O Fiat G.91 foi um avião de ataque leve (LWSF-Light Weight Strike Fighter) projetado e construído pela Fiat Aviazione (mais tarde, Aeritalia), em resposta à especificação NBMR-1 da NATO emitida no inicio da década de 1950. Embora se tenham frustrado as elevadas espectativas iniciais de produção, seriam construidos 756 Fiat G.91 durante um periodo de 19 anos, incluindo 2 protótipos e 27 aeronaves de pré-produção. As linhas de montagem foram encerradas em 1977, mas antes disso a Fiat produziu para a Força aérea Italiana uma versão avançada da aeronave, o Fiat G.91Y.
O Fiat G.91 entrou em operação na Força Aérea Italiana em 1961 e da Luftwaffe da Alemanha Ocidental no ano seguinte. Na década de 1960 a Força Aérea Portuguesa, adquiriu à Luftwaffe 40 Fiat G.91 que utilizou extensivamente durante a Guerra Colonial Portuguesa em África até 1974. O Fiat G.91 desfrutou de uma longa vida em operação que se estendeu ao longo de 35 anos, até 1995 quando as ultimas unidades foram retiradas de operação em Itália.
DADOS TÉCNICOS
Ano: 1958
Pais de Origem: Itália
Função: Caça de ataque ligeiro
Variante: G.91R/4
Tripulação: 1
Motor: 1 x Bristol Siddeley Orpheus
Peso (kg)
Vazio 3100
Máximo 5440
Dimensões (m)
Comprimento 10,30
Envergadura 8,56
Altura 4,00
Performance (km/h; m; km)
Velocidade: 1075
Teto Máximo: 13100
Raio de ação: 1150
Armamento:
4 x metralhadoras Colt Browning M2 de 12,7 mm (2 x canhões DEFA 552 de 30 mm nas versões R/3 e Y);
Até 680 Kg (1860 na versão G.91Y) de armamento em quatro suportes sob as asas para combinações de:
2 x Mísseis ar-ar AIM-9 B Sidewinder;
2 x Casulos de foguetes Matra 155, cada um com 19 foguetes de 68mm SNEB;
Bombas de uso geral de 45, 114, 227 ou 340Kg;
Bombas de fragmentação de 200 Kg;
Bombas Mk 82 Snakeye;
Bombas Mk 20 Rockeye;
Bombas de Napalm Modelo 65 de 60 litros;
Depósitos de combustível extra de 300 litros
Países operadores: Itália, Alemanha (RFA) e Portugal
Ano: 1958
Pais de Origem: Itália
Função: Caça de ataque ligeiro
Variante: G.91R/4
Tripulação: 1
Motor: 1 x Bristol Siddeley Orpheus
Peso (kg)
Vazio 3100
Máximo 5440
Dimensões (m)
Comprimento 10,30
Envergadura 8,56
Altura 4,00
Performance (km/h; m; km)
Velocidade: 1075
Teto Máximo: 13100
Raio de ação: 1150
Armamento:
4 x metralhadoras Colt Browning M2 de 12,7 mm (2 x canhões DEFA 552 de 30 mm nas versões R/3 e Y);
Até 680 Kg (1860 na versão G.91Y) de armamento em quatro suportes sob as asas para combinações de:
2 x Mísseis ar-ar AIM-9 B Sidewinder;
2 x Casulos de foguetes Matra 155, cada um com 19 foguetes de 68mm SNEB;
Bombas de uso geral de 45, 114, 227 ou 340Kg;
Bombas de fragmentação de 200 Kg;
Bombas Mk 82 Snakeye;
Bombas Mk 20 Rockeye;
Bombas de Napalm Modelo 65 de 60 litros;
Depósitos de combustível extra de 300 litros
Países operadores: Itália, Alemanha (RFA) e Portugal
HISTÓRIA
Quando a NATO foi criada em 1953, foi decidido desenvolver estudos para determinar que tipo de armamentos deveria ser adquirido pela aliança militar. Numa tentativa de obter um padrão nos equipamentos e suas capacidades a NATO anunciou em 1954 um concurso para equipar os países membros com um caça ligeiro de ataque (LWSF- Light Weight Strike Fighter) para missões de apoio tático, com as seguintes características:
Capaz de atacar veículos blindados, concentração de tropas, instalações petrolíferas e ou industriais e alvos de oportunidade em movimento;
Capaz de missões de interdição, nomeadamente comboios, barcaças ou outros transportes similares de tropas;
Capaz de operar a partir de auto-estradas, pistas não preparadas ou rudimentares e com uma corrida à descolagem para ultrapassar um obstáculo de 15 metros de altura, não superior a 1 100 metros;
Capaz de sustentar a velocidade de mach 0.95 durante pelo menos 30% da missão, um raio de ação de 280 Km e permanecer na área do alvo durante 8 a 10 minutos;
Boa manobrabilidade e alta taxa de rolamento ventral;
Dispor de proteção blindada contra fragmentos de explosões e fogo de armas ligeiras, para o piloto e tanques de combustível;
Armado com quatro metralhadoras ou dois canhões, assim configurados: 4x12.7mm ou 2x20mm ou 2x30mm, com provisão para 300, 200 e 120 tiros respetivamente;
Capaz de transportar armamento externo em pelo menos uma estação debaixo de cada asa, com capacidade de até 230Kg;
Peso vazio de 2000Kg e máximo à descolagem de 4700Kg ou superior;
Equipado internamente com pelo menos: rádio na banda UHF, identificador IFF e sistema de navegação tático TACAN.
