INTRODUÇÃO:
Na nossa F.A. tivemos uma contínua aprendizagem. Quando os
alvores e o começo da guerra colonial foi necessário nova postura, adaptar e
adquirir conhecimentos para enfrentar desafios novos que eram desconhecidos.
A opinião mundial estava na fase de censurar todas as
potências colonizadoras e nós fomos muito criticados e sancionados pelos países
nórdicos e outros, que não conheceram a realidade africana e até os ingleses que estavam
a ser expulsos de todo continente Africano e Asiático engrossaram as
hostilidades e até decretaram um mini ultimato em 1966 quando apoiamos a
independência da Rodésia sua ex-colónia.
Agosto de 2021
Um abraço do Toneta
PV2 HARPPON 1961 a 1975
Esta vetusta aeronave concebida nos começos dos anos 40,
esteve ao serviço da F.A e Marinha Americana na guerra da Europa e Pacífico.
Estava vocacionada para a guerra submarina e possuía equipamentos de rastreio e
caça dos mais aperfeiçoados que se conhecia.
Estavam em Portugal á vários anos na BA6, foram os primeiros
a serem transferidos para a BA9, quando os alvores de rebelião pairavam no
horizonte. Oito aparelhos voaram para Luanda comandados pelo Major Silva
Cardoso. O militar que viria a ser o último Governador Geral do Território.
A esquadrilha chegou em finais de 1960 e em Março de 61 estavam em
estado de prontidão 6 unidades. O PV2 revelou-se o melhor produto que a F.A
possuía ao tempo, e esfriou a acção rebelde e assassina da UPA com o apoio ás
populações civis em Mucaba, Nambuangongo, Quibaxe, Quipedro e em todos os
locais em que eram solicitados, que eram muitos. A tropa apeada só chegou 5
meses depois ás zonas sitiadas em Agosto de 1961, ficando para a história, o
Batalhão de Caçadores 96 comandados pelo T. Cor. Maçanita e o Cap. Rui Rebentos
do Esquadrão de Cavalaria nº. 149 que tomaram em 8 Agosto de 1961 Nambuangongo.
Os PV2 em 1966 ainda foram para a Beira, Moçambique, no
início do bloqueio aos portos portugueses pelos Ingleses aquando do grito de
independência da Rodésia perpetrado por Ian Smith. Findo o problema voltaram a
Angola e em 1970 foram fixados no AB4 em H. Carvalho. Foi o fim do fulgor deste
grande bombardeiro. Vieram 6, um deles em versão VIP, sem alçapão das bombas,
dotado de bons assentos e escotilhas para proporcionar viagens comodas aos Sr.
Generais e convidados. Em tempo de mingua havia mordomias.
Em Julho de 71 cai um na pista do AR Luso felizmente sem
vítimas, provocado pela incapacidade operacional do comandante que não teve
força para segurar o manche na subida. O avião ardeu, ficou destruído pelas
bombas instaladas e o Sargento telegrafista salvou o comandante, um menino da Academia
inapto, mas se calhar chegou a General, como outros que conheci fraquíssimos.
A partir de 1971 a Esquadrilha entrou em estado de
definhamento. Faltavam motores PRATT WITNEY de 16 cilindros, motores de
arranque, geradores e outros. As carcaças alinhavam-se à entrada do hangar á
espera de peças. Não era possível estarem a voar ao mesmo tempo 3 unidades.
Tinham um ar decrépito e desolador. Em 1974 só havia 1 a voar, o 4621(na foto). Foi entregue pelo Gen. Silva Cardoso ao Aeroclube do Huambo, acabando mais tarde num qualquer jardim da cidade, a exemplo de outro na cidade do Luso.
Não
chegou nenhum ao Museu do Ar. Aos Comandos deste avião estiveram pilotos que pontificaram
pela classe e heroicidade por exemplo: Diogo Neto, Soares de Moura, Alves
Pereira, Silva Cardoso, Galvão de Melo, Ervedosa etc… Enfim, os bons!
