quinta-feira, 6 de outubro de 2022

REVEILLON 73/74 E O PESSOAL DO AR DE GAGO COUTINHO.


O final de ano de 73 aconteceu a um Domingo segundo o bate estradas (aerograma) que tenho aqui á mão para consulta...!!
Reza a história, que o MVL nessa semana que transportava alimentos frescos e hortaliças para a passagem de ano ficou retido no Luvuéi de Quarta para Quinta-feira, por causa da ponte do Rio Luio, que tinha sido sabotada segundo boatos de alguns, ou que tinha algumas travessas do tabuleiro rodoviário em mau estado segundo relato de outros, provocou a degradação de alguns produtos face às temperaturas elevadas da época, e levando á ruptura do stock alimentar das unidades estacionadas neste subsector e na qual se incluía a C.Art.3514, não fosse a grande amizade e empatia que reinava na altura com a rapaziada da FAP estacionada no AR em Gago Coutinho, o final desse ano teria sido passado a trincar umas caixas de ração de combate, não eram más em tempo de crise, costumavam até servir como moeda de troca, nos negócios de ocasião com a população, “o chamado pagamento em géneros”.
Logo que o alarme soou a rapaziada tomou as devidas precauções enviando um convite com "o relatório de operações" aos camaradas do "bivaque" para uma visita ao Nengo.
Na manhã de sábado, bem cedo aterrava um helicóptero no pelado do destacamento, um briefing no local para acertar agulhas, embarcar os homens do gatilho e levantar, logo na primeira saída, numa rasante á chana do rio, o Medeiros e o Parreira descobriram e abateram duas peças de caça, um Nunce e um Sengo pastavam camufladas no meio do caniço e do capim, fácil demais, devido á pouca mobilidade dos animais dentro deste ambiente aquático, com metro e tal de água.


No regresso sobrevoando a mata em direcção a "charlie" detectaram uma manada de Gungas na orla duma clareira. Foi chegar largar a carga e abalar, ao chegarem ao local só conseguiram localizar dois animais e abater uma fêmea com quase meia tonelada, demasiada carga para o guincho do zingarelho pensaram eles.
Tiveram de regressar ao destacamento e mobilizar uma berliett para ir ao local buscar o animal, missão não conseguida por causa de uma linha de água, que não conseguiram transpor devido a atascanços sucessivos. Só havia uma possibilidade, lançar o cabo do hélio em volta do pescoço e tentar elevar o animal do solo. Nunca acreditaram ser possível tal transporte, com a máquina nos limites da potência e a perícia do Piloto, sem margem para erros na execução de manobras, conseguiram subir e voar até ao destacamento chegando todos a bom porto, (a bom prato).

Tipica ração de combate utilizada na guerra colonial por todos os combatentes em todo o tipo de operações, patrulhas, colunas, missões varias e em trânsito inter-unidades.
Incluía:
1 lata de carne
1 lata de peixe
1 lata de salsichas
1 lata de fruta
1 lata de leite
1 embalagem de pão, queijo, manteiga, compota e presunto.
Nunca percebi o porquê da falta de talheres descartáveis na caixa, (alguém andava na candonga) ...!! A faca de mato era a ferramenta multifunções, manicura a pés e mãos, abre latas, garfo, faca, colher, uma espécie de seis em um tipo canivete suíço.
Adeus até ao meu regresso

Publicada por Cart3514 "Panteras Negras"

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