O avião deveria ser pequeno, simples e de baixo custo, para poder ser construído em grande número, e ser motorizado pelo pequeno turbojato britânico Bristol Siddeley Orpheus.
Breguet 1100 Taon |
Apesar de estar à frente dos seus concorrente o programa de desenvolvimento sofreu em revés em fevereiro de 1957 quando, durante um voo, uma vibração excessiva da fuselagem provocou um acidente com a perda total da aeronave, embora o piloto tenha conseguido ejetar-se em segurança.
Alguns meses depois , em julho o segundo protótipo modificado com um estabilizador vertical de menores dimensões, a canópia mais elevada, uma barbatana ventral e um trem de aterragem revisto voou pela primeira vez. Era alimentado por um motor Orpheus 803 com 21,6 kN de empuxo e ao contrario do primeiro dispunha já de armamento, composto por quatro metralhadoras Browning, duas de cada lado da tomada de ar do motor por baixo do nariz.
Fiat G.91 (Primeiro protótipo) |
Em janeiro de 1958 o Fiat G.91 foi declarado o vencedor do concurso, tendo também sido manifestada a intenção de adquirir o Breguet Taon-1100, que nunca viria a acontecer. Na realidade nenhum dos concorrentes franceses entraria em produção embora o Mystere XXVI desse, indiretamente, origem, ao caça naval Dassault Etendard IV e o Breguet Taon, ainda de forma indireta contribuísse para o desenvolvimento do caça de ataque anglo-francês SEPECAT Jaguar. Aliás, também na fase inicial do concurso a Northrop havia apresentado um projeto, o N-156, a concurso, que não passaria à fase final mas que posteriormente daria origem ao famoso caça ligeiro Northrop F-5 Tiger.
O Fiat G.91 era muito mais pesado que o especificado, mas as restantes performances respondiam às exigências, tendo durante a competição demonstrado ser superior aos restantes concorrentes. No entanto para os franceses a vitória da aeronave italiana foi particularmente irritante, os italianos iriam fabricar o avião e os britânicos o motor, a França ficaria de fora. Consequentemente iria retirar todas as suas intenções de compra da nova aeronave e prosseguir autonomamente o desenvolvimento das suas próprias aeronaves.
North American F-86K construido pela Fiat |
A Fiat, esperando um elevado número de encomendas, assegurara uma elevada capacidade de produção mesmo antes de ter assegurado a vitória no concurso, numa decisão extremamente arriscada devido aos pesados investimentos que realizou nas linhas de produção.
A rápida resposta as encomendas iniciais estava por isso garantida. A Itália colocou uma encomenda para 50 exemplares e a Luftwaffe alemã encomendou 294 aparelhos na versão G.91R/3, armados com canhões de 30mm e não de 20mm. A França e a Áustria colocaram também encomendas, a Grécia e Turquia mostraram interesse em adquirir a aeronave com as intenções de compra a ultrapassarem na fase inicial as 500 unidades
A frustração das expectativas iniciais começou quase logo a seguir à vitória no concurso quando os franceses retiraram a encomenda, a que se lhes seguiram os austríacos, com problemas com a Itália. A Grécia e a Turquia nunca formalizariam as encomendas por pressão da indústria Americana. Apenas a Itália e a Alemanha mantiveram as encomendas.
Fiat G.91R/3, armado com lança foguetes Matra 116M, e bombas de 250lb de queda livre |
Quatro aeronaves de pré-produção foram modificadas para a subvariante inicial G.91R/1 para avaliação tornando-se a base para as primeiras 22 unidades verdadeiramente operacionais entregues à Aeronautica Militare, onde foram substituir os Canadair F-86 Sabre e Republic F-84 Thunderjet.