C47 DAKOTA 1961 a 1975
Esta máquina participou nas 3 frentes de guerra
particularmente em Angola de 1961 a 1975. È uma referência da aviação mundial,
sendo um avião simples e fiável ainda em funcionamento em linhas áreas
regionais em países da América Latina.
Em Angola a frota começou com 2 em 1961 na BA 9 e acabaram 3
no Ar-Luso em 1975. Dois deles em versão SHELTOX modelo C47 para lançamento de
desfolhantes, estavam em muito mau estado, com remendos dos furos das balas e
muito lentos. O outro em muito melhor estado, tinha sido recuperado da D.T.A
companhia aérea Civil Angolana, possuía muito melhor aspecto e mais rápido.
Os acidentes dos Dakotas foram diminutos a excepção em
Chitado em 1961, fatal com queda total e morte dos ocupantes, na altura as figuras
máximas do Comando e Estado Maior do Exército e o 2º. Comandante do CEMFA. As
razões do acidente não foram totalmente apuradas, mas tudo se encaminha para o
facilitismo que sempre povoou a F.A., provocou 18 vítimas.
O Dakota que estava no Ar-Luso em 1973 em versão de
passageiros e carga tem também uma história própria. Pertenceu a DTA e ao seu serviço teve um acidente com o trem de aterragem em Mocâmedes ou Lobito, que
provocou uma saída de emergência da pista e consequência destruição da asa do
lado da queda.
Na BA9 existiam vários abrigos anti-aéreos de forma circular
com parede alta de terra e no meio estavam aviões abandonados. Um PV1, vários
T6 e um Dakota, o "Moineau Flyer", que tinha pertencido a Moisés Tchombé e foi utilizado para
trazer ele próprio e bens da fuga do Katanga. Foi assim, possível tornar
operacional o C47 acidentado, trocando a asa.
Passou para a F.A quando a companhia só operava com o FOKKER
27 um soberbo avião holandês, que ainda voa em diversos cantos do mundo. Um
deles da D.T.A teve um acidente fatal provocado pela teimosia do piloto em
tentar aterrar com nevoeiro e caiu no mar, no Lobito.
Estes aviões C47 também conhecidos por DC3 eram semelhantes e
pertenciam á designação geral de DAKOTAS.
BROUSSARD 1961 a 1962
Com o calor da guerra tudo que levantasse da pista era
aproveitável. O Broussard um avião francês de asa alta ainda foi descolado para
BA 9. Verificou-se que era um avião lento, sem grande capacidade de carga e com
a contínua entrega dos DO27 tornou-se de pouca valia.
Foram adquiridos 4 que estiveram em acção no 1º. semestre de 1961.
Em 1963 foram para a Guiné. Foi pouco utilizado pois era muito problemático.
Nos anos 70 haviam dois; 1 em Figo Maduro e outro na BA6.
Aparentemente só serviam para fazer horas e ajudas de custo.
T6 HARVARD
MIV- K 1961 a 1975
Esta pequena aeronave foi a porta de entrada no nosso pequeno
mundo da aviação portuguesa. Todos os ex-especialistas que passaram pela OTA
tiveram a curiosidade de ver de perto um exemplar que já nem voava.
A génese deste avião não foi uniforme, tiveram 2 origens a
Americana e a Canadiana. A incorporação na F.A também teve várias etapas ao
longo do tempo em que estiveram no activo cerca de 250 unidades que fez com que
fosse a quantidade maior de toda a sua história para um único tipo de avião.
Acabaram muito poucos.
Foram adquiridos aos Estados Unidos e França para o fim de
servirem de instrução, estes últimos já tinham andado nas
guerras africanas de países francófonos, Argélia e Indochina; chegaram ao longo
da guerra, também da Alemanha e por fim da África do Sul.
Os que seguiram para o teatro da guerra foram dotados de
ninhos de metralha nas asas com metralhadoras Browning 7.7mm já utilizadas nos
Hurricanes e Spitefirers abatidos nos anos 50. Foram dotados também de equipamentos
Matra de controlo e disparo de foguetes ar-terra colocados nas asas.
