quinta-feira, 13 de junho de 2024

O CÃO DE GUERRA


Em 1956 é oferecido ao recém criado Batalhão de Caçadores Paraquedistas ( BCP) um casal de pastores Alemães, levando o seu Comandante a ficar entusiasmado com a ideia de criar um Destacamento de Cães de Guerra, como já havia noutros países aliados, tendo requerido que fosse facultado ao comando do BCP, um manual de treino e tratamento de cães, dando preferência ao manual oriundo do exército inglês.
No dia 4 de julho de 1957 o subsecretário de Estado da Aeronáutica, Tenente-Coronel Kaúlza de Arriaga, assinou um despacho após os trabalhos e diligências efectuadas pelo Comando do BCP, dizia o seguinte:
“Deve constituir-se um canil no Batalhão de Caçadores Pára-quedistas que não só se destina a fornecer cães para esta Unidade, como para todas da Força Aérea “.
Deslocam se à Alsácia (França) no ano de 1958, o Capitão Paraquedista Fausto Marques e o Segundo Sargento Paraquedista Castro Gonçalves, onde frequentam o curso de tratadores de cães de guerra, também da Alsácia vem os primeiros 10 cães para Tancos, assim como o material necessário para o tratador efectuar os saltos em pára-quedas com os cães.

Em 1959 é criado o Centro de instrução de cães de guerra.
1959 desfile no Porto

Em 1960 efectua se o primeiro salto com os cães de guerra.
O primeiro destacamento de cães (com 6 cães) a sair para o estrangeiro em missão, foi a 30 de Novembro de 1960 para a Base Aérea 9 (BA 9) em Luanda, para garantir a defesa próxima das instalações que estavam a ser construídas .
BA9 - 1960 - Chegada de Tropas Pára-quedistas com cães de guerra.

Com o inicio da guerrilha, a primeira missão, que deu início ao destaque dos cães de guerra decorreu em Angola, no ano de 1961, onde houve a necessidade de proteção.
A proteção que estes animais concederam às forças que se deslocavam no terreno, os alertas, apreensões e demonstração de força que permitiram, colocaram as valências das equipas cinotécnicas em destaque e deram início ao emprego continuado destas forças.
Algures em África
Moçambique
AB3-Negage, 1969, CPA
BA9-Luanda, 1972, do CPA
Algures no leste de Angola, anos 70
Estava assim iniciado o emprego de cães nas forças armadas portuguesas, no caso dos Pára-quedistas, entre outras valências, estava a projeção do binómio, tratador/ cão em terrenos de difícil acesso.
Com o evoluir dos tempos, embora com grande aposta nos cães por parte do Corpo de Tropas Pára-quedistas, no princípio dos anos 90 , com a passagem dos Pára-quedistas para o exército, o centro cinotėcnico sofre um retrocesso que leva praticamente à sua extinção.
No ano 2000 é reativado, levando a uma evolução até aos dias de hoje, que fez com que o Centro Cinotėcnico das Tropas Pára-quedistas seja dos mais evoluídos do mundo, assim como é dos poucos do mundo que saltam com os seus cães.
Entre 2000 e 2010 , a secção de cães de guerra, viveu tempos de incerteza, pertencendo à CCS , sobreviveu graças ao entusiasmo e persistência dos seus elementos, e principalmente de um Sargento, que fez o que pôde e não pôde para manter a secção viva , esse Sargento vindo do curso de Sargentos directamente para os Pára-quedistas , já trazia uma importante bagagem da FAP , Ramo a que pertencia antes de ingressar no exército Português .
Nesse mesmo período os cães limitavam-se a efectuar cerimónias ou demonstrações.

É no entanto tentado sem muito sucesso, por variadas razões, fazer treino operacional com a companhia de Precursores.
Entretanto com a passagem para o BOAT , os cães de guerra ganham novo fôlego, é criado um novo arnês , são trabalhados métodos novos , que incluíram , obediência táctica, tiro com o cão, é feita a pista de obstáculos e de áreas edificadas , começa a aparecer grande interesse por parte dos Batalhões operacionais em fazer cooperações com os binómios .
Com a participação em vários exercícios, começou a falar-se em os cães serem empenhados em missões no exterior do território nacional .
Em 2007 é efectuada uma infiltração Tandem com o cão de guerra.
Em 2014 o documentário realizado por uma jovem universitária , que pretendia fazer um trabalho para a sua universidade, chamado “ Luna “ de Liliana Gonçalves, deu mais um importante contributo para os cães de guerra.
O Curso SOAA Após recomeçarem os treinos com a companhia de Precs , é pensado por um sargento SOGA e um Sargento dos cães , a infiltração a alta altitude, na verdade todas as Forças Especiais modernas tem a vertente de infiltração a grande altitude.
Começa a ser “ construído “ no Equipamento Aéreo, um arnês próprio para o cão, tendo o cão de um Sargento da secção servido de modelo , por outro lado um Sargento SOGA, começa a fazer saltos teste com o cão, ficando esse Sargento rendido aos cães de guerra, e após o curso , pediu transferência para a Cinotécnica.
Com um trabalho importantíssimo destes dois Sargentos, dá-se inicio em 2015, ao primeiro curso SOAA, com 4 elementos tratadores a tirar o curso, acabaram somente 3, fizeram saltos a 10 mil e 12 mil pés .

Referências prestadas no apoio ao texto pelo Dário Amaro , já na disponibilidade, um dos Saltadores do curso SOAA, e tratador da cadela Luna já na “reforma “.

Por: Pedro Castanheira e Sérgio Silva Fotos inseridas pelo editor

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