver física, mental, moral e tecnicamente preparado para entrar em
combate, em defesa de legítimos e sagrados direitos ameaçados ou violados seja
onde for e nas circunstâncias mais adversas.
Condecorados |
É a este campo de
acção que a Base Aérea nº. 2 se tem devotado. Realizar verdadeiros homens!
A despeito do furor crítico em minimizar o que somos, o que
temos e o que fazemos, o que parece ser uma característica negativa do povo
Lusíada, a História nega pelos factos consumados a aparente intenção desse
matraquear de maledicência.
Na realidade, a
Nação Portuguesa, enfrentando desde sempre incomensuráveis tarefas,
desproporcionadas para o número de habitantes e meios materiais que possui,
leva o português a uma constante percepção de ingentes e inevitáveis
dificuldades que o tornam atreito a um desejo ansioso e subconsciente de ter
que se fazer mais e melhor, se se quiser manter intacto o imponente edifício
histórico concebido e constantemente ameaçado.
Na Base Aérea nº.
2 não se foge à regra. Mas a preocupação pelo muito que há para fazer, não pode
obscurecer o trabalho realizado e desmentir as potencialidades que possuímos.
Aliás, vão sempre
aparecendo, em constante enfiada, personagens activas, impetuosas e de visão
larga, daquelas que decidem superiormente dos acontecimentos.
Em 1960, por razões de conjuntura
político-militar exigem remodelações imediatas e a Base da Ota deixa de ser uma
Base Operacional, para se converter numa Unidade de Instrução.
Ao mesmo tempo que é extinto o Grupo
Operacional cria-se um Grupo de Instrução Complementar de Pilotagem e Navegação
que engloba duas Esquadras:
- A Esquadra de
Instrução Complementar de Pilotagem de Aviões Pesados, equipada com bimotores
“Dakota” e “Expeditor”, que em 1964 é transferida para a Base Aérea nº. 4.
- E ainda uma Esquadrilha de Ligação e Transporte que, a
partir de 1963, além da sua missão usual, garantiu treino de voo aos Cadetes da
Academia Militar, por intermédio de instrução básica efectuada em avião
“Chipmunk”.
Não me permite o
tempo disponível traçar alguns comentários pertinentes acerca da
importância e
responsabilidades deste Grupo de Instrução a quem competia aperfeiçoar a
técnica incipiente de pilotos elementares e refrescar ou melhorar pilotos já
feitos, para os lançar conscientes e especializados nas esquadras operacionais
de transporte de longo curso e caça de reacção, além de permitir os primeiros
passos aos futuros oficiais oriundos da Academia, futuras cabeças de comando e
chefia na Força Aérea.
Cap.Florêncio Ferraz recebe a medalha de ouro |
É reminiscência desse grupo, a Esquadra de Instrução
Complementar de Pilotagem de Aviões de Caça, que ainda hoje temos a sorte de
manter e que, no seu ininterrupto e persistente labor, proporcionou instrução,
durante o 2º. Quinquénio da década de 70, a 8 alunos distribuídos por 29 cursos
de tipos diferentes, tendo executado 8.166 horas de voo.
Na mesma altura é criado o Grupo de Instrução de Técnicos e
Especialistas, a principal escola técnica da Força Aérea, única em
determinados sectores.
O GITE, desde a sua efectiva partida para
uma produção contínua e organizada (1961),
realizou, até Março de 1971, 471 cursos de Formação, Promoção e Subespecialização.
Durante a década de 70, passaram pelas
aulas do GITE, 14.680 alunos e, já no ano que decorre, (1971) assiste-se ali a
um verdadeiro formigueiro de 860 alunos debruçados sobre as mais variadas
disciplinas teóricas e práticas. 171 instrutores e monitores, uns exclusivos do
GITE, outros acumulando na Base com diferentes serviços, são responsáveis pelo
preenchimento de 87.360 horas de instrução anual.
Realizam-se na Base Aérea nº. 2 anualmente:
- 1 recruta de
pessoal destinado aos cursos de Formação de Oficiais técnicos e a pilotos com
um efectivo de 150 homens.
- e 3 escolas de recruta, num total de 1.200
homens que consomem 12.000 horas de válida instrução teórica e prática e que,
após o Juramento de Bandeira, serão canalizados para os vários cursos de
formação de cabos especialistas.
O que a
estatística, na sua frieza numérica e síntese demasiado para o tempo de que
dispomos, não consegue descrever e humanizar é o esforço contínuo do Comando,
da Administração e Corpo docente, a sua luta contra o tempo, o dispêndio de
energias na tentativa de se conseguirem melhores métodos didácticos e
actualização da literatura impressa, em busca de maior rentabilidade.
E não será
desajustado apontar, recordando com simpatia e admiração a aplicação até ao
sacrifício daqueles que lutam nas três frentes de combate, que também na BA2 a
exiguidade dos meios postos à disposição do GITE, da EICPAC e inclusivamente
das restantes sub-Unidades que apoiam as
missões primárias, implica um nunca acabar de ansiedades que originam técnicas
de excepção em arte, engenho e aplicação aturada que roubam o sono, repouso e
paz de espírito.
Instruir, educar,
amoldar pessoal que operará processos e equipamentos de vanguarda, impostos por
uma Força Aérea altamente especializada e complexa, em constante crise de
crescimento e desde 1961 empregue em operações reais de guerra, é uma tarefa
que não pode levar-se a cabo sob o estigma de mediocridade.
A BA2 tem portanto
agora a nobre função de exercitar inteligências, doutrinar vontades e armar os
futuros elementos da Força Aérea da ética e do nível técnico capazes de
possibilitar o emprego dos meios aéreos na certeza da obtenção do êxito.
Na guerra de
sobrevivência em que estamos empenhados, uma má orientação da instrução, seria
investimento certo para o estiolamento das estruturas, seguido de perto pela
paralisação geral da acção.
A BA2 possui o conhecimento exacto das
suas responsabilidades actuais e comporta-se, aliás como sempre, CUMPRINDO ALÉM
DO DEVER!”
Notas:
Recolha de informação na Revista “Mais
Alto” nº. 144 – Abril 1971
Até breve
O
amigo
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