Este avião muito popular, teve sucesso em Angola, porque não
se conheceram a utilização de meios anti-aéreos poderosos por parte do inimigo.
Possuía uma mecânica simples, um motor PRATT WITNEY de 8 cilindros muito
fiável, porém era lento e ruidoso. Teve vários acidentes fatais sobretudo no
início das hostilidades, mas completou ao longo dos anos as missões atribuídas,
certamente pela melhor adaptação dos pilotos e menos facilitanços.
NORDATLAS 1961 A 1973
Este cargueiro de origem franco-alemã, foi uma agradável
surpresa; fiável, grande aproveitamento de carga, acesso fácil a operação
logística não muito exigente da qualidade das pistas, desde que estivessem
planas poderiam ser de asfalto, terra ou mesmo de relva, também não exigia
grande comprimento para operar.
Carinhosamente foi apelidado de "barriga de ginguba". O símbolo da Esquadrilha operacional, a 92, era um elefante com a tromba subida.
Haviam 2 modelos semelhantes, diferiam somente nas pontas das
asas, uns tinham reactores para ajudar a subida, outros não.
Cruzaram constantemente os céus de Angola em missões de
transporte de tropas, equipamentos e viveres para todos os Batalhões e Companhias
sediados, no mato; motores e geradores, aparelhos de rádio e comunicações para
os nossos destacamentos e ainda transportar o nosso pessoal para Luanda, quer
para férias, lazer ou saída para a metrópole.
Foram adquiridos a uma companhia área francesa a B.T.U que
operava nos países francófonos e no Ex-Congo Belga. Em princípios de 1961
foram colocados 6 aviões em estado de prontidão. Mas só chegaram 4 a 1974.
Somente um aparelho deste tipo ficou lembrado no museu do AR,
foi o que foi pilotado pelo comandante Perestelo em 1975 na derradeira viagem
para a metrópole. Vá lá, ao menos este.
AUSTER D5/160 1961 A 1975
Os valores prestados por este pequeno avião são opostos ao
seu tamanho.
Fabricados em módulos tubulares revestidos a lona que se
rasgava com facilidade, foram os primeiros a chegar em socorro às populações e
efectuar evacuações de mulheres, crianças e feridos.
Imediatamente ao 15 de Março foram as Aeronaves com pilotos
civis que formaram a EVA (Esquadrilha de Voluntários do Ar) que operavam com os
aviões disponíveis na maioria Austers. Fizeram centenas de horas de voo nas
piores condições e riscos, já que não disponham de ajudas á navegação, não
existiam os Rádios- farol no mato. Depressa os motores ficaram exaustos por
falta de tempos para manutenção. A RTP e Emissora Nacional fizeram uma petição
para se adquirir 5 aviões que vieram formar a FAV (Força Área de Voluntários)
em 1963 segundo as directrizes do Maj. Kruz Abecassis mais tarde Major General.
Os pilotos civis que quisessem passariam para os quadros da
F.A, nem todos o fizeram até porque alguns já tinham uma idade não compatível.
Há um episódio narrado no magnífico livro do Gen. Kruz
Abecassis. “O bordo de Ataque” que faz referência a uma viagem com 2 aviões,
num deles, ele próprio e no outro, um instruendo. Saíram ao meio da tarde de um
pequeno aeródromo com voo directo para BA9, sem que nada o fizesse prever e pela falta
de informações meteorológicas depararam-se com a crescente formação de uma
tempestade, como só há em África rapidamente ficaram envolvidos. O major
assustado fez sinal ao aluno para o seguir. Rumou para Ambriz para procurar a
linha de costa, conseguiu -o com os grandes safanões próprios da situação e
voou junto ao mar em direcção a Luanda a baixa altitude. Entretanto dissipou-se
a tempestade, mas chegou a noite, e aterraram sem problemas. Ele faz a
reflexão; Teve receio de vida e por sorte não teve acidente, como estaria o
aluno que nunca tinha voado de noite …?