Descrevendo o Fiat G.91
O G.91R/1 que constituiu a base da família G.91R fora criado por uma equipa da Fiat liderada por Giuseppe Gabrielli, que claramente se inspirara nos North American F-86K Sabre, construídos sob licença, em Itália pela Fiat, embora de dimensões mais reduzidas e um peso vazio correspondente a 65% do do Sabre. Fora projetada obedecendo a critérios de baixo peso, baixo custo, simplicidade e agilidade, para missões de ataque tático. Por isso uma função-chave da aeronave era a sua capacidade de operar a partir de pistas curtas semi-preparadas, aliada a uma estrutura robusta que lhe permitia operar intensivamente sem grandes exigências de manutenção, e resistir a danos a que estaria sujeita em operações de apoio próximo de baixo nível.
Fiar G.91R/3 com quatro bombas de 250 lb |
A secção da frente era, depois de concluída, era rebitada à secção central da fuselagem, que por baixo e para trás do cockpit continha a baía de armas e sete tanques de combustível protegidos por blindagem metálica. A baía de armas, facilmente acessível do exterior através de painéis amovíveis, podia acomodar até quatro metralhadoras M2 Browning de 12,7 milímetros com 300 munições por arma ou alternativamente dois canhões DEFA de 30 milímetros com 120 munições cada.
Dois Fiat G.91R/3 da FA Portuguesa |
As asas enflechadas num angulo de 37 graus tinham uma estrutura metálica suportada por duas longarinas e um revestimento composto por painéis que podiam ser facilmente desmontados para transporte ou substituição. A carga bélica era transportada em quatro suportes externos sob as asas (inicialmente apenas dois) que suportavam também tanques de combustível externos, suportando até 680 quilos de munições entre bombas de queda, casulos de foguetes ou misseis.
Como o G.91 se destinava a operar a partir de pistas improvisadas a Fiat desenvolveu conjuntos de equipamentos de suporte de terra facilmente transportáveis, que permitiam reabastecer, inspecionar, manter e reparar a aeronave.
Versões produzidas para a Aeronautica Militare Italiana
Ao primeiro lote de 23 G.91R/1 (apelidado por “Gina” ou menos frequentemente por “Romeu”) fornecido à Aeronautica Militare Italiana em agosto de 1958 seguiu-se um segundo lote de 25 aeronaves G.91R/1A com os aviónicos padrão do R/3 (versão construída para a Republica Federal Alemã) e outro lote de 50 G.91R/1B com reforço estrutural, melhores travões aerodinâmicos e trem de aterragem com pneus sem câmara de ar. No final de 1965 a Aeronautica Militare Italiana dispunha de dois esquadrões de Fiat G.91R destinados ao apoio aéreo tático, e reconhecimento e um terceiro ao ataque marítimo.
Ao primeiro lote de 23 G.91R/1 (apelidado por “Gina” ou menos frequentemente por “Romeu”) fornecido à Aeronautica Militare Italiana em agosto de 1958 seguiu-se um segundo lote de 25 aeronaves G.91R/1A com os aviónicos padrão do R/3 (versão construída para a Republica Federal Alemã) e outro lote de 50 G.91R/1B com reforço estrutural, melhores travões aerodinâmicos e trem de aterragem com pneus sem câmara de ar. No final de 1965 a Aeronautica Militare Italiana dispunha de dois esquadrões de Fiat G.91R destinados ao apoio aéreo tático, e reconhecimento e um terceiro ao ataque marítimo.
Fiat G.91/T3 da FA Portuguesa |
No inicio da década de 1960 o governo italiano financiou o desenvolvimento de uma versão musculada do Fiat G.91R. Desenvolvido a partir da versão de G.91T a nova aeronave substituiu o motor Bristol Orpheus por dois General Electric J85-GE-13A de 18.15 kN de potência cada, e com pós combustor, aumentando em 60% o empuxo total, reduziu o peso pela introdução de melhorias estruturais também necessárias para a instalação dos dois motores, aumentou o raio de combate pela incorporação de tanques de combustível adicionais em substituição do cockpit do segundo tripulante e melhorou a manobrabilidade em combate pela introdução de slats automáticos no bordo de ataque das asas. A aviónica foi consideravelmente melhorada pela introdução de sistemas Norte Americanos, Canadianos e Britânicos construídos em Itália sob licença, nomeadamente com um novo sistema de navegação e ataque, e um HUD (Head-Up Display) conectado ao computador de voo para fornecer dados de navegação mais precisos. O piloto sentava-se num assento de ejeção Martin-Baker "zero-zero" (zero de altitude velocidade zero). Foi armado dois canhões DEFA gémeos de 30 milímetros (à semelhança dos G.91R/3 alemães) e quatro suportes sob a asas para transporte de carga bélica até um máximo de 1814 quilos.
