Há 61 anos tinha inicio a Operação Sacandica, em Angola, utilizando os Páraquedistas o salto em paraquedas para a colocação em operações, no Norte desta Província, junto à fronteira do ex-Congo Belga.
Na altura, esta povoação era o último reduto importante sob controle do inimigo.
Os Páraquedistas ultimam os preparativos, estuda-se a zona, prepara-se o equipamento, armas nos respetivos sacos, prontas para o primeiro embate com o IN.
Quase todos são principiantes em saltos em combate (anteriormente tinha havido em Quipedro e Serra da Canda), a descontração reina, mesmo sabendo que não haverá qualquer bombardeamento prévio. O responsável pelo lançamento é o T.Cor. Alcínio Ribeiro, ser largado pelo Comandante é uma honra que poucos Páraquedistas sentiram. Os comandantes de secção não se cansam de lembrar as regras de segurança, logo após a aterragem: arma em posição de fogo e varrer tudo o que pareça inimigo, sem descurar a posição dos companheiros.
Uma viagem de 350 quilómetros, na reta final é bem visível o vale que se abre em direção a Norte, no sentido do azimute para o objetivo. De súbito sente-se a redução das rotações dos motores e uma ligeira oscilação da carcaça barulhenta indica a correção da rota. Aos poucos nota-se o terreno com nitidez, vislumbram-se inúmeras palhotas e lavras com verduras.
Sacandica está à vista, o largador coça o bigode e afirma:
- Até parece o campo do Arripiado, vão fazer um salto com aterragem serena!
Os primeiros a saltar servem de sonda e orientação da predominância do vento. Uns a seguir aos outros e depois de mexerem as pernas e os braços, outros bebendo um golo do cantil preparam-se para a luz verde. No ar...apercebem-se que em lugar da planura do areal do Arripiado, vão encontrar um local com árvores por todo o lado, no entanto, apercebem-se da fuga do inimigo, que provávelmente não contava com este meio de infiltração.
Mais de metade dos Páraquedistas aterraram nas árvores, tendo algumas mais de vinte metros de altura. Depois da reorganização foi tempo de partirem para as missões. Uma delas foi cortar um tronco para servir de poste à Bandeira Nacional, em mais uma povoação reconquistada à UPA.
Nos dias seguintes é visível a boa disposição numa foto do próprio Comandante, junto dos seus homens, em Sacandica, tal como o segundo Comandante da Região Aérea de Angola.
O sucesso desta operação e outras idênticas recorrendo ao salto operacional, veio demonstrar a grande mobilidade das Tropas Páraquedistas em situações de iminente perigo, apoio a outras tropas sitiadas no terreno ou ocupação táctica de posições estratégicas. Neste caso concreto, com as vias terrestres obstruídas, a deslocação era perigosa e mais morosa.
*Bibliografia: adaptação livre do livro de Joaquim Coelho "O Despertar dos Combatentes".
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