Os Austers em 1974 ainda foram equipar o novo AB10 em Silva
Porto é pena que o prestigio deste aparelho fosse conspurcado por uma decisão
absurda dos cabeças pensantes da F.A. Nesta data não era preciso ser um adivinho,
que íamos sair de África.
De mais de 30 aeronaves acabaram no número de 6 em toda
Angola.
F84G THUNDERJET
Quando a guerra eclodiu foi necessário escolher as aeronaves
que podiam servir a causa. Os primeiros, os PV2 já tinham ido depois os T6. Os
T33 e P2V5 por pertencerem a NATO, foram excluídos, lembraram-se dos F84G já em
fase de abate, tinham servido as F.A dos Estados Unidos ou Alemã, tinham muitas
horas de voo e tinha-se detectado fadiga de materiais nas camaras de combustão
dos motores de injecção concebidas em titânio. Com a brevidade possível foram
reabilitados com peças disponíveis vários aparelhos num total de cerca de 25,
mas nunca se conseguiu esse número em estado de prontidão ou presença.
Começaram por haver quedas fatais e grandes avarias e no princípio de 1971 só
haviam 4 a voar. Em 1974 já só havia 1.
A aquisição da frota dos F84G no ano 1954 em números
superiores a 60 unidades divididos em duas esquadrilhas, inauguraram a aviação
a jacto na nossa F.A embora o 1º. avião tenha sido um VAMPIRE de origem inglesa,
mas não vingou. Estiveram sediados na OTA e em Monte Real. No total, a força
aérea teve 125 unidades deste modelo adquiridos sobretudo na República Federal
Alemã.
Ao longo de sua carreira tiveram vários acidentes graves, mas
o pior foi o embate de 8 aviões na serra do Carvalho numa esquadrilha de 12,
comandados pelo Maj. Rangel de Lima que mesmo assim, atingiu o generalato.
Mais de 20 aviões acabaram na Sucata Rego, em Vila do Conde, nos meados dos anos 60, constituindo uma reserva privada de coelhos bravos !
O F84G foi um avião com fim inglório, que teve prestígio em
toda a Europa. Recentemente estive numa base área em HAHN Alemanha e tem um
museu com um F84 de um modelo mais recente. Tem também o F104, ambos,
apetecíveis para os olhos.
C54 – C55 SKYMAISTER 1961 a 1963
Estes grandes quadrimotores de carga (para a época) já
estavam em Portugal há vários anos, desde o fim dos anos 50 e meados dos anos 60.
Existiam 3 modelos sendo o último equipado para busca e controle submarino e
ficaram sediados na BA6. A quantidade total foi de 10 unidades.
Os SKYMAISTERS, foram os principais aparelhos que salvaram da
fome os Berlinenses na ponte aérea empreendida pelos aliados para contrariar o bloquei económico preparado pela União Soviética.
Em Portugal estavam, alguns ligados aos TAMs incluindo os
TAMs da India fundado no fim dos anos 50 pelo Major Kruz Abecassis. Faziam
transportes entre colónias, Açores e Madeira. Em Angola chegaram a operar 3
unidades ao mesmo tempo.
Em 1961 para além dos transportes logísticos participaram nos
primeiros lançamentos de paraquedistas. Cedo foram retirados e substituídos
pelos Nordatlas e Dakotas. Ocorreu o seu abate na metrópole em 1972. Já tinham
em parte sido substituídos nas tarefas por DC6 cuja frota num total de 10 foram
adquiridos a companhias aéreas americanas.
No historial deste avião pode-se dizer que serviu bem o fim
em vista, tiveram grande longevidade. Foi a escola de muitos bons pilotos.
Um deles estava podre transportava cavalos de corrida, mas não tinha urinol e outro caiu em S. Tomé por excesso de carga e vitimou uma companhia de variedades e a tripulação.
ALOUETTES II 1961 A 1963
Estas aeronaves compradas novas a Sud Aviaton num total de 7
unidades, já estavam na BA6 desde Jan. 1958. Em meados de 1961 foram enviadas
as primeiras 4, para Angola faseadas num total de 6 e ficaram a operar na BA9 e
AB3. Era um aparelho muito pequeno com aproveitamento nas evacuações sanitárias
ou voo de comando e observação.
