sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

BA2 OTA - DIA DA BASE - COMEMORAÇÃO DO 31º.ANIVERSÁRIO

Comandante da Base, Cor, Brochado Miranda durante a cerimónia




















DIA DA BASE AÉREA Nº. 2
20 de Abril de 1971 – 31º. Aniversário da sua Fundação

A Base Aérea nº. 2 (Ota), comemorou no passado dia 20 de Abril o 31º. Aniversário da sua fundação, com as seguintes cerimónias:
Missa na capela da Unidade por intenção do pessoal militar e civil já falecido, a que se seguiu formatura geral, perante a qual o capitão piloto navegador Vítor Manuel Dias dos Santos proferiu uma alocução alusiva ao significado do dia.
Seguiu-se a transmissão das funções de “Porte Bandeira” (tenente TOCC José Gonçalves Leitão Cerdeira), “Escolta” (2º. Sargento OMET João Fernando Veloso, 2º. Sargento ORTRA Joaquim Barradas Anselmo e 1º. Cabo MMA João Gualberto da Silva Coelho) e “Porta Guião” (2º. Sargento MMT Orlando Pacheco Simão).
Procedeu-se depois à imposição de condecorações concedidas a alguns militares que actualmente prestam serviço na BA 2.
Medalha de prata de serviços distintos – capitão TOCART Belmiro Martins da Silveira, capitão TMMA Manuel Alves dos Santos e tenente TOCC José Gonçalves Leitão Cerdeira.
Medalha de ouro de comportamento exemplar – capitão SG Florêncio Ferraz.
Medalha de prata de comportamento exemplar – 1º. Sargento ORTRA Vasco da Piedade Arzileiro, 1º. Sargento MRAD Joaquim José Cabrita Ramos, 1º. Sargento MRADAR Valdemar Borges Igreja e 1º. Sargento MELEC. Manuel João.
As cerimónias terminaram com o desfile das forças em parada.
O capitão Vítor Manuel Dias dos Santos proferindo a sua palestra subordinada ao
Cap. Vitor M. Santos
tema “BA 2 – 31 anos de existência”, de que transcrevemos abaixo uma parte.
“Tem-se ouvido muitas vezes afirmar que o militar só se emancipa e tem direitos à admiração dos seus concidadãos, numa palavra, só se torna grande no “Campo da Honra”, entendido como campo de batalha, ao enfrentar o inimigo.
Não é inteiramente verdade!
O “Campo da Honra” é o lugar onde cada cidadão desempenha a sua tarefa, engrandecendo-se a si próprio, produzindo o seu melhor, seja qual for o grau de possibilidades de que for dotado.
Depois, se tiver que acontecer dialogar com o inimigo, de arma na mão, o militar não tem mais que continuar a cumprir, agora num nível de actuação que as circunstâncias lhe impõem como consumação de todo o seu saber, de todo o seu engenho, de toda a sua vontade de vencer derivada de convicções enraizadas e permanentes de amor-pátrio, sentindo profundamente o que defende e porque o defende.
Quero dizer com isto que o militar não pode estar à espera de se realizar como homem e como cidadão, apenas se lhe for dado passar pelos transes do baptismo de fogo.
Realiza-se já, quando estiver física, mental, moral e tecnicamente preparado para entrar em combate, em defesa de legítimos e sagrados direitos ameaçados ou violados seja onde for e nas circunstâncias mais adversas.
Condecorados 
É a este campo de acção que a Base Aérea nº. 2 se tem devotado. Realizar verdadeiros homens!
A despeito do furor crítico em minimizar o que somos, o que temos e o que fazemos, o que parece ser uma característica negativa do povo Lusíada, a História nega pelos factos consumados a aparente intenção desse matraquear de maledicência.
Na realidade, a Nação Portuguesa, enfrentando desde sempre incomensuráveis tarefas, desproporcionadas para o número de habitantes e meios materiais que possui, leva o português a uma constante percepção de ingentes e inevitáveis dificuldades que o tornam atreito a um desejo ansioso e subconsciente de ter que se fazer mais e melhor, se se quiser manter intacto o imponente edifício histórico concebido e constantemente ameaçado.
Na Base Aérea nº. 2 não se foge à regra. Mas a preocupação pelo muito que há para fazer, não pode obscurecer o trabalho realizado e desmentir as potencialidades que possuímos.
Aliás, vão sempre aparecendo, em constante enfiada, personagens activas, impetuosas e de visão larga, daquelas que decidem superiormente dos acontecimentos.
Em 1960, por razões de conjuntura político-militar exigem remodelações imediatas e a Base da Ota deixa de ser uma Base Operacional, para se converter numa Unidade de Instrução.
Ao mesmo tempo que é extinto o Grupo Operacional cria-se um Grupo de Instrução Complementar de Pilotagem e Navegação que engloba duas Esquadras:
- A Esquadra de Instrução Complementar de Pilotagem de Aviões Pesados, equipada com bimotores “Dakota” e “Expeditor”, que em 1964 é transferida para a Base Aérea nº. 4.
- A Esquadra de Instrução Complementar de Pilotagem de aviões de caça, equipada com os conhecidos “T-33” e regressada de Tancos onde actuara desde 1957.
- E ainda uma Esquadrilha de Ligação e Transporte que, a partir de 1963, além da sua missão usual, garantiu treino de voo aos Cadetes da Academia Militar, por intermédio de instrução básica efectuada em avião “Chipmunk”.
Não me permite o tempo disponível traçar alguns comentários pertinentes acerca da
Cap.Florêncio Ferraz recebe
a medalha de ouro
importância e responsabilidades deste Grupo de Instrução a quem competia aperfeiçoar a técnica incipiente de pilotos elementares e refrescar ou melhorar pilotos já feitos, para os lançar conscientes e especializados nas esquadras operacionais de transporte de longo curso e caça de reacção, além de permitir os primeiros passos aos futuros oficiais oriundos da Academia, futuras cabeças de comando e chefia na Força Aérea. 
É reminiscência desse grupo, a Esquadra de Instrução Complementar de Pilotagem de Aviões de Caça, que ainda hoje temos a sorte de manter e que, no seu ininterrupto e persistente labor, proporcionou instrução, durante o 2º. Quinquénio da década de 70, a 8 alunos distribuídos por 29 cursos de tipos diferentes, tendo executado 8.166 horas de voo.
Na mesma altura é criado o Grupo de Instrução de Técnicos e Especialistas, a principal escola técnica da Força Aérea, única em determinados sectores.
O GITE, desde a sua efectiva partida para uma produção contínua e organizada (1961), realizou, até Março de 1971, 471 cursos de Formação, Promoção e Subespecialização.
Durante a década de 70, passaram pelas aulas do GITE, 14.680 alunos e, já no ano que decorre, (1971) assiste-se ali a um verdadeiro formigueiro de 860 alunos debruçados sobre as mais variadas disciplinas teóricas e práticas. 171 instrutores e monitores, uns exclusivos do GITE, outros acumulando na Base com diferentes serviços, são responsáveis pelo preenchimento de 87.360 horas de instrução anual.
Realizam-se na Base Aérea nº. 2 anualmente:
- 1 recruta de pessoal destinado aos cursos de Formação de Oficiais técnicos e a pilotos com um efectivo de 150 homens.
- e 3 escolas de recruta, num total de 1.200 homens que consomem 12.000 horas de válida instrução teórica e prática e que, após o Juramento de Bandeira, serão canalizados para os vários cursos de formação de cabos especialistas.
O que a estatística, na sua frieza numérica e síntese demasiado para o tempo de que dispomos, não consegue descrever e humanizar é o esforço contínuo do Comando, da Administração e Corpo docente, a sua luta contra o tempo, o dispêndio de energias na tentativa de se conseguirem melhores métodos didácticos e actualização da literatura impressa, em busca de maior rentabilidade.
E não será desajustado apontar, recordando com simpatia e admiração a aplicação até ao sacrifício daqueles que lutam nas três frentes de combate, que também na BA2 a exiguidade dos meios postos à disposição do GITE, da EICPAC e inclusivamente das restantes sub-Unidades que apoiam  as missões primárias, implica um nunca acabar de ansiedades que originam técnicas de excepção em arte, engenho e aplicação aturada que roubam o sono, repouso e paz de espírito.
Instruir, educar, amoldar pessoal que operará processos e equipamentos de vanguarda, impostos por uma Força Aérea altamente especializada e complexa, em constante crise de crescimento e desde 1961 empregue em operações reais de guerra, é uma tarefa que não pode levar-se a cabo sob o estigma de mediocridade.
A BA2 tem portanto agora a nobre função de exercitar inteligências, doutrinar vontades e armar os futuros elementos da Força Aérea da ética e do nível técnico capazes de possibilitar o emprego dos meios aéreos na certeza da obtenção do êxito.
Na guerra de sobrevivência em que estamos empenhados, uma má orientação da instrução, seria investimento certo para o estiolamento das estruturas, seguido de perto pela paralisação geral da acção.
A BA2 possui o conhecimento exacto das suas responsabilidades actuais e comporta-se, aliás como sempre, CUMPRINDO ALÉM DO DEVER!”

 Notas: Recolha de informação na Revista “Mais Alto” nº. 144 – Abril 1971
           

Até breve                                                                                   
O amigo


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