Fiat G.91Y da Aeronautica Militare Italiana |
Até 1976 foram entregues à Aeronautica Militare Italiana, 67 G.91Y (incluindo os dois protótipos iniciais) onde equipariam dois esquadrões para missões de ataque e reconhecimento até ao inicio da década de 1990, altura em que foram substituídos pelos AMX.
A Aeronautica Militare nunca terá ficada completamente satisfeita com o G.91Y, como comprovará o facto do G.91R ter sido mantido ao serviço paralelamente (também por questões de orçamento). Embora fosse uma aeronave muito mais moderna e potente, algumas fontes afirmam que o desempenho operacional do G.91Y era apenas marginalmente melhor que o do seu antecessor G.91R, para além de a manutenção dos seus motores sem considerada uma dor de cabeça para o pessoal de terra. O G.91Y foi programado para ser retirado de serviço em meados da década de 1980, substituído pelo AMX, no entanto os atrasos no programa arrastou essa substituição até 1994.
Várias tentativas de exportação do G.91Y, nomeadamente para a Suíça não tiveram sucesso, tendo este país optado por adquirir o Norte Americano Northrop F-5F.
Versões produzidas para a Luftwaffe da Republica Federal Alemã, Grécia e Turquia
Fiat G.91R/3 da Luftwaffe |
A Luftwaffe também adquiriu também 66 aeronaves de instrução G.91T/3, 22 deles construído em Itália e os restantes na Alemanha. Os G.91T/3 eram virtualmente idênticos aos G.91T/1 italianos mesmo no que se refere ao armamento.
Um total de 460 aeronaves Fiat G.91R3 / R4 e T/3, das quais 294 foram de construção doméstica e as restantes de fabrico Italiano, foram operadas pela Luftwaffe Alemã tendo as ultimas unidades sido retiradas de operação em 1982 concluída a sua substituição pelos Dassault/Dornier Alpha Jet.
Fiat G.91R/3 da FAP na sua ultima missão operacional em junho de 1993 |
Seria projetada também uma versão G.91R/5, com asas maiores para acomodarem tanques de combustível, para a Noruega, mas o projeto não passaria disso mesmo.
EM PORTUGAL
Fiat G.91R/4 na BA5, Monte Real |
Os G.91R/4 iniciaram a operação em Portugal, na Base Aérea 5 (BA 5), Monte Real, em Janeiro de 1966, sendo aí operado até 1973 na instrução de pilotos que o iam para o ultramar.
Em Março de 1966, foram embarcados os oito Fiat G.91R/4 que iriam constituir a Esquadra 21 "Tigres" na Base Aérea n.º 12 em Bissalanca (Guiné Portuguesa), a qual se tornou operacional em finais de Junho do mesmo ano regressando a Portugal apenas em 1974, após mais de 14000 horas de voo em missões de combate, com um saldo de um piloto perdido e sete aeronaves abatidas, três por misseis SAM-7 "Grail", uma por fogo de 12.7 milímetros de terra, duas por falha mecânica e uma devido à explosão prematura de uma bomba.
Fiat G.91R/4, da FAP em Bissalanca (Guiné), 1973 |
De regresso a Portugal no final de 1974 alguns Fiat G.91R/4 oriundos das Esquadras 502 e 702 que operaram em Moçambique, foram desviados para Base Aéra N.º 9 (BA9) em Luanda, onde substituíram os F-84G Thunderjet na Esquadra 93 "Magníficos", até janeiro de 1975 altura em que regressaram a Portugal.
Algumas fontes afirmam duas a quatro destas aeronaves terão sido capturadas ou abandonadas na sequência do processo de independência e teriam sido o embrião da Força Aérea Angolana. Oficialmente as autoridades Portuguesas afirmam que todos os G.91 regressaram a Portugal.
Fiat G.91R/3 na BA6 com pintura do Tiger Meet |
Com o incremento de aeronaves disponíveis foram criadas duas esquadras:
-Esquadra 301 "Jaguares", sediada na Base Aérea n.º6 (BA6) constituída por G.91R/3 e G.91T/3.
-Esquadra 303 "Tigres", alojada na Base Aérea n.º 4 (BA4) nos Açores, constituída por G.91R/4 e G.91T/3.
Fiat G.91R/3 da FAP com pintura comemorativa das 75000 horas de voo |
Finalmente a 15 de Junho de 1993 realiza-se o último voo oficial, após mais de 75 000 horas de voo ao longo de 27 anos.
Gostei.Vi os primeiros fornecidos pela Alemanha circularem na Avenida da Liberdade em 1960 ou 61...salvo erro.
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