Em Outubro de 1962 houve a necessidade de consolidar a
operação 3 Mosqueteiros onde para além de se utilizarem 3 PV2 na acção de
prévio bombardeamento, iam também ser utilizados paraquedistas do BCP 21, mas
só existiam 4 hélis que habitualmente transportavam 3 pessoas. O capitão
Paraquedista Heitor Almendra resolveu o problema. Depois de ensaios e a
colaboração dos pilotos e assim fez; 4 helicópteros, 4 paraquedistas equipados
por aparelho, um junto ao piloto, outro no banco de trás e dois, um de cada
lado das portas com as pernas de fora. Coordenou a missão na Caluca para além
do efeito surpresa, foi um êxito.
Em 1963 os pequenos ALOUETTES II foram substituídos pelos
ALOUETTES III e ainda serviram na Guiné por mais alguns anos.
ALOUETTES III 1963 a 1975
Com a operacionalidade destes aparelhos disponíveis em finais
de 1963, chegou-se também a um patamar de qualidade semelhante a uma lufada de
ar fresco, pois tratava-se de unidades novas, fiáveis e de grande utilidade,
pois transportavam 5 militares amplamente equipados e a possibilidade de
colocar um terrível helicanhão. No primeiro ano foi visível a incapacidade de
adquirir peças e o sucesso da manutenção, mas com a colaboração do fabricante
francês ao nível de engenharia, conseguiu-se optimizar o funcionamento desta
aeronave. Foi um marco de qualidade e afeição.
A F.A teve durante 50 anos esta
jóia da aviação.
Em Angola foram formadas 2 esquadrilhas, a primeira em Luanda a 94, cujo símbolo era uma abelha, que dava apoio ao Norte até Cabinda e a partir de
1969 no Leste no Ar-Luso foi fundada a esquadrilha 402 designada dos "Saltimbancos".
A formação dos "Saltimbancos", não estava prevista, foi
circunstancial. Numa operação no Leste foi pedida a colaboração de 2
helicópteros de Luanda, ela correu tão bem, que avisou “os cabeças pensantes”,
porque não em definitivo?
Assim os pilotos regressaram a Luanda por outros meios, foram
transferidas novas tripulações, nasceu a nova esquadrilha, que chegou até 10
aparelhos inclusive nos destacamentos. A esquadrilha teve pontualmente a
colaboração de F.A Sul Africana (SAAF), cujos helicópteros ficaram estacionados no AR do Cuito Cuanaval.
Não consigo perceber porquê, mas as pessoas adstritas às
esquadrilhas, dos helicópteros criaram um síndrome do elitismo, ainda hoje
passados tantos anos em convívios com ex-especialistas, aparece sempre algum
génio, que diz: nós dos helicópteros fomos mais operacionais que os outros
(aviões). È triste, mas é assim que acontece.
Dos muitos relatos de operações em Angola, refiro um que
considero dos mais bem sucedidos, capitaneados pelo Maj Almada, o Ten.
Queiroga e Sarg. Rocha. O Ten. Barrigas Queiroga (hoje major general) declara
em livro como foi aniquilado, um grupo numeroso do MPLA com mais de 100 elementos,
que queria expandir a sua influência no interior de Angola e a possível ligação
permanente entre Norte e Leste. Foram recuperadas, perto de Malange várias
toneladas de armas e documentos.
SA 330 – PUMA 1971 A
1973
Este grande helicóptero, novo, equipado com tecnologia de
ponta, fabricado pela Sud Aviation chegou tarde demais para demonstrar a sua
valia no parque de guerra.
Ficou sediado no BA9, na Esquadra 94 e esteve operacional de 1970
a 1973, altura que foram chamados para
outra realidade mais dura no norte de Moçambique. Fizeram um voo directo semi-furtivo
com bidões de combustível como carga e destino a TETE. Em Moçambique onde a
guerra, não dava tréguas, haviam 3 frentes de hostilidades Cabo Delgado, Nassa e Tete foi por pouco tempo utilizado no fim em vista, que era o helitransporte.
