Os últimos Harvard
Em 1969 foram recebidos mais 60 Harvard (42 Mk.IIA/AT-6C e 18 Mk.III/AT-6D) da Força Aérea Sul-Africana. Estes aviões foram entregues no AR/DC-Cuito-Cuanavale, destacamento do AB4, voados para lá por pilotos da SAAF e de lá voados para Luanda, com escala em Nova Lisboa por pilotos da FAP.
Nas OGMA2, em 1969 |
O armamento era o original da SAAF sendo:
• Duas metralhadoras Vickers .303 instaladas no bordo de ataque das asas.
Suportes para o seguinte armamento:
• 2 x 2 foguetes de 3” No.1 Mk.5.
• 2 x 2 ninhos Matra 122 com 7 foguetes SNEB de 68mm
• 2 x 2 ninhos Matra 361 com 36 foguetes SNEB de 37mm.
• 2 x 4 suportes para bombas de 20lb.
Tecnicamente, a diferença mais marcante era o funcionamento da maneta de mistura que, à semelhança de outros aviões Britânicos como o Chipmunk, empobrecia avançando a mesma. (Por este motivo o autor destas linhas quase aterrou de emergência com falha de motor perto da Barra do Cuanza, quando na aproximação a Luanda. Mas isto foi outra história…)
Apesar de todos terem sido matriculados na FAP (1501 a 1560) menos de metade destes foram efectivamente operados.
Um lote de 10 aeronaves foi enviado por via marítima para Lourenço Marques com a intenção de aí serem submetidos a IRAN sem efectivamente o terem sido. Destes, seis foram enviados para DGMFA-Alverca quando da Independência de Moçambique e quatro abandonados no DMFA3. Um lote de 25 aeronaves foi enviado directamente de Luanda, também por via marítima, para o DGMFA. Os restantes 25 aviões foram abandonados na DMFA2 quando da independência de Angola.
Os 26 aviões da serie 15 operados foram modificados nas OGMA para o padrão “Transformado”, tendo-lhes sido retirado o armamento assim como todos os dispositivos de fogo. Como particularidade mantiveram os ailerons equipados com “balance tabs” que melhoravam bastante o “roll rate” e que há muito tinham sido inibidos nos aviões das outras séries.
Os esquemas de pintura de 1960 a 1978.
No inicio dos anos 60, quando da aplicação da nova Cruz-de-Cristo, as partes amarelas e vermelhas dos aviões da EIBP foram totalmente retiradas, passando os aviões a serem totalmente na cor alumínio com a parte superior dianteira da fuselagem em preto anti-reflexão.
Os esquemas de pintura foram, no entanto, sendo alterados na seguinte forma:
BA3 – De 1968 a 1970 o Harvard Mk.III 1657 foi baseado em Tancos e utilizado para reboque de alvos. Tinha pintado o galgo, símbolo da base, em ambos os lados da fuselagem, a meio, na cor amarela. Quando o curso operacional de T-6 passou a ser ministrado em Tancos, os Harvard Mk.IV ali baseados tinham o mesmo emblema pintado sendo no entanto em preto.
BA7 – No final dos anos 60 o emblema da EIBP foi pintado no lado esquerdo da fuselagem, em frente à cabine de pilotagem. No inicio dos anos 70 e, provavelmente, inspirado no esquema de pintura dos aviões recebidos da SAAF, foram pintadas grandes partes em vermelho dayglo sendo: Carenagem do motor com a parte superior preta acrescida, deixando esta de coincidir com a faixa da fuselagem superior dianteira; parte traseira da fuselagem até à intercepção dos lemes de direcção e profundidade; pontas das asas até ao limite da matricula e até à intercepção dos ailerons.
Diversas ornamentações foram aplicadas no Ultramar extraoficialmente sendo as mais conhecidas:
BA9/AB3 - Inicialmente uma faixa vermelha foi pintada na fuselagem traseira onde, anteriormente, tinha existido a faixa na cor amarela. Com a chegada dos Harvard Mk.IV esta decoração desapareceu. Nos fins dos anos 60 todos os T-6 e Harvard do AB3 tiveram a carenagem do motor, o leme de direcção, as pontas das asas e do estabilizador horizontal pintados na cor vermelha. No lado esquerdo da fuselagem, em frente à cabine de pilotagem, foi aplicado o emblema da Esquadra Operacional, uma pantera dourada em fundo vermelho. Quando alguns aviões foram transferidos do AB3 para o AB4, estes mantiveram por algum tempo as partes vermelhas sendo retirado somente o emblema da Esquadra.
AB2 - Inicialmente alguns T-6G foram decorados com uma faixa na fuselagem traseira, o leme de direcção assim como a cobertura da antena loop em amarelo. A maioria tinha uma bonita e vistosa boca de tigre pintada na cobertura do motor. Com a chegada dos Harvard Mk.IV esta decoração desapareceu.
AB5 - Três tipos de boca de tubarão foram inicialmente pintadas na cobertura do motor sendo uma, mais comum e bem desenhada, com a boca totalmente aberta e o spinner em branco com estrias vermelhas. Noutros casos a boca era um pouco mais fechada com guelras em branco. Noutros ainda a boca esboçava simplesmente um sorriso. Estas duas ultimas decorações, pouco trabalhadas, eram de gosto discutível. Com a chegada dos Harvard Mk.IV esta decoração desapareceu.
No AB4, em 1974 |
Museu do Ar – Inicialmente os dois Harvard Mk.IV mantidos em estado de voo pelo Museu do Ar (1769 e 1774) mantiveram o ultimo esquema de pintura da FAP. Quando do Tiger Meet na BA-6 Montijo em 1976 o 1774 foi pintado com talvez o mais feliz e vistoso esquema de pintura tendo sido as partes em dayglo substituídas por amarelo/preto no padrão de tigre. Mais tarde este mesmo avião foi pintado num esquema que faz lembrar o utilizado nos anos 50, tendo no entanto a faixa amarela dianteira mais larga do que a original (com a marca vermelha de “transformado” apesar de se tratar de um Harvard original sem modificações) e Cruz-de-Cristo com dimensões que se situam entre a original e a presente.