quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

GUITARRISTA IMPROVÁVEL!


Memórias de um passado saudoso.

Situamos esta recordação nos finais de 1971.
Volto a referir os Açores, BA4, Base donde me desloquei para Angola, após treze meses de tirocínio pois, é aqui que assenta a raiz da minha narrativa.
Com conhecimento de um artista em artesanato, solicitei-lhe a construção de uma viola com incrustações em osso de baleia e, com outros ornamentos característicos da ilha Terceira. Viola com total elaboração manual, de som maravilhoso, e que passados trinta e nove anos, ainda a mantenho na sala de estar – afinada mas, silenciosa…
Parti para Angola convicto de que iria aprender, praticar uns acordes e, passar os longos 36 meses com mais uma ocupação…
Na camarata e, nas horas livres, dedicava tempo infinito no martelar das cordas porém, o avanço no saber era lento!...
Um dia, certo especialista ao tomar conhecimento deste “Donovan”, resolveu convidar-me para o conjunto musical do AB4.
Faltava um guitarrista e, não havendo mais ninguém naquela ocasião, fui eu o escolhido e convidado. Humildemente referi que era um aprendiz de pouca valia, mas a solicitação foi tamanha que resolvi aceitar - tendo como mestre o nosso “Bilinho” – José Abílio Gonçalves Almeida.


Formámos o conjunto, cuja equipa constava do Abílio, Bicker, Álvaro Jesus, eu e o Abrantes, que me convidou (o do lacinho, penteadinho e com bigodinho). Não recordo do nome do conjunto.
Fomos uma sombra dos “Vampiros do AB4 – Velhinhos de 68”, dos célebres Tomanel Raposo, Jaime Lemos, Carlos Catarro e Mário Mendes.
Reuníamos para ensaio numa salinha das comunicações, edifício situado perto da Torre de Controle e, posteriormente, fomos para as instalações dos TAM, onde se guardavam as descargas dos aviões, junto à placa, local do  estacionamento dos “Fockers” da DTA/TAAG e do Nord Atlas.
Mesmo assim, ainda fizemos diversas actuações na Base e, na cidade.


As fotos mostram a actuação no festival “Cacimbo” e, recordo que o nosso conjunto teve o privilégio de abrilhantar o casamento do saudoso Rui Dinis, na esplanada do Hotel “Pereira & Rodrigues”.
Consta que havia uns desacordes, provavelmente meus, - mas, perdoaram-me!...
Há peripécias de menor importância contudo, passados tantos anos, dá vontade de reavê-las.
Uma do "Bilinho" :
Os elementos do conjunto e, alguém mais, encontravam-se noutro edifício, perto da enfermaria, a “patuscar” e a beber umas “cucas” e “nocais – da loira tropical” quando, de repente, passou na dianteira do “Bilinho” uma das gigantes libelinhas angolanas. Ainda sóbrio, atira a manápula e saca a libelinha, colocando-a numa sandes que, momentos antes, iniciara comer. Trinca a sandes com o novo recheio, olha para nós com expectativa, mastiga lentamente, torna-se pálido, incentivamo-lo prometendo-lhe recompensa “cervejal “ porém, o “home” desistiu…
Tinha-se ficado pela primeira trinca…
Enfim, bom na música mas, fraco no apetite!

Vão longe estas memórias, mas saudáveis de recordar…
Estes são temas para mais alguém prolongar porque, escrever dá saúde à mente.


Por: Vítor Oliveira



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