O baptismo de voo destes aparelhos foi em Setembro de 1970,
acabados de chegar a Luanda, foram utilizados numa operação de transporte de
Comandos e Paraquedistas na região dos Dembos, numa operação de grande
envergadura.
Foram equipados 7 aparelhos, mas parte dos pilotos eram
sul-africanos, não possuíamos á data pilotos suficientes brevetados nestes
helicópteros. Posteriormente resolveu-se essa lacuna e foram formados
internamente. O Alferes piloto Alfredo Cruz depois de acabar a sua memorável comissão em Cabo Delgado integrou e
formou tripulações nesta aeronave e atingiu a reforma no posto de Ten. General.
Em 1974 vieram para Portugal e cá serviram com classe a nossa
F.A até ao aparecimento do MERLIN IH – 101 em princípios dos anos 2000 usados
sobretudo nas áreas de evacuações, buscas e salvamento na Costa Portuguesa,
Madeira e Açores. Ainda transportou o Papa João Paulo II.
Já abatidos ainda
foram “ressuscitados” quando os MERLIN pararam por falta de sobresselentes.
P2V5 NEPTUNO 1961 a 1963
Não se pode definir estes aparelhos de pertencerem ao activo
da F.A em Angola.
Todas as missões que fez no Norte de Angola foram secretas e
furtivas, eram aviões indigitados á NATO e não podiam ser utilizadas ás claras,
não percebo porquê já que os mesmos foram comprados á F.A holandesa; Como foram
mais tarde os P3 Orion da mesma origem e outros muito usados na F.A
Australiana.
Para chegarem a Luanda paravam 2 vezes, em Cabo Verde, S.
Tomé. Na vinda largavam as cargas e continuavam até S. Tomé, Sal e
Montijo.
Fizeram também operações sigilosas na Guiné.
BEETCHCRAFT C45 Expeditor 1961 A 1975
Foram adquiridos 10 aviões deste tipo embora a F.A já tivesse tido ao seu serviço outros modelos do fabricante americano, este prevaleceu muito
tempo. Praticamente, cada base possuía um aparelho.
Em Angola estavam 3 em Luanda, mais tarde ficou apenas um, sendo colocados em
definitivo um em Henrique de Carvalho e outro no Negage. Era utilizado pelos comandantes e pilotos brevetados
para aviões de 2 motores. Quando da minha passagem pelo AB4, praticamente quem
o pilotava era o T.Cor. Ladeiras 2º. comandante da base, homem sem escrúpulos
maningante cuja principal ocupação era visitar as zonas de garimpo clandestino
que ele controlava com a conivência das autoridades locais, (Intendentes
Chefes do Posto, cabos de ordem) O poiso predilecto dele era a vila do Cacolo
a 200 km da base em plena zona diamantífera. O apelido dele era o “subidas “, pois
quando lhe interessava voava muito baixo e assustava os penduras, por ter que
fazer subidas bruscas.
Ainda em 1971 o BC foi parqueado no Ar Luso e era o avião do
Cor. João da Cruz Novo, representante da F.A na Z.M.L (Zona Militar Leste).
Em 1973 com a entrada do Cor. Sachetti este bimotor ficou quase ao seu uso exclusivo e só era libertado para evacuações urgentes.
DORNIER 27 1961 A 1975
Quando Portugal se viu abraços com o problema no começo de
guerra no Norte de Angola a F.A, não estava preparada para efectuar
observações, ligações pequenas ou sanitárias, embora já existissem os Austers,
dos Aeroclubes, civis, aparelhos frágeis e sem ajudas capazes de comunicações e
navegação por instrumentos.
Os nossos governantes conseguiram de forma faseada algumas
destas aeronaves que aos poucos começavam a servir e ocupar os aeródromos que
iam nascendo. Haviam 2 modelos facilmente visíveis, uns mais robustos, mais
lentos pintados a cinzento e salmão e os outros mais esguios e pintados em
camuflado.
