sábado, 28 de abril de 2012

ÉRAMOS TODOS UNS MIÚDOS !

 

O Tex, bom amigo, levava as suas missões muito a peito. E tinha muito mais juizo do que eu.

Há tempos encontrei-me com ele em Braga e, à volta de um almoço, vimos velhas fotografias e falámos de tempos idos. Ele trouxe-me à memória um acontecimento que eu tinha esquecido há muito.

Decorria uma operação lá para os lados do Cuito Cuanavale e eu saí para fazer uma evacuação na mata. O Tex, qual anjo-da-guarda, acompanhou-me com um T-6 para dar protecção.
Como os helicópteros voavam, por norma, mais baixos que os T-6, ao fim de algum tempo de voo, camuflado pelo terreno, o Tex tinha-me perdido de vista.
Consciente da sua missão o Tex quiz localizar-me para o caso de...
"Como é que eu podia proteger-te se não sabia onde tu estavas?" - disse o Tex, com toda a razão.
A conversa no rádio foi rápida e sucinta:
- "Cafre, Tex." 
- "À escuta."
- "Posição?"
- "Sentado!"
...

Diz o Tex que, naquele momento, teve vontade de me bater mas...
Eu conheço bem o Tex e a grande preocupação que tinha pelos companheiros. Por todos os seus companheiros. Ele queria dizer que precisava de saber onde é que eu estava para me dar uma boa... protecção.
Éramos todos uns miúdos, mas o Tex era menos miúdo que alguns de nós. Grande Tex!
Tex, Ribeiro da Silva, José Ramos e José Carvalho


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2 comentários:

  1. De estrangeiro só tem o Tex ,o resto é a alma portuguesa,na pergunta e nas resposta.

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  2. Estive a ouvir a balada de Henrique Carvalho gostei muito.

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