sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

VOANDO SEM CAPACETE

O 1767 voado por mim em Out/72...sem capacete
Tão simples quanto isto, estava à vertical do Lumeje à asa do Jose Matos. 
Era o primeiro dia da tal "guerra da mandioca" pelo que, antes de qualquer escolta tivemos que fazer o respectivo briefing. O Zé fêz-me sinal de brake de 2 segundos para a ruptura, rompe e quando chega a minha vez, no preciso momento em que vou pranchar o avião tenho a percepção de uma coisa vir direita a mim ao nível da cabine. Encolho-me todo baixando a cabeça, sinto um impacto forte, e quando olho em frente vejo o vidro da frente com várias rachadadelas, todas provenientes da mesma zona superior, a abrir para baixo e para os lados. Tinha sido uma ave com alguma envergadura, provávelmente um abutre, que passou através do hélice e que por muita sorte minha bateu na zona de união do vidro com a respectiva armação. 
Apesar da inclinação do vidro, se a ave tivesse batido mais em baixo talvez o resultado fosse pior. 
Outra coisa que teria contribuído para um resultado funesto, era a minha mania de voar sem capacete. Tinha-o para estar guardado no armário! Com a desculpa do calor, voava sempre de boné e auscultadores. Apesar de me ter encolhido todo dentro do avião, se o vidro tivesse partido não teria valido de nada. Os restos da ave e do vidro tinham-me entrado pela cabeça dentro, e não estaria aqui agora a contar a história. 
Levei o avião até ao chão sem problemas de maior, além da garganta seca. 
O resto do dia correu normalmente sendo o meu turno de escolta feito no T-6 do Zé. 
No final do dia depois de inspeccionado, chegamos à conclusão que não havia perigo em voar o avião para o Luso. 
A partir desse dia, mesmo em DO 27 difícilmente me apanharam sem capacete!
Depois do susto...sempre de capacete !

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