Eram alemães fabricados na Baviera perto da fronteira com a
Áustria. Conheço a fábrica exteriormente, onde fabricam ainda os melhores
aviões para paraquedismo.
Este avião acabou por ser muito querido de todos os militares,
trazia o correio, alimentos e estava destinado a evacuações infelizmente
frequentes. Tinha um motor LYCOMING americano de 400 CV. Não estava preparado
para o clima de África, pois aquecia em demasia, foram adaptados novos
radiadores de óleo, mas não era suficiente.
O museu do ar tem um aparelho em
estado operacional. Este mesmo avião esteve presente nos 50 anos de comemoração
do seu fabrico, pilotado pelo Gen. Nico militar prestigiado e medalhado na
Guiné.
B26 – 1972 a 1975
Estava-mos na presença do maior embuste que a F.A já alguma
vez teve, pelo menos que fosse noticiado. Eram para vir uma quantidade razoável
de aparelhos cerca de 20, para substituir os já gastos PV2. Foram adquiridos e
recuperados 6 aparelhos em Alverca nas OGMA, de 3 modelos diferentes.
Chegaram
4 a Luanda, um deles sabotado, mas não haviam tripulações completas e o Gen.
Silva Cardoso lançou alguns pilotos que operavam nos PV2 e Dakotas,
nomeadamente o Ten. Godinho, nosso amigo do AB4.
Desconheço como o Gen. Cardoso, que já era o Chefe do Estado
Maior da F.A estava habilitado para voar em B26 muito diferente do PV2, Porque
tinha roda de direcção á frente.
Em 1974 já só havia um aparelho a voar. Triste miséria.
CESSNA FTB 337 G 1973 A 1975
Já quase no fim das hostilidades a F.A adquiriu para Angola e
Moçambique alguns aparelhos, mas poucos do tipo ligeiro, na versão civil.
Possivelmente seriam para colmatar as falhas ou ausências dos DO 27 que estavam
a diminuir ao número operacional quer por quedas ou avarias grandes. Não
apresentaram mais valias, foi mais um flop proporcionado pelos novos generais
que não tiveram o espirito aberto e inteligente como do 1º CEMFA de Angola o
Gen. Venâncio Deslandes que em 1962 já defendia a inpendência administrativa do
território e por isso foi exenorado em
1962 pelo Ministro do Ultramar Prof. Adriano Moreira.
DC6 1972 a 1975
Com a chegada dos BOEING 707, os 8 DC6 ficam livres das
viagens diárias de e para Portugal e puderam reforçar as missões atribuídas aos
Nord Altas, somente operavam em pistas de maior dimensão. A primeira vez que
chegou ao AB4 em Março de 1972, teve-se que improvisar a saída de passageiros
que desciam até uma Berliet do Exército e desta para o chão.
Os 10 aparelhos que a F.A adquiriu foram comprados a
companhias aéreas americanas nomeadamente, a PAN-AM.
Não acrescentou ganhos servíveis, somente passaram a vir mais
militares para Luanda que às vezes ficavam semanas na capital porque o retorno
não estava assegurado.
O aero clube de Angola fundado em 1936 na colônia de férias em Boletím oficial número 28 ll série.
ResponderEliminarAero clube de Angola foi refundado em 24 de Setembro lll série número 182 em Diário da República de Angola no ano de 2010.
Estamos gratos por estas fabulosas imagens com os seus respectivos contidos que são muito ricos a nível historial.
O Aero Clube De Angola necessita de mais conteúdos históricos que contam a história do aero clube de Angola.
Número de telefone e WhatsApp (+244)917665477
Joaquim Jesus do Nascimento vice presidente do aero clube de Angola
joaquim.nascimento@aeroclube.co.ao
joaquim.60nascimento@gmail.com
Agradeço aguardo retorno urgente.
Saudações cordiais aeronáuticas
Em 1973/74 voei várias vezes no Auster sediado em Silva Porto.
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