Um dia veio um Dakota e trouxe-nos combustível de avião. Vinha em bidons de 200 litros selados e uns funis grandes com filtros. Nunca tal tinha acontecido. Passados uns dias vieram dois T6. Atestaram, creio que vinham de Henrique Carvalho, vinham armados, (ninhos de metralhadoras e de roquetes) soubemos depois que a missão era bombardear umas ilhas no Rio Cuando, o inimigo estava próximo e não sabíamos. Ficaram connosco nessa noite e saíram na manhã seguinte.
Por essa época era comandante de Noratlas o tenente piloto aviador Manuel Alvarenga de Sousa Santos, que mais tarde no pós 25 de Abril, já Brigadeiro, foi chefe de Estado Maior da Força Aérea, (desentendeu-se com Paulo Portas e demitiu-se), na mesma tripulação vinha também o primeiro sargento piloto Vieira da Silva que mais tarde chegou a comandante nos TAP e dirigente sindical dos pilotos de linha aérea, era primo de um furriel da nossa companhia, o Carlos Alberto Machado Vieira da Silva, (aquele que jogava hóquei em patins pelo Algés e Dafundo e chegou a ser internacional Júnior) e fazia-nos um jeitão quando era ele que vinha, trazia para o primo e para nós, marisco gelado comprado no dia antes em Luanda. Áh...numa das outras tripulações dos Nords, havia um rapaz meu conhecido, embora mais velho, era tenente navegador, de Olhão, o Mácara, eram dois irmãos gémeos, haviam estudado no Liceu de Faro (daí o eu conhecê-los) ambos serviam na Força Aérea mas o outro era piloto e segundo me lembro na mesma altura servia em Moçambique.
Isto durante 66 e principio de 67, a C. CAÇ. 1521 emanada dos Açores, mais propriamente de Ponta Delgada, do BII18, o pessoal era praticamente de todas as ilhas, excepto sargentos, oficiais e pessoal de transmissões que eram continentais. Nunca cheguei a compreender o porquê, porque quando fiz o CSM (curso de sargentos milicianos) em Mafra haviam muitos rapazes açorianos como instruendos, uma injustiça que talvez tivesse uma justificação....mas injustiças haviam muitas nas forças armadas.
Se tiver paciência, um dia conto uma de um grande amigo meu de Faro claro, o Ludgero Gema Ramos, era para ser alferes, só lhe faltava uma cadeira do terceiro ciclo, (sétimo ano) chumbou o CSM e acabou como cabo enfermeiro em Luanda.
Por Diogo Sousa da C.CAÇ 1521 do BII 18
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